Autores:
Pedro Drumond – Diretor da RH Renováveis e Coordenador Estadual da ABSOLAR em São Paulo
Rodrigo Sauaia – CEO da ABSOLAR
Ronaldo Koloszuk – Presidente do Conselho de Administração da ABSOLAR
Uma
pesquisa realizada em 2018 no Brasil mostrou que 90% das contratações
no País são feitas a partir de critérios técnicos, utilizando como
principal ponto de avaliação a experiência do profissional com
determinado conhecimento específico. Em contrapartida, mais de 90% as
demissões acontecem por incompatibilidade comportamental.
Isso evidenciou um assunto muito polêmico relacionado às hard e soft skills, termos usados para determinar qualificações técnicas (hard) e comportamentais (soft),
respectivamente. No mercado de energia solar fotovoltaica, os gestores
sempre apontaram a baixa qualificação de profissionais como problema
grave e desafio operacional para o sucesso das empresas.
O
forte crescimento da demanda em um curto intervalo de tempo não
proporciona um ambiente natural para a maturação dos profissionais,
muitos deles que migram de outros mercados. Assim, o que pode ser
percebido neste setor, atualmente, é que habilidades técnicas, tão
demandas alguns anos atrás, estão reduzindo sua importância em relação
às características comportamentais dos colaboradores.
Diante
destas constatações, se as empresas contratam por conhecimento técnico e
depois perdem os colaboradores pelo comportamento, não seria melhor
inverter esta lógica e contratar comportamento para depois treinar
conhecimentos? Os conhecimentos técnicos podem ser treinados, desde que a
empresa tenha esforços e recursos dedicados à capacitação e reciclagem.
Além disso, com a evolução tecnológica cada vez mais acelerada,
ferramentas e metodologias aplicadas hoje não irão funcionar amanhã. Por
esses motivos, habilidades comportamentais bem desenvolvidas são muito
mais eficazes para aumentar a performance das equipes e garantir
parcerias de maior longevidade entre profissionais e empresas do setor.
Dentre
as habilidades comportamentais mais requisitadas, podemos destacar:
capacidade de aprendizado, gestão emocional e comunicação. Esta última,
quando bem trabalhada, permite otimizar o trabalho em equipe e a
passagem de informação de forma clara e coerente. Seja em vendas ou
engenharia, muito pouco adianta a empresa ter grandes soluções, se a
informação não é compreendida por seus clientes. Ou, quando a empresa
tem um plano de ação específico que envolve um grupo de pessoas, se a
comunicação não for assertiva, os detalhes ficam perdidos e o projetos
podem ser comprometidos.
Vale
lembrar que quando o assunto é comunicação, o receptor é o mais
importante. A forma como a mensagem é transmitida deve levar em
consideração o perfil do receptor e não apenas o que o transmissor acha
que está passando.
Em relação à resiliência, é possível criar um paralelo com o fit
cultural entre a empresa, colaborador e o mercado. Ou seja, uma pessoa
que compartilha dos mesmos valores e tem sua motivação ligada ao que a
empresa faz tem muito mais capacidade de aprender coisas novas, resolver
problemas complexos e suportar pressões. Por este motivo, essa soft skill
é cada vez mais valorizada: porque dá resultados. Todos nós desistimos
mais facilmente quando estamos trabalhando em algo que não julgamos
muito importante. Além disso, com aderência ao fit cultural, um
profissional trabalha de forma mais colaborativa, melhorando seu
ambiente de trabalho e a relação com os demais profissionais de seu
ambiente, bem como com fornecedores e clientes.
A
gestão emocional, por sua vez, é a capacidade que uma pessoa de lidar,
de forma harmônica, com as variáveis que o mundo apresenta. Sabemos que
muitas coisas que acontecem com colegas de trabalho, clientes e com o
mercado, de forma geral, não dependem da nossa vontade. Pessoas com boa
habilidade emocional entendem que devem trabalhar nas variáveis que elas
mesmas controlam e preparar planos para contornar objeções originadas
de variáveis que não controlam. Assim, o foco e a energia ficam para
estudos, prospecção de clientes, estratégias, indicadores de controle,
esforço, entre outros.
Absorver
problemas que não estão no nosso controle ocupa um espaço no dia a dia
que poderia ser dedicado à produção de novas ideias, projetos e
metodologias. Fragilidade emocional e dificuldades de trabalho em equipe
são sabotadores de performance e, consequentemente, de resultados
individuais e coletivos.
Portanto,
o desafio para as empresas fotovoltaicas, que recentemente atingiram a
marca histórica de 1 milhão de empregos acumulados desde 2012, segundo
dados recentes da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica
(ABSOLAR), – e vão continuar contratando nos próximos anos, é de
estabelecer modelos eficientes de contratação e de gestão de pessoas,
com metodologias e análises objetivas de desempenho. Tudo isso para o
aprimoramento ainda maior das atividades do setor solar fotovoltaico,
que terão papel cada vez mais fundamental no desenvolvimento social,
econômico e ambiental do Brasil.
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