A peregrinação atinge comunidades do Brasil e da Bolívia.
O evento comemorou 118 anos de realização contínua.
Em Rondônia, a comemoração do Divino ocorre no Vale do Guaporé e atinge, especialmente, a população ribeirinha. São 40 dias de peregrinação e cinco dias de festejo. Cerca de 40 promesseiros fazem 37 paradas em diferentes comunidades às margens do Guaporé, no batelão (barco), para levar aos fiéis os símbolos sagrados, como a coroa de prata e a bandeira do Divino. Em 2012 o festejo ocorreu na comunidade de Piso Firme, na Bolívia.
Em 2010, o ex-presidente da Irmandade, como é denominado o grupo de organizadores e participantes do evento, Dionísio Faustino, entrou com o pedido de registro junto ao Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (Iphan), através da Superintendência de Rondônia, para que a festa seja reconhecida como patrimônio brasileiro. “Estamos lutando com o Iphan de Rondônia para que esta tradicional manifestação seja reconhecida pelo Brasil e, quem sabe, pela humanidade, já que ela atinge dois países”, disse Faustino.
A preocupação de Faustino é que a festa deixe de existir nas próximas gerações. "O registro vai fazer com que nossa linda festa não se perca com o passar do tempo", completou.
Todos os bens imateriais brasileiros, antes de serem registrados pelo Iphan, passam por uma série de ações sistematizadas. A Superintendência do Iphan de Rondônia recebeu este ano a antropóloga Palloma Cavalcanti, contratada pela Unesco, para realizar o mapeamento e resgatar informações sobre a festa do Divino. “Para garantirmos a efetividade do processo, é necessário realizar um inventário sobre a cultura imaterial para que seja organizado um plano de salvaguarda, ou de proteção, daquele patrimônio”, explicou a antropóloga.
Após acompanhar o batelão nos meses de abril e maio, a antropóloga vai iniciar a construção do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC), documento que dá o início ao processo de registro.
O superintendente do Iphan, Beto Bertagna, reafirmou que a partir do momento em que houver consolidado o registro da festa do Divino do Espírito Santo do Vale do Guaporé, Rondônia terá seu primeiro patrimônio cultural reconhecido nacionalmente.
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