No mundo, doenças inflamatórias intestinais podem atingir 5 milhões de pessoas, de acordo com estimativas da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP).
Foto: Divulgação
Quem nunca experimentou aquela sensação de frio na barriga quando está em uma situação de tensão? Alimentação compulsiva e até diarreia também podem ser sinais do quanto o cérebro e intestino estão conectados. A RetoColite Ulcerativa (RCU) e Doença de Crohn (DC) são patologias ligadas a um padrão alimentar mais industrializado, estresse crônico e outras situações que podem funcionar como gatilhos diante de uma predisposição genética para Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs).
“São doenças autoimunes, ou seja, onde há uma desregulação do sistema imunológico com uma resposta exagerada contra partes do próprio corpo, neste caso, os intestinos. Esta resposta é deflagrada por uma série de fatores presentes na chamada ‘dieta ocidental’ que tem excesso de produtos industrializados, sal, açúcar, gorduras e proteínas animais. Por isso, nos países industrializados, a incidência vem aumentando significativamente”, sinaliza o neurologista Italo Almeida, especialista em Medicina Integrativa.
No mundo, doenças inflamatórias intestinais podem atingir 5 milhões de pessoas, de acordo com estimativas da Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP). No Brasil, a incidência das DIIs tem aumentado em torno de 15% ao ano. Dores abdominais, principalmente cólicas, diarreia crônica, fadiga, falta de apetite e perda de peso são alguns dos sintomas de alerta da campanha Maio Roxo.
Um dos objetivos da iniciativa, realizada pela Sociedade Brasileira de Coloproctologia (SBCP), é contribuir para o diagnóstico mais precoce dessas enfermidades através da difusão de conhecimento entre os profissionais de saúde e da orientação e do esclarecimento do público leigo. “O primeiro passo deve ser identificar estes fatores desencadeantes e eliminá-los. Mudanças nutricionais podem trazer melhoras em até 70% dos casos. Pode haver remissão clínica em 93% do tempo em pacientes praticando o semivegetarianismo e em apenas 33% do tempo em onívoros. Vegetarianos tem um risco menor de desenvolver DII”, destaca o diretor técnico da Neuro Integrada.
Tabagismo e uso frequente de bebidas alcoólicas também aumentam o risco para doenças inflamatórias intestinais. “Nos locais onde o consumo de fibras vegetais e ômega 3 é alto, a incidência é muito mais baixa”, acrescenta. O especialista explica que nossa barreira intestinal é formada por células bem juntas (tight junctions) para não deixar penetrar substâncias estranhas ou mal digeridas. Porém, muitos fatores podem provocar a quebra dessa barreira, entre eles, uso excessivo de antibióticos, corticoides, anticoncepcionais, leite animal e glúten, aumentando a permeabilidade e permitindo a entrada de substâncias que não deveriam ter permissão para entrar no organismo. “O sistema imunológico, então, ataca essas substâncias estranhas (antígenos) e também, células do corpo que tenham estrutura semelhante. Por isso, chamamos autoimune, porque o corpo reconhece como inimigas células do próprio corpo e as ataca”, explica Almeida.
Baixos níveis de vitamina D também aumentam os riscos de doenças inflamatórias intestinais. “A vitamina D é um modulador da resposta imunológica e, portanto, seu déficit está ligado a todas as doenças autoimunes. Um nível de vitamina D acima de 40ng/ml reduz o risco da doença e de internamento nos portadores. O uso da cúrcuma também pode trazer uma melhora por reduzir a inflamação”, recomenda o especialista que pauta sua atuação médica na naturopatia, poder de cura dos alimentos.
Nutrição previne e cura
Acompanhamento nutricional é crucial na
prevenção e tratamento de doenças inflamatórias intestinais porque é
comum que o paciente desenvolva uma desnutrição por falta de absorção de
nutrientes. “A RetoColite Ulcerativa (RCU) e Doença de Crohn (DC) podem
provocar um déficit de absorção significativa de várias vitaminas e
minerais que necessitam ser repostas como a vitamina A, B12, o zinco,
magnésio”, alerta o médico Italo Almeida.
Outro diagnóstico importante é o da Síndrome do Intestino Irritável (SII), que deve ser tratado, mesmo sendo um diagnóstico menos grave, pois não costuma apresentar sangramentos e nem redução da absorção de vitaminas e minerais. É um diagnóstico muito relacionado ao nível de estresse mas, assim como as DIIs, provoca alterações significativas na microbiota intestinal, contribuindo para o predomínio de bactérias ruins que aumentam a inflamação”, destaca o especialista.
Mudar hábitos e iniciar o tratamento o quanto antes faz toda a
diferença para evitar complicações a longo prazo. Lesões progressivas no
trato intestinal podem provocar obstrução, perfuração e até
sangramentos. “Uma forma integrada de tratar, associada à alopatia
convencional, pode trazer muitos benefícios, reduzindo o número de
internamentos e o uso de medicações e, melhorando a qualidade de vida
dos pacientes”, assegura o médico Italo Almeida, que contabiliza 37 anos
de formado – 18 deles dedicados à Medicina Natural.
Nenhum comentário:
Postar um comentário