| O marinheiro que perdeu as graças do mar dá continuidade às publicações pela editora Estação Liberdade do grande escritor japonês Yukio Mishima |
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| Título: O marinheiro que perdeu as graças do mar Autor: Yukio Mishima Tradução: Jefferson José Teixeira ISBN: 978-65-86068-25-2 Formato: 14 x 21 cm / 176 páginas Lançamento: 12/05/2022 Preço: R$54,00 |
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Gabriel
Boric, recém-eleito presidente do Chile, em sua primeira viagem
internacional, visitando a Argentina, virou notícia não só pelas
questões geopolíticas que debateu ao lado de Alberto Fernández, homólogo
do país vizinho, mas também por ter ido a uma livraria e comprado,
entre outros livros inusitados para uma pessoa em sua posição, um
romance de literatura japonesa: El marino que perdió la gracia del mar, de Yukio Mishima. A edição brasileira deste mesmo livro é publicada agora pela editora Estação Liberdade.
O
marinheiro que perdeu as graças do mar chama-se Ryuji Tsukazaki, a quem
parece estar predestinado algum tipo de glória. Ele faz parte da
tripulação do Rakuyo, navio cargueiro que o transporta ao porto de
Santos, aqui no Brasil, e às sombrias aspirações que o atormentam. Mas
não só ondulante é Ryuji: ele também aporta e é atraído pela terra
firme, onde se lhe oferece uma vida muito diferente da marítima.
Yukio
Mishima constrói uma engenhosa história com este personagem que trava
diversas relações e é apresentado através de cada uma das perspectivas
de seus interlocutores, fora a do narrador. Assim, o personagem e, por
extensão, sua jornada acabam por ser multifacetados e não se deixam
definir unilateralmente, dando aos leitores o que pensar e interpretar.
Assim, o personagem e, por extensão, sua jornada acabam por ser
multifacetados e não se deixam definir unilateralmente, dando aos
leitores o que pensar. |
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O
autor permeia ainda todo o romance com palavras como “fresta”,
“orifício”, “fissura”, “rachadura”, “vigia”, por onde se espiam os
acontecimentos do livro. Se por um lado as pequenas aberturas
proporcionam que luz entre na escuridão, que se veja a parte pelo todo,
de forma misteriosa e poética, por outro podem limitar os olhos a
desconsiderarem o que não veem. No centro desse conflito, está outro
personagem, o garoto Noboru, que vive espionando por um buraco na parede
e precisará decidir que caminho tomar em seu amadurecimento.
O marinheiro que perdeu as graças do mar
explora partidas e permanências, perdas e ganhos, individualidade e
abdicação desta, amor e ódio, violência e paz, explora o convite à vida
em dinâmica que é o verão e a inação, a negatividade, a penumbra do
inverno, estações que, aliás, intitulam as duas partes em que está
dividido este livro. 午後の曳航 ou Gogo No Eiko, conforme o título em japonês, foi publicado originalmente em 1963, enquadrando-se a meio caminho da carreira de Yukio Mishima.
Paralelamente, fica explícita a pulsão pela morte, recorrente em Mishima, inclusive com o desenlace que conhecemos. |
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Yukio Mishima, nascido Kimitake Hiraoka em Tóquio em 1925, estreou na literatura aos dezenove anos. Somente anos mais tarde, com Confissões de uma máscara (1949) e Cores proibidas
(1951), firma-se como o grande talento artístico de sua geração.
Mesclando influências ocidentais e orientais, explorando tabus
temáticos, como a homossexualidade e o culto ao corpo masculino, e
produzindo excessivamente, a arte é, para Mishima, indissociável de suas
ações.
Cada
vez mais crítico da ocidentalização do país no pós-guerra, ele leva seu
nacionalismo ao extremo em 1970. À frente de seu grupo paramilitar Tate
no kai, invade um quartel do exército japonês em Tóquio buscando
incitar um golpe de Estado que devolveria os poderes divinos ao
Imperador. Sem obter a acolhida esperada, termina seu discurso e comete seppuku, tradicional suicídio ritualístico samurai, deixando perplexos seus milhões de leitores no Japão e no mundo.
Pela Estação Liberdade, o autor teve publicados Kawabata-Mishima: Correspondência 1945-1970 (2019), que traz as cartas trocadas entre ele e seu conterrâneo e Prêmio Nobel Yasunari Kawabata; e o romance Vida à venda (2020). |
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| Nobuyuki Masaki - AP Photo - Glow Images |
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| “De
repente, o amplo som de uma sirene ressoou pela janela aberta e
preencheu o cômodo imerso na penumbra. Era o grito daquele mar que
reverberava: forte e sombrio, sem limites, de uma impositiva e
desamparada melancolia, escorregadio como o negrume das costas de uma
baleia, repleto da emoção das ondas, das lembranças de milhares de
navegações com todas as suas alegrias e humilhações. A sirene, carregada
do brilho e da loucura da noite, trazia do profundo alto-mar o desejo
pelo néctar sombrio daquele pequeno quarto.” [p. 21]
“Para
Ryuji, o beijo era a morte, a morte na paixão como sempre havia
imaginado. A inexprimível doçura dos lábios da mulher, a infinita
umidade da boca cujo vermelho podia perceber na escuridão mesmo de olhos
cerrados o mar tépido de corais, a língua que se agitava sem repouso
como uma alga marinha… No sombrio êxtase causado por tudo isso, havia
algo subjacente ligado à morte. Estava totalmente ciente de que no dia
seguinte se separariam e teve a sensação de que poderia morrer por ela. A
morte o fascinava.” [p. 80]
“Noboru
sabia que, ao mesmo tempo que era tratado com carinho, também era
temido. Essa doce intimidação o inebriava. Ao dirigir a eles a frieza de
seu coração, percebia-se um leve sorriso no canto de seus lábios. O
sorriso minúsculo visto no rosto de um aluno que foi à aula sem ter
feito o dever de casa, mas com o orgulho de alguém que se atira de um
penhasco.” [p. 142-143] |
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“Mishima
toca em medos masculinos primitivos e relaciona a perda de poder do
Japão durante a ocupação americana após a Segunda Guerra com a força
castradora do casamento e a impotência da juventude.” — The Japan Times
“O próprio autor parece buscar aqueles momentos de exaltação que satisfazem a imaginação.” — Le Monde “Parte Senhor das moscas, parte complexo de Édipo, este livro é um grito de angústia do pós-guerra.” — The Guardian
“[Gabriel] Boric comprou cinco livros: [...] e ‘El Marino que Perdió la Gracia del Mar’, do japonês Yukiu Mishima.” — Folha de S. Paulo |
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Contatos:
Angel Bojadsen – Diretor editorial / Douglas Bianchi – Gerente comercial /
Luis Campagnoli – Imprensa / Andreia Felisbino – Marketing
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