Percival Puggina
“Ordem judicial se cumpre!” afirma a mídia lambe-toga, reprovando a conduta do deputado Daniel Silveira que buscou refúgio no plenário para escapar das tornozeleiras com que o ministro Alexandre de Moraes pretende brindá-lo.
Isso é desconversar. É dissimular. O assunto não é e nunca foi esse e a pusilânime maioria do Congresso Nacional sabe muito bem.
O caso Daniel Silveira é de natureza muito mais grave. O deputado não deveria passar pelo que está passando. Sua situação perante o STF é um mostruário de irregularidades. Leia neste artigo aquilo que o autor denomina de “os sete paradoxos” do caso. Mostre-os a um jovem estudante de Direito, não petista, e ele, provavelmente, se exclamará com algum palavrão que expresse indignação (como tem feito Daniel Silveira, Allan dos Santos e outros que enfrentaram a fúria do ministro indicado por Michel Temer).
Pois é esse o caso, em brevíssimo resumo. Invocar o dever de obediência a uma ordem judicial (“Aplique-se uma tornozeleira nesse insubmisso!”) é desconversar, dissimular, numa discussão onde o assunto é outro: o deputado não deveria passar pelo que está passando.
Ele
enfrenta um catálogo de irregularidades erguidas contra si. Alegar sua
recusa à tornozeleira é apegar-se a mero detalhe para justificar o que
não é justo e explicar o que não se explica.
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