MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

sábado, 21 de maio de 2022

Energéticos e bebidas esportivas são uma bomba para os jovens

 


Em excesso, podem causar palpitações e desenvolvimento de arritmias. Combinação com álcool piora ainda mais os efeitos. Sociedade Brasileira de Pediatria considera a venda e o consumo inadequado para esse público


Tribuna da Bahia, Salvador
21/05/2022 12:00 | Atualizado há 1 hora e 59 minutos

Compartilhe
Foto: Reprodução

Por Lily Menezes

Nas festas e redes sociais de adolescentes, não faltam fotos e vídeos tomando energéticos; alguns são tão fãs de uma determinada marca que chegam a formar coleções com as latas e garrafas. Mas, será que tanto consumo dessa bebida à base de taurina e cafeína e que promete ‘dar asas’ a quem toma é mesmo adequado para essa turma? Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), seria melhor passar longe dos energéticos e das bebidas esportivas (isotônicos com sais minerais e carboidratos usados por atletas para repor as energias), uma vez que não foram realizados estudos avaliando os efeitos dos estimulantes em crianças e adolescentes. Além disso, não há níveis seguros no uso dessas substâncias para a molecada.

O Departamento Científico de Nutrologia da instituição elaborou um documento técnico para discutir as consequências do consumo entre os jovens e como o pediatra deve atuar num cenário em que o Brasil já registrou hospitalizações por conta da ingestão exagerada das bebidas. De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), o consumo máximo de cafeína por dia para um indivíduo saudável é de 400 mg por dia, o que seria equivalente a cinco latas por dia. Mas a cafeína já está presente em outros presentes do dia, como aquele cafezinho na faculdade ou o refrigerante acompanhando o almoço, restringindo ainda mais o uso das bebidas estimulantes.

Se, para os adultos, as bebidas energéticas em excesso já exigem bastante do coração, acelerando seu ritmo e aumentando o risco de uma arritmia importante, com a possibilidade de evoluir para um quadro fatal, imagine para quem tem uma composição corporal menor e um organismo não tão habituado à cafeína, como os mais jovens. Na lista de efeitos que o uso indiscriminado de estimulantes faz no corpo, estão a elevação da ansiedade, dificuldades para dormir, taquicardia e aumento da pressão arterial. Em alguns casos, o jovem pode ficar dependente da sensação de energia e mudança de humor experimentada após consumir o energético, tomando mais latas durante o dia.

Pediatras consultados pela reportagem percebem com preocupação o aumento nessa busca por bebidas estimulantes nessa faixa etária, e a idade vem diminuindo de forma alarmante. “Já recebi adolescente de onze anos querendo saber se já podia tomar um energético para conseguir dar conta de estudar até mais tarde para uma prova. E os pais não viram problema nenhum, porque não é remédio. O problema é que o gosto doce que tem em muitas marcas acaba fazendo eles pensarem que é inofensivo, e não é bem por aí”, disse um especialista que não teve a identidade revelada, ressaltando que alguns adolescentes podem ser mais sensíveis aos componentes presentes nos isotônicos e energéticos.

“Muitas pessoas podem ter uma predisposição a doenças cardíacas, e o energético vai agir como um gatilho”, confirmou Nicolle Queiroz, cardiologista, que alertou ainda a respeito dos sintomas que aparecem quando alguém bebe energéticos em excesso, sendo os mesmos de alguém que está sofrendo um infarto. “Aperto ou dor no peito, no pescoço, nas costas ou nos braços, fadiga, tontura, batimento cardíaco anormal e ansiedade”. Quando a bebida estimulante vem misturada com o álcool, a coisa pega ainda mais. “Alguns acreditam que ao misturar o energético com uma bebida alcoólica, o impacto estimulante da substância neutraliza a ação depressora do álcool. Isso não é verdade”, frisou o cardiologista Paulo Chaccur.

Ou seja, além de os efeitos da embriaguez continuarem presentes, o adolescente pode se sentir estimulado a consumir mais álcool, construindo uma bomba-relógio que pode explodir a qualquer momento, principalmente se há uma predisposição desconhecida. Com isso, o risco de uma parada cardíaca ou mesmo de uma morte súbita através dessa combinação é uma realidade, de acordo com o cardiologista. “Jovens também podem ter uma doença cardíaca, muitas vezes de forma silenciosa, não diagnosticada nos exames de rotina e que, em grande parte dos casos, só se manifesta quando o coração é estimulado”. Então, antes de abrir a latinha ou destampar a garrafinha da bebida estimulante, é bom consultar um médico para pesar o risco.

Nenhum comentário:

Postar um comentário