Grupo abriu há um mês local de orações na capela da Ufes.
Rituais e orações acontecem todas as sextas-feiras.
É que, há pouco mais de um mês, um grupo de muçulmanos fundou ali a primeira mesquita (templo muçulmano) do estado. Eles se reúnem no local todas as sextas-feiras, e têm atraído jovens universitários curiosos pela cultura árabe, além de membros de outras religiões.
Antes de conseguir o espaço na Ufes, o grupo se reunia em casas de amigos e em parques da Capital para fazer as orações. Apesar de o último censo do IBGE apontar que no estado apenas 76 pessoas se autodeclaram muçulmanas, o professor Hadi A. Khalifa, um dos fundadores do templo, acredita que esse número pode aumentar.
(Foto: Ricardo Medeiros/A Gazeta)
No grupo que se reúne na Ufes, mulheres acabam se destacando pelo uso de roupas mais comportadas, que cobrem braços, pernas e pescoço, além do véu. Os homens deixam a barca crescer, e passam a usar tarbush, um pequeno chapéu de feltro ou pano. No entanto, não é necessário o uso de vestimentas específicas para participar dos sermões.
Há nove anos, o roteirista Thiago Queiroz, 31, teve o primeiro contato com o Islã e, há cinco, ele se converteu. Para se tornar um muçulmano, não precisa de batismos ou rituais. Basta admitir que Alá é o único deus e Maomé seu profeta, na presença de outro muçulmano que testemunhe o ato. “Sou de família católica e não conhecia nada da cultura muçulmana. Até que fui trabalhar num aeroporto, e conheci o islã. Mudei minha rotina completamente e sou uma pessoa muito mais feliz”, diz Thiago.
Dentro da Ufes, a ideia do grupo é facilitar para que interessados em conhecer o islã tenham à religião , venham elas se tornarem muçulmanas ou não. “O espaço por enquanto é improvisado, mas a ideia é ter um tempo próprio”, avalia Thiago. Para tornar a religião mais acessível, o sermão na Ufes é feito parte em árabe e parte em português.
Com o funcionamento da mesquita na Ufes, a Comunidade Muçulmana Capixaba pretende realizar o mapeamento de todos os seguidores do islã que residem no estado.
Além de Vitória, há registro de muçulmanos morando em São Mateus, Guarapari, Vila Velha e Cariacica. Eles são universitários, funcionários públicos ou privados, e profissionais liberais, alguns oriundos de outros países, como Egito, Marrocos, Iraque, Síria e Palestina.
“Esse lugar é um marco histórico para a gente começar a se reunir. Com a ajuda de Alá, queremos divulgar nossa cultura para todo o estado. A gente vem para enriquecer a diversidade”, diz Hadi A. Khalifa.
De acordo com Thiago Queiroz, a Comunidade Muçulmana Capixaba também recebe seguidores do islã de diversas partes do mundo, além de recepcionar estudantes intercambistas e trabalhadores de multinacionais oriundos de países islâmicos.
Projeções do Instituto de Pesquisas Norte-americano Pew Research Center mostram que, embora no Brasil ainda sejam poucos, o número global de muçulmanos deve aumentar cerca de 35% nos próximos 20 anos, passando dos atuais 1,6 bilhão para 2,2 bilhões, até 2030. Assim, a população muçulmana deverá crescer duas vezes mais do que as demais religiões. O Brasil está entre os 105 países com menos de 1% da população professando a fé islâmica. Mas há 32 países em que mais de 90% da população é muçulmana.
* Com colaboração de Patrik Camporez, do jornal A Gazeta.
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