José Casado
Veja
A bancada oposicionista no Congresso avisa: é oposição. É o que vêm anunciando, há um ano, parlamentares de partidos como Progressistas, Liberal e Republicanos.
O senador Ciro Nogueira, presidente do Progressistas, tem sido dos mais insistentes sobre a posição do PP em relação ao governo Lula. “Não somos independentes, somos de oposição”, repete quase diariamente.
FORA DA ORDEM – Alguma coisa está fora da ordem quando a oposição se sente na obrigação de reiterar em público que é oposição. Por um lado, pode ser sintoma da corrosão partidária, decorrente da fragmentação.
Por outro, é evidência do perene fascínio pelo poder, que Lula maneja para atrair votos no Congresso das bancadas ditas independentes do centro e da centro-direita e, também, da direita autoproclamada conservadora e de oposição.
A identidade oposicionista se dilui, por exemplo, quando na abertura da temporada de eleições municipais o governo entrega aos três maiores partidos oposicionistas o controle da diretoria da Caixa Econômica Federal.
TERÃO SETE VOTOS – Os beneficiários são o Progressistas, do senador Ciro Nogueira e do deputado Arthur Lira; o Partido Liberal, de Valdemar Costa Neto e que abriga Jair Bolsonaro; e, o Republicanos, chefiado pelo deputado Marcos Pereira e vinculado à Igreja Universal. Juntos, terão sete votos na mesa de doze diretores.
Lula deu-lhes cargos de influência num banco público que é dono de patrimônio inestimável e dos mais cobiçados na política: o cadastro de 150 milhões de clientes em todos os municípios, aos quais presta serviços derivados dos programas sociais federais (como FGTS, PIS, Bolsa Família e auxílio emergencial).
Em caso de dúvida sobre o potencial da Caixa, deveriam recorrer para esclarecimentos aos ex-deputados Eduardo Cunha, que presidiu a Câmara, e Geddel Vieira Lima, que teve assento na diretoria.
PATINANDO… – Sem rumo, a oposição patina. Nesta quarta-feira (24/1), o líder do bloco oposicionista no Senado, Rogério Marinho, eleito pelo Partido Liberal do Rio Grande do Norte, atravessou a Praça dos Três Poderes e foi à sede do Supremo pedir que o juiz Alexandre de Moraes renuncie aos inquéritos que preside sobre a insurreição de 8 de janeiro.
Marinho, que foi ministro do governo Jair Bolsonaro, não estava só. Estava acompanhado dos senadores Hamilton Mourão (Republicanos-RS), ex-vice presidente da República, Izalci Lucas (PSDB-DF) e Marcio Bittar (União Brasil-AC), integrantes da ala bolsonarista.
Apresentaram-se como bancada de oposição ao juiz Moraes, a quem julgam “suspeito” nas ações contra Bolsonaro e aliados.
SILÊNCIO PROTOCOLAR – Sugeriram sua renúncia à condução desses processos, durante audiência com o presidente do STF, Luis Roberto Barroso, que se manteve em silêncio protocolar.
A manobra da ala bolsonarista da oposição foi inócua, porque o juiz Moraes não deve renunciar e nem pode ser “renunciado” nos casos que comanda.
Foi, também, exdrúxula. Tanto quanto seria uma comitiva de juízes do STF ir ao Senado pedir a renúncia de parlamentares bolsonaristas, por causa do “tom político” que usam contra o Supremo.
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