| Da esq. p/ dir., Haroldo Machado Filho (Nações Unidas), Leonardo Bichara (Banco Mundial), Tarek Al Masri (Kei Cities e SGA) e Natalia Olson (Kei Cities) debatem Living Labs e transformação das cidades (Divulgação/Kei Cities) | São Paulo (SP), 10 de outubro de 2022 - Um
grupo de empreendedores internacionais transformadores, dedicados a
projetos de cidades inteligentes e sustentáveis, esteve reunido em São
Paulo (SP) para debater sobre o futuro das cidades. No evento
"Living Labs: Oportunidade de inovação para as cidades", representantes
do Cidade Matarazzo, Therme Group, Future of Cities e Kei Cities
assinaram um acordo de colaboração para unir forças na área de
tecnologia e inovação e projetar as comunidades do amanhã.
O
encontro foi realizado em setembro no Cidade Matarazzo, marco
arquitetônico localizado na região central de São Paulo e considerado o
novo símbolo da capital paulista. Na ocasião, estiveram presentes Alexandre Allard, fundador do Cidade Matarazzo; Patricia Ellen, co-fundadora da Aya Earth Partners e ex-Secretária de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo; Tarek Al Masri, cofundador de Kei Cities e fundador e diretor da SGA; Mikolaj Sekutowicz, CEO da Impact One; Robert Pittman, membro do Conselho de Kei Cities; Leonardo Bichara, economista agrícola sênior do Banco Mundial; Haroldo Machado Filho, coordenador residente para parceiras e financiamento para o desenvolvimento das Nações Unidas no Brasil; o cacique Biracy Yawanawá, da Aldeia Yawanawá; e o artista e designer Refik Anadol.
Esse
grupo, formado por especialistas qualificados e mundialmente
reconhecidos, têm testado e implementado soluções tecnológicas avançadas
com vistas a um novo modelo de cidade. Juntos, formam uma aliança
estratégica que providencia acesso a financiamento para que novas
tecnologias possam emergir nos espaços urbanos, além de ampliar o
impacto das soluções existentes. “Se não nos unirmos agora, nada será
suficiente para superar desafios”, disse Patricia Ellen.
O evento também abordou a importância dos chamados Living Labs, ecossistemas de inovação aberta centrados nos habitantes, além de destacar Aguaduna – projeto em desenvolvimento por Kei Cities e SGA no litoral norte do Estado da Bahia, na região Nordeste do Brasil (mais detalhes abaixo).
O
objetivo dessas iniciativas é reverter o impacto das emissões de
carbono nas megalópoles, além de proporcionar mais saúde e bem-estar
para as populações do planeta. Essas e outras metas sustentáveis se
materializam não só em Aguaduna, mas também em outros projetos ao redor
do mundo que fazem parte do pipeline de Kei Cities. | | Patricia Ellen, cofundadora da Aya Partners: “Se não nos unirmos, nada será suficiente” (Divulgação/Kei Cities) | Cidades resilientes e sustentáveis
Em
comum, esses empreendimentos do futuro buscam impulsionar a aplicação
de novas tecnologias em grande escala dentro de um novo modelo de cidade
– mais resiliente, inteligente e sustentável – com a finalidade de
atingir marcos ambiciosos da agenda climática. Todos eles seguem o
conceito de Living Labs, que tem como base a cocriação de ecossistemas
junto com seus habitantes, integrando processos de pesquisa e inovação
em comunidades e ambientes da vida real.
Na
prática, os Living Labs colocam o cidadão no centro da inovação,
explorando ao máximo novos conceitos e soluções de tecnologia da
informação e comunicação (TIC) de acordo com as necessidades e
aspirações dos contextos, culturas e potencialidades criativas de cada
local.
Juntas,
essas novas cidades reúnem soluções que vão desde biocombustíveis ao
tratamento e recuperação de água. Outras tecnologias incluem reciclagem
de lixo, fertilizantes naturais, fazendas verticais, geração e
armazenamento de energias renováveis, mobilidade, materiais de
construção sustentáveis e purificação do ar – entre outras ações que
poderão ser testadas nos próximos anos.
“É
importante desenvolver uma infraestrutura que proporcione recursos
fundamentais como água limpa e ar despoluído. Precisamos reunir a
tecnologia necessária para criar cidades mais avançadas e sustentáveis,
sem deixar de lado a conexão com o meio ambiente. Inovações tecnológicas
e natureza precisam trabalhar juntas”, disse Mikolaj Sekutowicz, da
Impact One.
O
próprio Cidade Matarazzo, local do evento, é um complexo centenário
apontado como exemplo de visão de uma cidade totalmente integrada e com
zero emissões. O fundador Alexandre Allard explicou que o espaço adota o
conceito “ReWild”, que defende que a emissão zero precisa se tornar
realidade desde agora em cidades novas e já existentes. “É preciso curar
as cidades e seus habitantes pela reconexão das pessoas à natureza, à
qual pertencem desde a origem”, disse. Ele resgatou um dado importante
da Conferência da ONU sobre Mudanças Climáticas, segundo a qual as
cidades concentram 80% das emissões de carbono. | | Cidade Matarazzo, local do evento: visão de cidade 100% integrada e com zero emissões (Divulgação/Kei Cities) | O evento
Os
debates foram abertos por uma mesa redonda com reflexões sobre como as
pessoas viverão nas cidades do futuro. Segundo Roberto Pittman, de Kei
Cities, as novas gerações de cidades precisam ter como foco serem
ecoeficientes e com emissão de carbono neutra, já que esta é uma forma
de criar um futuro melhor para seres humanos e para o planeta. “Quando
criamos ecossistemas urbanos do zero, temos a chance de testar novas
tecnologias. Assim evitamos erros comuns do passado, quando novas
soluções eram implementadas nas cidades sem pensar no futuro e sem levar
em conta a sua conexão tão necessária com a natureza”, afirma.
Na
sequência, aconteceu o painel “Living Labs: um ponto de partida para
impulsionar a inovação das cidades”. Um dos desafios endereçados por
esse conceito, que remete a ecossistemas de inovação aberta, é a
manutenção da estabilidade climática. “Desenvolver novos modelos de
cidades também é uma questão de ampliar a segurança do clima. Afinal,
como se sabe, as cidades são onde a batalha climática podem ser
largamente vencidas ou perdidas”, afirmou Haroldo Machado Filho,
coordenador residente das Nações Unidas no Brasil. “É importante
convencer as pessoas sobre a importância de todas essas inovações
conceituais e tecnológicas em benefício das cidades. Embora isso
requeira um planejamento de longo prazo, é preciso começar agora as
negociações com empresas e governos”, disse Leonardo Bichara Rocha, do
Banco Mundial.
O
público presente também conheceu mais detalhes sobre Kei Cities,
empresa de tecnologia e desenvolvimento que projeta, opera e certifica
sistemas urbanos resilientes. A companhia, com sedes em Barcelona,
Luxemburgo e Salvador, se associa a outras empresas privadas líderes em
seus segmentos para desenvolver ecossistemas globais de inovação
colaborativa, utilizando ferramentas para operar sistemas urbanos de
forma integrada. São seis as áreas de atuação abrangidas: infraestrutura
verde, impacto ambiental, impacto social, serviços digitais, mobilidade
e inovação.
Educação especializada
Além
do acordo de colaboração firmado na ocasião, Kei Cities também anunciou
a assinatura de memorando de entendimento com o SENAI CIMATEC. O
objetivo é promover a integração da instituição com Aguaduna, abrindo
caminho para oferecer à cidade sustentável serviços, pessoal, estrutura,
laboratório, know-how e capacidades de pesquisa, desenvolvimento e
produção de inovação. O centro de ensino técnico também irá
disponibilizar serviços tecnológicos a parceiros do projeto, incluindo
empresas e instituições econômicas e sociais.
Dessa
forma, o SENAI/CIMATEC estará envolvido nos processos de inovação que
permitirão incluir atividades de economia circular em Aguaduna,
abrangendo todas as etapas – desde a sua concepção e desenvolvimento até
a implantação e, em um nível mais avançado, outras atividades nas áreas
de educação, saúde e pesquisa. Uma futura parceria com uma instituição
de ensino especializada fomentará a produção de conhecimento sobre
cidades inteligentes.
Aguaduna
Vislumbrando
para o futuro um pipeline de empreendimentos na Europa e na África, Kei
Cities já atua em seu primeiro projeto em implementação: Aguaduna.
Trata-se de uma Living Lab localizado no município de Entre Rios (BA),
no litoral norte do Estado da Bahia, e que lidera uma nova geração de
cidades inteligentes e sustentáveis.
Além
de ser um novo modelo de cidade resiliente, Aguaduna terá um centro de
inovação turística, empresarial e tecnológica. Uma cidade em completa
harmonia com a paisagem tropical natural ao seu redor, cujo
desenvolvimento, além de ser integrado às comunidades locais, é
viabilizado por meio da atração de investimentos estrangeiros dedicados
ao seu progresso. Entre os grandes parceiros estratégicos que já fazem
parte do projeto estão Siemens, SegurPro, Enel X, Cetrel, Atos e
Organização Mundial do Turismo (UNWTO).
Desenvolvido
com o apoio de equipes multidisciplinares na Espanha, Brasil e Estados
Unidos, Aguaduna tem a preservação ambiental e a promoção da economia
local entre as suas prioridades absolutas. Com uma área total de 1.000
hectares, o projeto espera beneficiar cerca de 380 mil pessoas, direta e
indiretamente, em Entre Rios e região.
“Desenvolvemos
um modelo de cidade que pode ser replicado em qualquer lugar do mundo.
Trata-se de um Living Lab que pode ajudar a humanidade a recuperar o
equilíbrio socioambiental perdido ao longo de décadas de crescimento não
planejado de espaços urbanos”, afirmou Tarek Al Masri, de Kei Cities e
SGA.
Segundo
Tarek, a colaboração é a única forma de construir ecossistemas de
inovação aberta, já que isso depende de um trabalho conjunto que reúne a
iniciativa privada e o poder público. “Estamos mudando a nossa
perspectiva para que mais investimentos sejam direcionados para novos
modelos de cidades. Projetos como o de Aguaduna representam uma
oportunidade para avançarmos em infraestrutura sustentável, além de
desenvolver um conceito de mobilidade limpa e inclusiva”, disse. |
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