JORNAL A REGIÃO
Uma pesquisa feita em setembro pela consultoria Ponto Map e a V-Tracker joga luz num dos setores de maior crescimento dos últimos anos, o dos "influenciadores" online. O levantamento foi feito online, com 2.039 pessoas acima de 18 anos, em 632 municípios, abrangendo todos os estados.
Uma das constatações é a de que os brasileiros abraçaram a tendência. Cerca de 40% da população acompanha diariamente posts de "influencers", sete pontos acima da última pesquisa, em março. Porém, os milhões de seguidores não se traduzem em vendas ou crescimento de marcas.
Segundo o levantamento, somente 19% de quem segue influenciadores dizem ter comprado um produto por causa dos posts. Além disso, apenas 13% mudou de opinião sobre algum tema e metade da população afirma não tomar decisões baseadas em influenciadores, sejam online ou na mídia tradicional.
O conteúdo com melhor aceitação faz parte dos temas saúde e bem-estar (37%), entretenimento e humor (34%), educação e conhecimento (34%), moda e beleza (28%). Na outra ponta, rejeitados pela maioria, estão política e social (49% negativos), fé e religião (23%), e apostas (bets), com 17%.
Giovanna Masullo, presidente da Ponto Map, considera que existe "um certo cansaço do público em relação a temas que geram muita polarização. As pessoas parecem buscar um conteúdo mais leve.” Marília Stabile, presidente do conselho da Ponto Map, acrescenta que o excesso de influencers nos últimos anos também conta.
Ele levou as pessoas a anaslisar melhor e pesquisar sobre as postagens. “O público está mais maduro nas redes. Apesar de dar audiência aos influenciadores, não terceiriza as decisões de compra ou a formação de opinião.” Porém, existe um lado positivo: 35% dizem que os posts ajudam a descobrir novos produtos e ofertas.
“Embora para a maioria não haja uma correlação direta entre o post do influencer e a compra, a pesquisa indica que a publicidade feita pelo influenciador aumenta o leque de opções”, diz Giovanna. Dentro do universo de quem segue influencers, os mais jovens e mais ricos são os mais suscetíveis a influenciadores de moda.
Enquanto 45% do público de 45 anos ou mais não confia em influencers, apenas 26% dos jovens entre 18 e 24 anos têm essa opinião. Por classes sociais, 46% da DE não confia nos influenciadores, percentual que cai para 24% na AB. A pesquisa mostra que ser famoso ou ter muitos seguidores não garante boa reputação.
O público prefere seguir quem tem afinidade com sua vida (38%) ou seja reconhecido como especialista na área (24%). “As pessoas querem alguém que dialogue com o dia a dia delas, que retrate situações cotidianas. Daí o peso maior para microinfluenciadores digitais, em detrimento das grandes celebridades,”, diz Marília.
Na hora de confiar num "influencer", o que mais pesa são clareza das informações (39%), consistência do conteúdo (33%) e posicionamento alinhado aos valores do seguidor (32%). "Nesta última questão, fica claro que o consumo do conteúdo de influencers não serve para furar a bolha da internet”, diz Giovanna, mas para reforçá-la.
Para mais de um terço dos entrevistados (36%), fazer muitas parcerias comerciais com marcas é parte do negócio dos influencers, mas a falta de transparência na comunicação dessa publicidade compromete a reputação do influencer (24%), assim como a incoerência entre o conteúdo e o perfil do influenciador (19%).
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