BLOG ORLANDO TAMBOSI
Os
deputados eleitos Clarissa Tércio (PP-MS André Fernandes (PL-CE),
Silvia Waiãpi (PL-AP): sob investigação antes mesmo da posse |
Três deputados federais aliados de Jair Bolsonaro tornaram-se suspeitos em inquéritos sobre crimes de terrorismo, cujas penas variam entre quatro e trinta anos de cadeia.
Eles
assumem o primeiro mandato na Câmara na próxima quinta-feira (2), já
enquadrados em inquéritos individuais sob acusação de incentivo e apoio
às invasões do Congresso, do Palácio do Planalto e do Supremo Tribunal
Federal, no domingo 8 de janeiro.
Dois
são do Partido Liberal: André Fernandes de Moura, do Ceará, e Silvia
Nobre Waiãpi, do Amapá. Já Erica Clarissa Borba Cordeiro, conhecida como
Clarissa Tércio, é do Partido Progressistas de Pernambuco.
O Ministério Público pediu ao juiz Alexandre de Moraes, do STF, autorização para investigar o trio recém-eleito. Moraes concordou.
Os
parlamentares são acusados de provocar “terror social” com mensagens em
redes sociais, além de auxiliar no planejamento e em “atos
preparatórios” de atividades terroristas.
O objetivo seria abolir o regime democrático, impedir o funcionamento das instituições da República e tentar depor o governo Lula.
O ponto de partida das investigações foi a autoincriminação nas redes sociais.
André
Fernandes, 25 anos, recordista de votos na eleição legislativa do
Ceará, segundo o Ministério Público, antecipou, instigou e participou do
ataque às instituições. Durante a invasão do STF, divulgou imagem da
porta de um armário vandalizado com o nome do juiz Moraes e a frase:
“Quem rir, vai preso”.
Erica
Clarissa, que adotou na urna o nome de Clarissa Tércio, tem 38 anos,
foi a segunda deputada mais votada em Pernambuco, pelo Progressistas, e
incitou a ofensiva contra o Congresso, para o qual foi eleita. “Acabamos
de tomar o poder. Estamos dentro do Congresso”, celebrou em video,
completando: “Todo povo está aqui em cima. Isso vai ficar para a
história, a história dos meus netos, dos meus bisnetos.”
Silvia
Waiãpi, 47 anos, tenente do Exército, também apoiou e incentivou:
“Tomada de poder pelo povo brasileiro insatisfeito com o governo
vermelho.”
Semana
passada, os André Fernandes e Clarissa Tércio se defenderam em conversa
com o presidente da Câmara, Arthur Lira. Esgrimiram com o mesmo
argumento, o da liberdade de expressão.
Em
campanha para a reeleição na presidência, Lira mostrou-se complacente.
Disse não ter visto “nenhum ato” da dupla que pudesse motivar
investigações. Um roteiro para o perdão coletivo a parlamentares foi
desenhado na Câmara por líderes do governo Bolsonaro dois meses antes da
invasão do Congresso, do Palácio do Planalto e do STF.
Os
inquéritos deixam claro que o Ministério Público discorda da alegação
de “liberdade de expressão” no caso do trio de parlamentares suspeitos. E
indicam que a proteção constitucional pode ficar limitada aos discursos
que convencem, punindo-se os que incitam participação e apoio a crimes
de terrorismo.
Postado há Yesterday por Orlando Tambosi
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