Rotina dos tratadores começa antes de o sol nascer e se encerra à noite.
Mas em meio às lidas do dia a dia, também há espaço para diversão.
Eles são centenas, espelhados por todo o Parque de Exposições Assis Brasil. Cerca de 250 dormem no alojamento provisório montado em um canto do parque. Outros se instalam em caminhões, trailers, motorhomes e até mesmo em barracas. Desde 2008, por determinação do Ministério Público do Trabalho, os tratadores estão proibidos de passar a noite dentro de galpões ou pavilhões da feira, junto dos animais.
Como nas estâncias, a lida diária dos peões começa cedo, antes do sol nascer. A maioria está de pé por volta das 5h. Só em dias de julgamentos ou leilões, eles precisam levantar cerca de 1h30 antes, para dar aquela caprichada no visual dos bichos. O tratamento de beleza inclui banho, corte, escovamento e secamento dos pelos, entre outros cuidados. Alguns passam até óleo para dar brilho.
“Eles precisam ficar bonitos para o povo olhar”, explica o tratador Nilmar Nassur, de 30 anos, que trabalha para a Cabanha Cezar, de Esmeralda, cidade do nordeste gaúcho, próxima a Vacaria.
Expointer participou (Foto: Márcio Luiz/G1)
Pela primeira vez na Expointer, Nilmar foi contratado temporariamente pelo patrão da cabanha. Vai receber em torno de R$ 1 mil por cerca de 15 dias de trabalho. Além dos nove dias de feira, ele chegou um pouco antes, para dar tempo de o gado se acostumar com ele. “É um ganho extra bom”, diz o peão, que se mantém trabalhando em outras feiras menores pelo estado e em fazendas de sua cidade natal e arredores.
Já Victor Mateus Rodrigues, 35 anos, é funcionário fixo da Fazenda Santa Clara, de Rosário do Sul, na Região da Campanha. Não ganha nenhum adicional para trabalhar na Expointer. Como Nilmar, ele também levanta cedo e encerra o expediente à noite, por volta das 21h. Mesmo assim, ele diz que gosta de trabalhar na feira. “É bom vir para cá, a gente também se diverte um pouco”, conta.
Victor já perdeu a conta de quantas exposições participou nos 11 anos que trabalha como peão. Ele diz que o trabalho na feira é menos intenso do que na fazenda, mas lá o expediente encerra algumas horas antes, durante a tarde. A única queixa do peão é o longo período longe da mulher Luciele e do filho Rodrigo, de 15 anos. “De vez em quando bate uma saudade”, confessa o tratador.
chimarrão e de viola (Foto: Montagem sobre fotos de Eduardo Seidl e Camila Domingues/Palácio Piratini)
Durante o dia, os peões passeiam pelo parque para assistir a competições como o Freio de Ouro ou dar uma olhada no agito da feira. Também conferem os produtos gaudérios vendidos nos estandes, embora os preços não sejam tão convidativos. Quando a noite cai, muitos ainda encontram disposição para participar de rodas de viola, bailes ou shows. Hábitos simples da vida no campo, reproduzidas na cidade grande.
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