Esse artigo não é sobre Brasília, mas sim como tomamos decisões importantes nesse país.
Em 1823, 200 anos atrás, José Bonifácio propôs a criação de Brasília no Estado de Goiás.
Isso porque o Rio de Janeiro poderia ser bombardeado por navios, razão que os Estados Unidos escolheram Washington em 1790 para substituir Philadelphia, costeira.
150 anos depois, decidimos fazer o mesmo, sem repensar as razões.
“Em 1957, Niemeyer abre um concurso público para o Plano Piloto de Brasília, a nova capital.
O projeto vencedor é o apresentado por Lúcio Costa, seu amigo e ex-patrão.
Niemeyer, arquiteto escolhido por Juscelino, seria responsável pela concepção dos edifícios, enquanto Lúcio Costa desenvolveria o plano da cidade.” Wikipedia.
De imediato surgem suspeitas de todos os tipos.
O próprio Juscelino Kubitschek recorda:
“Em conversa com Sir William Holford, tive a oportunidade de conhecer as razões que determinaram aquela “pressa” no julgamento dos trabalhos.
Ou um projeto era bom ou não era, e isso tornava-se evidente à primeira vista. (sic)
Quando examinara os trabalhos, havia um que lhe chamara a atenção. Era o de Lúcio Costa.
Fora apresentado sem qualquer preocupação de obter destaque.
Estava numa folha de papel comum, desenhado à mão, com alguns rabiscos, e acompanhado de uma exposição, à guisa de defesa do projeto. (sic)
O júri era integrado por autoridades internacionais, como Sir William Holford, do Governo Britânico e André Sive, da França; e Stamo Papadaki, de Nova York.
Foi sugestão de Holford proceder a uma eliminação prévia, para facilitar o julgamento dos poucos classificados.
Feito isso, a escolha do melhor teve lugar quase imediatamente, e esta recaiu no projeto de Lúcio Costa.” (sic)
26 arquitetos concorreram com maquetes, desenhos sofisticados, projeções.
Mas quem “ganhou” foi Lúcio Costa que apresentou uma simples carta (abaixo) onde confessa que não estava concorrendo, “sequer disponho de escritório”.
“Desejo inicialmente desculpar-me perante a direção da Companhia Urbanizadora e a Comissão Julgadora do Concurso pela apresentação sumária do partido aqui sugerido para a nova Capital e, também, justificar-me.
Não pretendia competir e, na verdade, não concorro — apenas me desvencilho de uma solução possível, que não foi procurada, mas surgiu, por assim dizer, já pronta.
Compareço, não como técnico devidamente aparelhado, pois nem sequer disponho de escritório, mas como simples “maquis” do urbanismo, que não pretende prosseguir no desenvolvimento da ideia apresentada, se não eventualmente, na qualidade de mero consultor. (sic)
E se procedo assim candidamente, é porque me amparo num raciocínio igualmente simplório:
se a sugestão é válida, estes dados, conquanto sumários na sua aparência, já serão suficientes,
pois revelarão que, apesar da espontaneidade original ela foi, depois, intensamente pensada e resolvida.”
Foi assim que começa Brasília, nas coxas, errado, com favoritismo, com um arquiteto concretista que não pensou no povo que iria morar lá, verdade seja dita.
Não entendiam de governo nem administração, fizeram 18 prédios iguais como se cada Ministério tivesse o mesmo tamanho e número de funcionários.
E mais, foi a construção de Brasília que gerou 38 anos de inflação, corrupção, distância do povo.
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