Caso ocorreu em 2008 e, atualmente, é tema de estudo em Belo Horizonte.
Francisco da Xagas Silva ficou sem nenhuma sequela.
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(Foto: Pedro Triginelli/G1)
Depois disso, segundo a família, o eletricista teve a primeira parada cardíaca na porta do Hospital Risoleta Tolentino Neves, na capital mineira. De acordo com a filha dele, Ninotchka Lessa, que é enfermeira, a partir daquele momento, o coração de Silva parou e foi reanimado outras 69 vezes. “Os médicos chegavam a todo momento e diziam para esperar o pior porque era muito difícil”, afirmou a filha.
Depois das paradas cardíacas, Silva ficou 14 dias em coma. Ninotchka afirma que os médicos tentaram diminuir a sedação, mas o estado de saúde do pai continuava grave. A filha lembra como se fosse hoje do dia em que recebeu a notícia que o eletricista tinha acordado.
“Estávamos em casa esperando o horário para fazer uma visita, quando o telefone tocou. A gente estava esperando o pior. A enfermeira apenas disse que ele havia acordado e chamou pelo meu filho, Raphael”, explicou. O neto tinha nascido seis dias antes de Silva sofrer as paradas cardíacas.
O aposentado mudou os hábitos depois do susto que levou. Ele afirma que na época fumava quase dois maços de cigarro por dia. “Parei de fumar e hoje frequento a academia quase cinco vezes por semana. Só dou uma recaída quando vejo doces. Sou diabético”, informou. O eletricista já tinha um histórico de doenças como úlcera, tuberculose e uma trombose.
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O caso, considerado raro na medicina, fez parte da tese de doutorado da enfermeira Daniela Morais. O estudo – que discorre a respeito de fatores determinantes de sobrevida de pessoas que tiveram paradas cardíacas e receberam um atendimento inicial pelo Samu – será publicado em breve em um periódico científico.Para enfermeira, que estuda o tema desde 2005, conhecer um paciente como Silva é um grande privilégio. “Eu nunca imaginei encontrar uma pessoa tão bem, após ter passado por tantas situações complicadas”, disse Daniela.
A assessoria de imprensa do Hospital Tolentino Risoleta Neves informou que o paciente foi atendido na unidade de saúde em dezembro de 2008. O hospital não soube dar mais detalhes porque naquela época o sistema ainda não era informatizado e o médico que prestou o socorro não trabalha mais na instituição.
De acordo com a presidente da Sociedade Mineira de Cardiologia, Maria da Consolação Vieira Moreira, o caso como o de Francisco da Xagas Silva não é habitual. Para a especialista, a pessoa que tem parada cardíaca fora do hospital dificilmente sobrevive e, se acontece, normalmente, ela terá sequelas.
Segundo Maria da Consolação, a parada cardíaca é mais frequente após os 40 anos, em ambos os gêneros. Diversas são as causas que podem acarretar o problema. Entretanto, segundo a cardiologista, a parada cardíaca pode ser evitada com o controle do colesterol e da diabetes, verificação da pressão, visitas regulares ao médico, além da evitar hábitos como o fumo e o sedentarismo.
Passados três anos, Silva pensa que o que aconteceu só pode ter sido um milagre. “Não tenho medo de acontecer de novo. Sinto que estou vivendo de novo”, falou.
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