No Brasil, também é preciso que os pais e educadores estejam atentos ao
fenômeno das adolescentes que subitamente passam a se identificar como
transgênero. Editorial da Gazeta do Povo:
A professora de Medicina Lisa Littman jamais votou no Partido
Republicano em toda a sua vida. Docente de Brown, mais progressista do
que as já muito progressistas universidades americanas, ela não faz
parte de uma coalizão conservadora ou tradicionalista. Ainda assim, a
professora foi escanteada por boa parte da comunidade acadêmica. O
motivo: em sua pesquisa, ela identificou um fenômeno batizado de
“disforia de gênero de desenvolvimento rápido”, no qual adolescentes
subitamente passam a se identificar como transgênero, mesmo sem qualquer
dos sinais prévios nesse sentido. Para a professora, muitos jovens que
se identificam como transgênero, na verdade, estão passando por um
processo diferente, com causas distintas.
A professora Lisa não está sozinha. Um livro recém-lançado –
Irreversible Damage, que pode ser traduzido como “Dano Irreversível” –
mostra como as adolescentes nos Estados Unidos e em outros países estão
suscetíveis a um fenômeno pouco estudado e que tem se espalhado como uma
epidemia, ao mesmo tempo em que cientistas sucumbem à pressão de grupos
militantes.
A autora do livro é a experiente jornalista Abigail Shrier, do Wall
Street Journal. Ela entrevistou cerca de 200 pessoas, incluindo
cientistas e familiares de adolescentes. A conclusão, sustentada por
números, é alarmante: adolescentes estão passando a se identificar como
transgêneros de forma repentina, muitas vezes com o apoio da escola e
sem o consentimento dos pais. É um fenômeno distinto do das crianças e
adolescentes que, por razões diversas, se identificam com o sexo oposto
de forma consistente – embora estes, em 80% dos casos, deixam de fazê-lo
conforme os anos passam.
A autora não analisa o fenômeno das pessoas transgênero como um todo,
e tampouco os casos de meninos que se identificam como meninas. O
recorte de Irreversible Damage é específico: as garotas adolescentes,
geralmente mais suscetíveis à pressão de grupo. São meninas que estão
sendo submetidas a tratamentos sem volta como bloqueadores de puberdade,
ingestão de hormônios masculinos e até cirurgias de “readequação”
corporal.
O fenômeno diagnosticado por Abigail Shrier funciona assim: a garota,
insegura com o próprio corpo e com problemas de aceitação, se depara na
internet com um vasto conteúdo sugerindo que esses são sinais de que
ela pode ser transgênero. Ao procurar por mais informações a respeito,
ela conhece influenciadores que apresentam apenas os aspectos positivos
da “transição”, e ouve que, se ela acredita que possa ser transgênero,
já o é. As amigas, criadas em um ambiente no qual ser transexual é tido
um exemplo de coragem, dão todo o incentivo. Quando procurados, os
médicos especialistas no assunto, por convicção ou receio e serem
punidos por praticarem a chamada “terapia de conversão”, se limitam a
reforçar a suspeita e colocar a garota no caminho da transição para o
gênero oposto. O que poderia ser apenas um momento de confusão
passageira ou uma tentativa de obter atenção dos colegas se torna uma
jornada com consequências físicas e psicológicas irreversíveis.
A evidência reunida por Abigail Shrier é impressionante. Em poucos
anos, o número de adolescentes que se identificam como transgêneros
cresceu 1.000% nos Estados Unidos e 4.000% na Inglaterra. Tão
preocupante quanto a epidemia descrita por ela é a tentativa de coibir
as vozes dissonantes no mundo científico. Assim como Lista Littman,
outros pesquisadores foram tolhidos depois de contestarem o paradigma
dominante. O próprio livro de Abigail teve problemas com a Amazon, que
não permitiu anúncios da obra em sua plataforma.
No Brasil, também é preciso que os pais e educadores estejam atentos
ao fenômeno das adolescentes que subitamente passam a se identificar
como transgênero. Nossas jovens estão sujeitas ao mesmo tipo de
influência das americanas: a pressão de grupo, a onipresença das redes
sociais e uma indústria do entretenimento cada vez mais abertamente
militante em favor da chamada “causa transgênero”. Para ficar apenas no
exemplo mais recente, a Netflix produziu e colocou no ar recentemente
uma série infanto-juvenil (“Clube das Babás”) que tem um garoto
“transgênero” de apenas 9 anos de idade como uma de suas personagens. A
Netflix, orgulhosa, ainda convidou uma militante LGBT para comentar o
episódio na página da companhia no Twitter e alertar não para os riscos
da transição de gênero precoce, mas para a necessidade de que a
sociedade não use os pronomes errados ao se referir a pessoas
transgênero.
Em Irreversible Damage, Abigail Shrier apresenta uma lista de
recomendações aos pais. A primeira é resistir à tentação de dar um
smartphone à filha. Na lista também estão itens como “Não apoie a
ideologia de gênero na educação da sua filha” e “não abra mão da sua
autoridade como pai e mãe”. Para além disso, é preciso que as escolas
ajam de forma responsável e informem a família sobre quaisquer sinais de
que a criança ou adolescente possa estar passando por um processo de
“disforia de gênero de desenvolvimento rápido”. E, tão importante
quanto, espera-se que a comunidade médica cumpra o seu papel e não se
dobre a militância de qualquer tipo. O que está em jogo é muito
precioso: a saúde física e emocional das nossas garotas.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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