"A pior perseguição de cristãos da história ocorreu" em 2021: 16 cristãos assassinados em média devido à sua fé, todo santo dia. Essa perseguição, que já era hedionda, saltou quase 70% nos últimos cinco anos, sem sinais de arrefecimento. Raymond Ibrahim para o Gatestone Institute:
"A pior perseguição de cristãos da história ocorreu" em 2021, 16 cristãos assassinados, em média, devido à sua fé, todo santo dia.
Os dados apresentados são da World Watch List-2022 (WWL-2022),
recentemente publicado pela organização humanitária internacional Open
Doors. O relatório divulgado todos os anos ordena os primeiros 50 países
onde os cristãos sofrem as maiores perseguições por conta da sua fé. A
WWL usa informações coletadas por equipes de campo e especialistas
externos para quantificar e analisar a perseguição nos quatro cantos do
planeta.
Segundo o WWL-2022 que vai de 1º de outubro de 2020 a 30 de setembro de 2021:
"mais de 360 milhões de cristãos sofrem altos níveis de perseguição e discriminação por conta da sua fé, um salto de 20 milhões de pessoas se comparado ao ano passado. O contingente representa um em cada sete cristãos do mundo inteiro. Aquele período registra os níveis mais altos de perseguição desde que a primeira lista foi publicada 29 anos atrás..."
Naquele mesmo período do relatório, 5.898 cristãos foram assassinados "devido à sua fé",
representando uma escalada de 24% em relação a 2021 (quando "apenas"
4.761 cristãos foram assassinados). Além disso, "6.175 fiéis foram
detidos sem julgamento, presos, sentenciados ou encarcerados" e 3.829
foram sequestrados.
Talvez
ainda mais indicativo do ódio ao cristianismo, 5.110 igrejas e outros
edifícios cristãos (escolas, mosteiros, etc...), foram atacados e
profanados.
Transformando
os números acima em médias diárias, as estatísticas acima mostram que
todos os dias em todo o mundo, mais de 16 cristãos foram assassinados
por conta da sua fé, 27 foram detidos ilegalmente e presos por
autoridades não cristãs ou sequestrados por agentes não cristãos e 14
igrejas foram destruídas ou profanadas.
Pela
primeira vez desde o início da publicação desses relatórios da WWL, o
Afeganistão, que por anos a fio tem sido, via de regra, classificado
como a segunda pior nação (atrás da Coreia do Norte), subiu para o 1º
lugar,significando que "o Afeganistão é agora o lugar mais perigoso do mundo para se ser cristão." E não para por aí:
*Cristãos do sexo masculino estão diante da morte quase certa se sua fé for descoberta.
*Mulheres e meninas podem escapar da morte, mas poderão ter que se casar com jovens combatentes do Talibã que querem os "espólios de guerra". Depois que mulheres e meninas são estupradas, elas são traficadas.
*O novo regime talibã teve acesso a gravações e relatórios que ajudaram a identificar cristãos. Eles foram detidos com assiduidade, com o propósito de identificar redes de cristãos, antes de serem assassinados.
*Combatentes do Talibã ainda estão diligentemente rastreando cristãos a partir de dados da inteligência, às vezes indo de porta em porta para encontrá-los.
Dez
nações, atrás do Afeganistão, receberam a mesma classificação de
"perseguição extrema". Isso significa que esses lugares são apenas
ligeiramente mais seguros para os cristãos. São eles: Coreia do Norte
(2º), Somália (3º), Líbia (4º), Iêmen (5º), Eritreia (6º), Nigéria (7º),
Paquistão (8º), Irã (9º), Índia (10º) e Arábia Saudita (11º). Nesses
países, os cristãos enfrentam perseguições
que vão desde assédio, espancamento, estupro, encarceramento ou
assassinato apenas por ser identificado como cristão ou frequentar a
igreja.
Vale lembrar que a "perseguição extrema"
imposta aos cristãos em nove das 11 piores nações vem da opressão
islâmica ou ocorre em nações de maioria muçulmana. Isso significa que
82% da mais ferrenha perseguição ocorre em nome do Islã.
Essa
tendência afeta toda a lista: a perseguição pela qual os cristãos estão
passando em 39 das 50 nações da lista também é fruto da "opressão
islâmica" ou então ocorre em nações de maioria muçulmana. A esmagadora
maioria dessas nações é governada por alguma vertente da Sharia (lei
islâmica). Ela é posta em prática diretamente pelo governo ou pela
sociedade ou, via de regra, por ambos, embora membros da família
indignados em particular em relação a parentes que se converteram,
tendam a ser mais zelosos quanto à sua aplicação.
Em uma seção
intitulada "Encorajado: A 'Talibanização da África Ocidental e mais
além", o relatório sugere que a tendência está indo de mal a pior:
"a queda de Cabul botou mais lenha na fogueira na nova atmosfera de invulnerabilidade em outros grupos jihadistas mundo afora. Os grupos acreditam que não enfrentarão séria oposição do Ocidente quanto a seus propósitos expansionistas e com isso exploram nações com governos fracos ou corruptos... A África Subsaariana, lugar onde a violência contra os cristãos já é a mais alta, se viu diante de novas escaladas na violência jihadista, havendo temores de que uma parcela significativa da região enfrente desestabilizações..."
Em outra seção, o relatório analisa detalhadamente:
"Na Nigéria e em Camarões, o Boko Haram continua espalhando o caos, o grupo Estado Islâmico está ativo na África Ocidental e em Moçambique e o Al Shabab controla grandes porções da Somália. Parece que não há nada que se possa fazer para impedir o avanço do extremismo islâmico."Sabemos como os crentes veem a ideologia islâmica radical porque vimos como funciona no Iraque e na Síria. Quando o ISIS assumiu o controle de parcelas do Oriente Médio, os cristãos foram executados, sequestrados, atacados sexualmente e caçados. Onde quer que grupos como o Boko Haram e al Shabab estejam ativos, os perigos do gênero são inevitáveis. Quando o Talibã tomou o controle do Afeganistão, eles tentaram fazer de conta que eram moderados, mas não há nenhuma sinalização de que desta vez não será uma sentença de morte para o cristianismo."
Embora
o Islã continue sendo responsável pela maior fatia em termos de
perseguição, o nacionalismo religioso em nações não muçulmanas também a
impulsiona hierarquicamente. Mianmar ocupa a 12º posição,
"os convertidos ao cristianismo... são perseguidos pelas suas famílias e comunidades budistas, muçulmanas ou tribais porque deixaram sua antiga fé e, assim, se retiraram da vida comunitária. Comunidades cuja meta é continuar sendo 'somente budista' fazem da vida do convertido um inferno por não permitirem que ele utilize os recursos hídricos do bairro."
O recrudescimento do nacionalismo hindu lançou a Índia para a 10ª posição, entre as nações "perseguidoras extremas":
"a perseguição aos cristãos na Índia se intensificou à medida que os extremistas hindus objetivam limpar o país de sua presença e influência. Os extremistas não consideram os cristãos indianos e outras minorias religiosas como verdadeiros indianos e acham que o país deveria ser purificado dos não hindus. Isto levou a uma segmentação sistêmica, muitas vezes violenta, de cristãos e demais minorias religiosas, incluindo o uso de redes sociais para disseminar desinformação e incitar o ódio. A pandemia da COVID-19 proporcionou uma nova arma aos perseguidores. Em algumas regiões, os cristãos foram deliberadamente deixados de lado na distribuição de ajuda do governo e foram até acusados de espalhar o vírus".
Inúmeras
nações além desta, de um jeito ou de outro, exploraram a COVID-19 para
discriminar ou perseguir cristãos. Por exemplo, "a COVID-19 deu às
autoridades chinesas (17º posição) um motivo para fechar muitas igrejas e
mantê-las fechadas".
Na
mesma linha, no Catar, "a violência contra os cristãos aumentou
acentuadamente porque muitas igrejas foram forçadas a permanecer
fechadas devido às restrições da COVID-19. Além disso,
"no Catar, sede da Copa do Mundo deste ano, os convertidos do Islã
enfrentam em especial violência física, psicológica e (no caso das
mulheres) sexual", — saltou 11 posições (agora 18º, de 29º no ano
passado).
Em
Bangladesh (29º), as autoridades locais informaram os muçulmanos
convertidos ao cristianismo que, a exemplo de seus homólogos muçulmanos,
buscavam ajuda governamental, "a retornarem ao Islã ou não receber
nada". Conforme um bengali explicou: "vemos muitos aldeões e vizinhos
receber ajuda do governo, mas nós, cristãos, não recebemos nenhuma
ajuda".
Na
República Centro Africana, que foi "duramente castigada pela pandemia
da COVID-19... aos cristãos foram negados a ajuda do governo e
instruídos a se converterem ao islamismo se quisessem comer".
Outra tendência que salta aos olhos diz respeito à escalada de pessoas desalojadas interna ou externamente, 84 milhões:
"um contingente significativo destas é de cristãos que fogem da
perseguição religiosa." A estes cristãos que acabam como refugiados em
nações muçulmanas vizinhas "poderá ser negada ajuda humanitária e demais
assistências básicas decretadas pelas autoridades".
"cristãs que fogem de suas casas em busca de segurança relatam que os ataques sexuais são o principal motivo de perseguição e que há inúmeros relatos de mulheres e crianças submetidas a estupro, escravidão sexual e muito mais, tanto em acampamentos quanto em viagens em busca de segurança. A miséria e a insegurança agrava ainda mais a vulnerabilidade, envolvendo algumas na prostituição para poderem sobreviver. À medida que o jihadismo se espalha e desestabiliza nações, cresce a probabilidade deste êxodo cristão se multiplicar com mais intensidade."
Não
obstante o relatório estar limitado às 50 nações que mais perseguem, ao
que tudo indica, a perseguição generalizada está se expandindo em todo o
mundo. Senão vejamos: embora a Coreia do Norte esteja no momento na 2ª
posição, reflexo de como as coisas pioraram de fora a fora, o relatório
explica que "o escore relativo à perseguição na Coreia do Norte, na
realidade subiu (em comparação com o ano passado), não obstante a
classificação tenha caído."
Paralelamente, os crimes de ódio contra o cristianismo na Europa Ocidental também estão batendo recordes. De acordo com um relatório
de 16 de novembro de 2021 da Organização pela Segurança e Cooperação na
Europa, pelo menos um quarto, sem dúvida incontestavelmente muito mais,
de todos os crimes de ódio registrados na Europa em 2020 foram
cometidos contra cristãos, representando um salto de 70% em relação a
2019. O cristianismo é, além disso, a religião mais visada nos crimes de
ódio, sendo que o judaísmo está encostando na segunda posição. Há, a
bem da verdade, significativamente menos judeus em todo o mundo
(aproximadamente 15 milhões) do que cristãos (2,8 bilhões).
Muito
embora os órgãos de imprensa raramente identifiquem quem está por trás
desses crimes de ódio contra os cristãos, muitos ocorrem em meio a atos
de vandalismo em igrejas, é revelador que as nações europeias que mais
sofrem também são as de maiores populações muçulmanas da Europa, ou
seja, a Alemanha (onde os crimes de ódio contra cristãos mais do que dobraram desde 2019) e a França (onde, segundo consta, duas igrejas são atacadas todos os dias, algumas, a exemplo do que acontece no mundo muçulmano, com fezes humanas).
Espelhando
o quão ruim a perseguição chegou em outras partes do mundo, nenhuma
nação da Europa Ocidental entrou na lista das 50 piores.
Ao
fim e ao cabo, talvez a tendência mais desconcertante seja a que
indique que o número de cristãos perseguidos continue aumentando
anualmente. Conforme foi visto, de acordo com as estatísticas mais
recentes, 360 milhões de cristãos ao redor do mundo enfrentam "altos
níveis de perseguição e discriminação". Isto representa um aumento de 6%
em relação a 2021, quando 340 milhões de cristãos sofreram o mesmo nível de perseguição e este número representa um aumento de 31% em relação a 2020,
quando 260 milhões de cristãos experimentaram o mesmo nível de
perseguição e este por sua vez representa um aumento de 6% em relação a 2019,
quando 245 milhões sofreram o mesmo nível de perseguição e este número
representa um aumento de 14% em relação a 2018, quando 215 milhões
passaram pela mesma aflição.
Em suma, a perseguição aos cristãos, que já era hedionda, saltou quase 70% nos últimos cinco anos, sem sinais de arrefecimento.
Quanto
tempo irá passar até que essa tendência aparentemente irreversível
chegue às nações atualmente festejadas por sua liberdade religiosa?
Raymond Ibrahim, autor do livro Sword and Scimitar, Fourteen Centuries of War between Islam and the West,
é Ilustre Senior Fellow do Gatestone Institute, Shillman Fellow do
David Horowitz Freedom Center e Judith Rosen Friedman Fellow do Middle
East Foru
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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