MEDIÇÃO DE TERRA

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MEDIÇÃO DE TERRAS

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Unesp propõe nova classificação de técnicas de aplicação de agrotóxicos


Escala é baseada na quantidade de material químico que dispersa no meio.
Ela seria impressa nos rótulos e poderia ajudar a evitar impactos ambientais.

Amanda Rossi Do Globo Natureza, em São Paulo
Pesquisadores da Faculdade de Ciências Agronômicas, da Universidade Estadual Paulista (Unesp), desenvolveram um novo sistema de classificação de técnicas de aplicação de agrotóxicos que pode ajudar a evitar impactos ambientais.
A escala leva em conta a chamada "deriva de produto", ou seja, a quantidade de material químico que não atinge o alvo desejado e pode se dispersar no meio ambiente, contaminando águas, solos, ar e matas.
Quanto mais próxima uma plantação estiver de ambientes frágeis, como fontes de água e áreas de preservação ambiental, melhores devem ser as técnicas de aplicação de agrotóxico, para evitar a deriva e a contaminação. No entanto, ainda não existe no Brasil um sistema de avaliação das técnicas, que oriente o produtor.
A proposta da pesquisa é criar um ranking de risco para cada tipo de agrotóxico, que leve em conta diferentes métodos usados para aplicar o produto. Uma classificação de três estrelas seria dada para o tipo de aplicação que produz menos deriva e, portanto, menos impacto ambiental. As técnicas mais danosas não receberiam nenhuma estrela.
Túnel de vento foi usado para medir a deriva em diferentes técnicas de aplicação de agrotóxico (Foto: Divulgação/ Unesp)Túnel de vento foi usado para medir a deriva em diferentes técnicas de aplicação de agrotóxico (Foto: Divulgação/ Unesp)
Esta escala seria impressa no rótulo dos agrotóxicos, ajudando o produtor a escolher o tipo de técnica de acordo com a sua necessidade.
"Um grande problema dos agrotóxicos é que as recomendações nos rótulos com relação a forma de aplicar são muito vagas", diz o professor Ulisses Antuniassi, coordenador da pesquisa e co-autor do estudo.
Pesquisa
Segundo ele, os países europeus fazem um controle detalhado da deriva de agrotóxicos. Já no Brasil, esta averiguação não existe.
"Existem técnicas que permitem reduzir 90% de deriva, mas o resultado do tratamento pode não ficar tão bom. Já outras técnicas são mais efetivas no combate da praga, mas o risco de causar dano ao ambiente no entorno da cultura é maior. Com um ranking de risco, o produtor pode dimencionar a técnica que precisa ser usada, dependendo do que existe perto da lavoura", explica Antuniassi.
Para Fernando Kassis, mestrando da Unesp e co-autor do estudo, técnicas menos prejudiciais ao meio ambiente têm potencial de atrair os produtores, porque elas também podem representar uma economia.
"A redução da deriva tem como consequência a redução da perda do produto, ou seja, perda de dinheiro. Então, o produtor com certeza se interessaria. Por exemplo, se ele perde 30% de produto na aplicação, ele poderia economizar 30%", opina.
Para realizar a classificação, os pesquisadores da Unesp fizeram testes em um túnel de vento, simulando condições verificadas no Brasil.
A pesquisa durou mais de um ano e envolveu 7 pesquisadores. Em setembro de 2011, ela foi premiada no Simpósio Internacional de Tecnologia de Aplicação de Agrotóxicos (Sintag), em Cuiabá.
De acordo com Antuniassi, alguns fabricantes de agrotóxicos já se interessaram pelo estudo e estão avaliando a inclusão voluntária da classificação nos rótulos de seus produtos. Para que o ranking de risco se torne obrigatório, seria preciso haver regulamentação federal.

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