BLOG ORLANDO TAMBOSI
Lula se voluntaria como construtor da paz global, mas demonstra mais condescendência com a invasora Rússia do que compaixão com a vítima Ucrânia. José Casado para a Veja:
Lula atravessou as últimas três semanas apresentando um esboço do seu projeto de política externa.
Quer
ser o construtor da paz entre Rússia e Ucrânia, deixou claro aos
jornalistas que acompanhavam a visita do chanceler alemão Olaf Scholz a
Brasília, na segunda-feira (30). Scholz preferiu falar sobre a salvação
da Amazônia.
Projeta
liderar a mediação da guerra com apoio dos governos da Turquia, Índia,
Indonésia e África do Sul, e com alguma ajuda da China que, nas palavras
dele, precisa “pôr a mão na massa”.
Na
lógica do mundo de Lula, o projeto expansionista de Vladimir Putin pode
até ser condenável, pelo aspecto da invasão brutal da vizinha Ucrânia.
Mas, torna-se palatável, senão justificável, como instrumento de
política a partir do momento em que as potências ocidentais colocaram
seus “cachorros” da aliança militar Otan para “latir” na fronteira do
antigo império russo que Putin tenta restaurar.
Para
Lula, a Ucrânia agredida é tão culpada quanto a agressora Rússia, que
invadiu o país vizinho. Nas suas palavras, “a Rússia cometeu um erro
crasso de invadir o território de outro país. Mas acho que quando um não
quer, dois não brigam.”
Se
tem alguém nesse mundo que não merece ser aplaudido, acha Lula, é o
ucraniano Zelensky: “Às vezes, fico vendo o presidente da Ucrânia na
televisão como se estivesse festejando, sendo aplaudido em pé por todos
os parlamentos, sabe? Esse cara é tão responsável quanto o Putin. Ele é
tão responsável quanto o Putin. Porque numa guerra não tem apenas um
culpado.”
“Ele [Zelensky] quis a guerra”, acrescenta. “Se ele [não] quisesse a guerra, ele teria negociado um pouco mais. É assim.”
Exala
mais condescendência com a invasora Rússia do que compaixão com a
vítima Ucrânia: “Eu fiz uma crítica ao Putin quando estava na Cidade do
México [em novembro], dizendo que foi errado invadir. Mas eu acho que
ninguém está procurando contribuir para ter paz. As pessoas estão
estimulando o ódio contra o Putin. Isso não vai resolver. É preciso
estimular um acordo.”
Apesar
da evidente perspectiva enviesada, Lula diz que não tem lado, e
pretende se apresentar a Joe Biden, em Washington, e a Xi Jinping, em
Pequim, como voluntário para tentar salvar o mundo dos riscos de uma
guerra nuclear. “A única coisa que eu sei é que se eu puder ajudar, vou
ajudar”, disse, complementando: “Mas se for preciso conversar com o
[Volodymyr] Zelensky, com o [Vladimir] Putin, eu faço.”
Ele
quer ascender como líder global, e, para tanto, adota a tática de
clamar num suposto vácuo de liderança política que neutralizou a
iniciativa em organismos como a ONU. “Ela [ONU] não representa mais a
realidade geopolítica. Queremos que o Conselho de Segurança da ONU tenha
força, tenha mais representatividade e que possa falar mais uma
linguagem que o mundo está precisando. Quando a ONU estiver forte, a
gente vai evitar, certamente, possíveis guerras que acontecem. Porque
hoje as guerras acontecem por falta de negociação, por falta de alguém,
de um conjunto de países que interfira nisso.”
Lula
tem um projeto biográfico para sua estadia no Palácio do Planalto. É
legítimo. Agora, só falta combinar tudo o que deseja com os EUA, a União
Europeia, a China, a Rússia, a Turquia, a Índia, a Indonésia e a África
do Sul, entre outros.
O
mundo, certamente, deverá atravessar os próximos quatro anos muito
preocupado com a autoestima de Lula da Silva, presidente do Brasil.
Postado há 6 hours ago por Orlando Tambosi
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