Papelzinho do candidato segue firme em meio às mídias sociais. Gráficas projetam aumento de 15%
Foto: Romildo de Jesus
Por Lily Menezes
Faltando pouco mais de um mês para as eleições, em outubro, um dos itens indispensáveis para muita gente participar da festa da democracia é a famosa "colinha", com o nome, número e foto do candidato. Mesmo com o uso cada vez maior das redes sociais para vender seu peixe (ou no caso do candidato, suas propostas), as expectativas da Associação Brasileira da Indústria Gráfica (Abigraf) para o pleito de 2022 são positivas, com um aumento de 15% na procura pelos santinhos, como o material é popularmente conhecido.
E haja santinho pra fazer e distribuir: além dos três governadores e três senadores que estão concorrendo na Bahia, são 532 deputados federais, mais 683 deputados estaduais considerados aptos para o voto. Para o setor gráfico, esse aumento na procura por santinhos vem para que os candidatos alcancem mais pessoas. “Antes, houve uma utilização intensa da internet, com o papel sendo deixado de lado como condutor de informação. Agora, há um equilíbrio, e os políticos estão procurando mais a impressão em papel para divulgar seus feitos e propostas”, disse Julião Flaves, presidente da Abigraf/MS.
Nas gráficas, já se começa a mexer os pauzinhos para a confecção bem antes das candidaturas serem lançadas - como os santinhos são vendidos em milheiro (mil unidades), é preciso investir em material e maquinário para a produção. Roberto Santos comanda uma pequena gráfica no Centro e oferece a confecção do "Kit Político", que consiste no milheiro de santinhos, adesivo para vidro traseiro do carro e banner por uma média de R$ 200, a depender dos produtos desejados. Diz que a demanda subiu em 20% na loja. "E não é só quem quer se eleger que compra. O pessoal que simpatiza com um candidato manda fazer adesivo de carro pra mostrar sua preferência", conta.
Mesmo com o uso maior das redes sociais, candidatos ainda investem nos famosos santinhos | Foto: Romildo de Jesus
No Uruguai, na Cidade Baixa, a autônoma Maria Antônia de Santana trabalha com serviços gráficos há mais de 20 anos e precisou chamar um estagiário para ajudar a fazer as artes dos santinhos, com a maior procura. Cobra R$ 70 no milheiro de santinhos, caso o pagamento seja feito em espécie. Se o candidato usar cartão de crédito, há 10% de acréscimo. "É um momento bastante positivo para fazer dinheiro. Além de dar visibilidade ao político, tem gente que nem faz ideia de quem vai votar até o dia da eleição. Inclusive, há até quem pegue um santinho no chão e vote no candidato da foto".
Regras
O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) proibiu a distribuição de santinhos durante a fase de pré campanha. Agora que está liberado pedir votos, o que pode ou não pode? De acordo com o TSE, é proibido afixar santinhos ou qualquer outra peça impressa em locais de uso público, como postes, viadutos e estações de ônibus. O candidato ou sua equipe de campanha não podem colocar cavaletes, placas ou similares em ruas e avenidas. O mesmo vale para pintar muros de casas, tendência que perdurou por muito tempo.
Derramar os santinhos na frente dos locais de votação no dia da eleição também é proibido. Para driblar as proibições, alguns candidatos estão usando recursos diferenciados. A reportagem da Tribuna da Bahia flagrou na Estação Bonocô do metrô, em Salvador, um candidato a deputado federal usando uma placa com seu número e foto no corpo, no estilo "sanduíche" consagrado pelos vendedores de rua. O TSE informou ainda que os candidatos podem fazer e distribuir material gráfico até 1° de outubro, véspera do pleito.
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