O
Brasil tem cerca de 2 milhões de casos novos de insuficiência renal por
ano, mas 60% dos pacientes não sabem que estão doentes, segundo
estimativas da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Desse total,
pelo menos 1%, ou cerca de 20 mil, não vão se curar com tratamento
clínico – como uso de medicamentos e de hemodiálise, o processo de
filtragem mecânica do sangue – e vão precisar de um novo rim para
continuar vivendo. Os demais podem se beneficiar do diagnóstico precoce e
de tratamentos convencionais. Órgãos responsáveis por eliminar toxinas e
filtrar o excesso de líquido do sangue, os rins passam a acumular
resíduos quando começam a falhar.
“Os
sintomas renais se desenvolvem lentamente e não são específicos.
Algumas pessoas simplesmente não apresentam sinais da doença. É preciso
dar atenção aos rins, pois o Brasil vive uma epidemia de pessoas com
insuficiência renal”, alerta o médico Carlos Marmanillo, chefe do
Serviço de Transplante Renal do Hospital Angelina Caron, na Região
Metropolitana de Curitiba, instituição que lidera a realização de
transplantes no estado do Paraná, com mais de 300 procedimentos
realizados a cada ano.
Dados
da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) apontam que
houve diminuição no número de doações de órgãos e de transplantes,
devido à pandemia da Covid-19 - que por causa das medidas de isolamento,
e da pressão sobre os hospitais e profissionais médicos, também
provocou uma redução na atenção básica à saúde e na busca por
especialistas de diferentes áreas.
Segundo
a ABTO, 15.640 pacientes ingressaram na lista de espera por um rim em
2021, dentre os quais 3.009 morreram. A SBN também estima que são 73 mil
os brasileiros que fazem algum tipo de diálise atualmente.
Aproximadamente 25 mil foram submetidos a transplante renal e muitos
outros ainda precisam dessas duas formas de terapia.
“O
rim não dá sintomas. Muitos pacientes podem passar a ser renais
crônicos sem nem saber. Chegam ao ambulatório sem sequer ter passado por
um nefrologista na vida e entram em diálise. O transplante é uma forma
de tratamento da doença renal grave, mas independentemente disso a
prevenção da doença deve ser incentivada”, explica o especialista em
transplante renal.
Como
os sintomas não são específicos, o diagnóstico da insuficiência renal é
feito por exames laboratoriais. “Dois exames fecham o diagnóstico: a
dosagem de creatinina no sangue e o exame de urina de rotina. São exames
simples e baratos”, orienta o médico. O especialista explica ainda que
existe um cálculo que avalia a capacidade de filtragem do rim. “É normal
quando está entre 80 e 100%. Quando essa capacidade cai para 15%, o
paciente tem de se preparar para a diálise. Quando chega a 10%, tem que
ir para o transplante”, conta.
Para
evitar que isso ocorra, é preciso fazer o diagnóstico. “Nas fases
iniciais, medicamentos ajudam a controlar a doença. Já em fases
posteriores, pode ser necessário realizar filtragem do sangue com uma
máquina de diálise, ou fazer um transplante.” O médico destaca a
importância de as pessoas se anteciparem, fazendo regularmente exames
clínicos preventivos, ou diante de qualquer sintoma. Eles podem mostrar
alterações importantes que levem a um nefrologista. “Esta é uma
realidade que precisamos transformar. Só o esclarecimento muda isso”,
reforça.
Como doar
Para
a realização do transplante renal, é necessário exames que verifiquem a
compatibilidade entre doador e receptor, para que haja menos chances de
rejeição. O doador deve ter mais de 18 anos e estar em boas condições
de saúde. A doação pode ser feita por pessoas vivas ou mortas. No caso
de doadores vivos, a doação é mais comum entre parentes consanguíneos de
até quarto grau e cônjuges.
Caso
o doador não seja um parente próximo, é necessária autorização de um
juiz. É possível viver bem com apenas um rim. Nas primeiras 24 horas
após a cirurgia, o doador pode sentir dores, que passam com medicação.
No dia seguinte, o doador pode começar a caminhar e após uma semana são
retirados os pontos. A alta geralmente acontece três dias após a
cirurgia.
Para
receber o órgão de um doador falecido, o paciente deve estar inscrito
no Cadastro Técnico Único do Ministério da Saúde. O cadastramento é
feito pela equipe médica de transplante responsável pelo atendimento. A
distribuição de órgãos doados é controlada pelo Sistema Nacional de
Transplante do Ministério da Saúde e pelas Centrais Estaduais de
Transplantes.
Sobre o Hospital Angelina Caron
O Hospital Angelina Caron
tem como missão atender plenamente os seus mais diversos públicos, de
forma igualitária, humanizada e integral. Localizada ao lado de
Curitiba, em Campina Grande do Sul, a instituição é um centro
médico-hospitalar de referência no Sul do Brasil. Tem como pilares os
mais rigorosos princípios éticos e o compromisso social, além de 38 anos
de tradição para oferecer a melhor promoção em saúde e possibilitar a
retomada da qualidade de vida. O HAC realiza mais de 400 mil
atendimentos por ano em pacientes de todo o país, incluindo particulares
e por convênios, sendo um dos maiores parceiros do SUS no Estado. Com
investimentos frequentes em tecnologia e equipamentos de última geração,
o hospital atua em todas as vertentes da medicina, conta com Serviço de
Transplantes de Órgãos reconhecido internacionalmente e é um centro
tradicional de fomento ao ensino e à pesquisa.
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