Se você, assim como eu, há muito tempo não assistia à cerimônia, certamente agora você já sabe que Will Smith decidiu dar um tapa na cara de Chris Rock. Ana Paula Henkel para a Oeste:
E
aqui estamos falando do Oscar. Eles conseguiram. Depois de anos de
vertiginosa queda na audiência das transmissões da entrega de prêmios
daquela que já foi a festa mais espetacular e mais assistida de
Hollywood, o mundo finalmente parou novamente para falar da cerimônia
que há alguns anos se tornou uma bolha progressista de artistas afetados
e desconectados da realidade. E o motivo não foi nenhum filme
espetacular ou uma atuação magnífica de algum ator ou atriz, mas um tapa
na cara do apresentador da cerimônia desferido pelo vencedor da
estatueta de melhor ator.
Foi-se
o tempo das manhãs de ressaca por ter ido dormir de madrugada depois de
passar horas assistindo à cerimônia e torcendo para o filme A ou a
atriz B levarem a famosa estatueta. Hollywood há alguns anos se tornou
um show de hipocrisia, ataques políticos a apenas um lado do espectro
político-ideológico e piadas sem graça feitas por e para os hedonistas
da indústria. Se você, assim como eu, há muito tempo não assistia à
cerimônia, certamente agora você já sabe que Will Smith decidiu dar um
tapa na cara de Chris Rock durante a transmissão do Oscar no último
domingo. Depois de esbofetear o mestre de cerimônia, Smith voltou ao seu
lugar e gritou: “Mantenha o nome da minha esposa fora da m… da sua
boca”, mostrando estar consternado com uma piada que Rock fez sobre o
cabelo raspado de Jada Pinkett Smith, esposa de Will. Jada tem uma
condição chamada alopecia, que resulta em perda de cabelo, e Chris
brincou sobre ela estar em G.I. Jane 2, referindo-se a uma continuação
de G.I. Jane, filme estrelado por Demi Moore, em que ela raspa a cabeça
para encenar uma mulher que passa por um treinamento de operações
militares. Poucos momentos depois do tapa, antes que alguém pudesse
realmente digerir a cena vista no palco, Smith ganhou o prêmio de melhor
ator e em seu discurso se desculpou, em lágrimas, com a Academia,
dizendo que sentia que precisava defender sua família.
Will
Smith é um conhecido ator de blockbusters, como Homens de Preto, no
entanto, não foi a primeira vez que o estrelato de Will Smith foi
definido mais por sua vida pessoal do que por seus papéis na tela.
Recentemente, ele documentou sua perda de peso em um programa no YouTube
chamado Best Shape of My Life. Ele também apareceu na série do Facebook
de sua esposa Red Table Talk, para discutir o casamento que há anos
demonstra sinais de uma crise permanente com assumidos casos de traição
por parte dela. Na série Welcome to Earth, do gigante Walt Disney, Smith
testou sua coragem pessoal em aventuras na natureza ao redor do mundo.
Em novembro do ano passado, revelando segredos profundos, o ator
escreveu em Will, seu livro de memórias e que esteve durante vários
meses nas listas de best-sellers: “O que você passou a entender como
‘Will Smith’, o aniquilador de alienígenas, a estrela de cinema maior
que a vida, é em grande parte uma construção — um personagem
cuidadosamente elaborado e afiado — projetada para me proteger”. Em uma
recente entrevista, Jada Smith, que já admitiu ter tido outras relações
fora do casamento com Will, declarou que gostaria de viver um “casamento
aberto” e que “casamento não é prisão”.
Enquanto
muitos debatiam quem estava com a razão na bofetada agora vista por
milhões e milhões de pessoas no mundo, se a piada de Chris Rock foi
apenas uma piada de mau gosto ou um ataque à honra de Jada Smith e, por
isso, Will estava coberto de razão em defender a honra de sua esposa,
eu, como moradora da Califórnia há muitos anos e observadora das ações,
reações e estratégias da bolha hollywoodiana, não pude deixar de
contemplar alguns aspectos, no mínimo curiosos, no episódio. Como se
trata de Hollywood, eu também não descartaria a hipótese de uma
encenação.
Primeiro,
não pude deixar de notar que os dois grandes patrocinadores do Oscar
neste ano eram dois grandes nomes das big pharmas: Biontech e Pfizer.
Sim, a Pfizer da pandemia e das controversas vacinas. Devido à condição
capilar de Jada Smith, exposta pela “piada” de Chris Rock, a alopecia
foi um dos assuntos mais debatidos e procurados nas ferramentas de busca
nas 48 horas após o Oscar. Dentre os milhões de cliques e links, a cura
para a doença estava entre as palavras mais pesquisadas. Curiosamente
(coloque seu chapéu de alumínio agora!), em 2018, a Pfizer iniciou
testes para um medicamento chamado Allegro 2b/3. Em agosto de 2021, a
farmacêutica anunciou os resultados positivos dos testes finais da
medicação e agora, em 24 de fevereiro, o NIH (National Institute of
Health), o órgão administrador de pesquisas médicas dos EUA, publicou
oficialmente os resultados do Allegro2b/3, que — curiosamente — promete
tratar e curar a alopecia, a doença de Jada Smith que causa a queda de
cabelo. Exposição planejada?
Bem,
teorias conspiratórias à parte, o que não consegui deixar de notar foi a
série de eventos hipócritas dentro de um evento bizarro, ensaiado ou
não. Voltemos a fita um pouco. Há alguns anos, Hollywood encabeçou a
criação do “Me Too”, movimento de “empoderamento feminino” contra o
assédio sexual na indústria. Muitas atrizes de Hollywood que hoje são
festejadas como “quebradoras do silêncio” passaram anos numa bizarra
mudez alimentando uma perturbadora cumplicidade com produtores
endinheirados e que acabou protegendo predadores sexuais. Enquanto
roteiros de filmes eram trocados e fotos no tapete vermelho com vestidos
de grife eram tiradas, outras mulheres sem a mesma projeção que as
“empoderadas” de Hollywood eram vítimas de estupros e assédio sexual.
Por que demoraram tantos anos para se tornar “a voz das mulheres”?
Enquanto
essas mulheres poderosas e milionárias davam belos discursos com os
olhos marejados sobre o assédio e a violência contra a mulher, elas
também fingiam não saber quem eram os predadores, alguns deles na
plateia, como Harvey Weinstein. Celebridades, homens e mulheres
consagrados que escolheram se calar por anos e anos contra os algozes de
quem não tinha a mesma voz. Perdoem meu francês, mas como respeitar
mulheres que descem a roupa para subir mais rápido na vida e depois de
conquistar todo dinheiro e sucesso posam de porta-vozes contra o assédio
e a violência sexual? Quantas mulheres tão ou mais talentosas e aptas
para seus postos abriram mão de estar no topo para manter a própria
dignidade? É bom deixar bem claro: os vilões dessas histórias de assédio
são evidentemente os assediadores, mas quem topa voluntariamente trocar
sexo por uma promoção ou um caminho mais curto para a fama não merece
prêmios nem respeito pelo simples motivo de que muitas mulheres, na
mesma situação, recusaram a oferta. Outras ainda denunciaram seus
agressores, correndo todo tipo de risco para que esses monstros não
cometessem mais crimes e fizessem mais vítimas. E isso é só uma parte de
Hollywood.
Nos
últimos anos, temos sido bombardeados com a vil agenda do atual
progressismo segregacionista. Mulheres contra homens, filhos contra
pais, negros contra brancos, homossexuais contra heterossexuais. É a
máxima da estratégia de guerra, tão usada pela seita marxista: dividir
para conquistar, agora de roupa nova. No caso de Hollywood, de roupa de
grife. Há quanto tempo escutamos que tudo é racismo, tudo é misoginia,
tudo é homofobia… Tudo é tudo! O que faz com que todos sejamos racistas,
homofóbicos, misóginos, ninguém, de fato, é. Na nação mais livre e
empreendedora do mundo, onde a ascensão através do trabalho árduo anda
de mãos dadas com oportunidades, parte doente da atual sociedade
norte-americana vive entoando que a América é dominada pelo racismo
estrutural, presente no seu DNA. O racismo sistêmico, assim pregam, está
por todo lado. Policiais matam negros apenas por causa da cor de sua
pele. Negros não conseguem lugares de destaque na racista sociedade
norte-americana e discursos em festas como o Oscar pregam a injustiça
contra pessoas negras que não têm oportunidades no seletíssimo clube
hollywoodiano. O fato curioso da semana, ou a realidade esbofeteando a
bolha, é testemunharmos três personagens milionários da nata do
entretenimento — três afro-norte-americanos —, moradores de bairros
ricos e elegantes de Los Angeles e do Estado com o maior PIB dos EUA e o
quinto do mundo, sendo protagonistas no polêmico evento visto por
milhões e milhões de pessoas no mundo. O ingresso mais barato do show de
Chris Rock passou de US$ 80 para US$ 350.
Outros
pontos interessantes sobre a bofetada são perguntas que deixaram a
esquerda norte-americana confusa e sem resposta: se Jada Smith teve sua
honra ferida por uma piada de gosto duvidoso (seja lá o que honra
signifique para o casal que vive em um casamento aberto), o que
aconteceu com a tal “masculinidade tóxica”? Homens defendendo suas
esposas? Um pilar do conservadorismo norte-americano? Shame! Onde já se
viu isso, progressistas? Mulheres empoderadas não precisam de homens!
Como é mesmo a frase que as feministas do “Me Too” costumam dizer aqui?
Ah, é… We are enough, ou nós somos suficientes. Hum.
Outra
pergunta que é impossível não fazer: e se Chris Rock fosse um
comediante branco fazendo uma piada horrorosa com uma mulher negra? E se
Chris Rock tivesse feito uma piada com uma doença de uma atriz branca e
seu marido loiro de olhos azuis tivesse se levantado e dado um tapa na
cara do comediante negro? Sim, estaríamos na Terceira Guerra Mundial. E
mais: a turma que prega amor entre todos os seres humanos, como é mesmo
que eles dizem?…Ah! Love is love, agora valida a agressão física quando
ofensas verbais são proferidas, ou temos que analisar antes a cor da
pele, o gênero, a orientação sexual e, claro, o lado no espectro
político-ideológico? A pergunta é retórica.
A
Academia disse na quarta-feira que iniciou processos disciplinares
contra Will Smith por violar seus padrões de conduta, “incluindo contato
físico inadequado, comportamento abusivo ou ameaçador e comprometer a
integridade da Academia”. Smith terá pelo menos 15 dias para responder
sobre suas violações e poderá oferecer uma resposta por escrito. As
punições podem incluir suspensão, expulsão ou outras sanções, disse o
comunicado da Academia. O conselho se reúne novamente em 18 de abril. Na
segunda-feira, Smith pediu desculpas a Chris Rock, à Academia e aos
espectadores do programa em um post no Instagram, chamando seu
comportamento de “inaceitável e imperdoável”.
Em
Hollywood e para Hollywood, tudo é possível. Se o tapa foi pura
encenação, só o tempo dirá, mas, assim como nas telas, é claro como o
brilho das estatuetas que estas celebridades escondem verdades
inconvenientes para blindar uma vida de festas, glamour, dinheiro e
mentiras. Hipocrisia e atuações dignas de um Oscar.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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