Bototerapia leva grupos mensalmente para ter contato com os animais.
Equipe atua para preservar boto-vermelho ameaçado, afirma veterinário.
As crianças interagem, brincam e acabam conhecendo mais sobre o meio ambiente dos botos, o que ajuda a trazer auto-estima e a amenizar efeitos de certos problemas, segundo Andrade. Acompanhados dos pais, os jovens são levados em grupos de cinco ao encontro dos botos, uma vez por mês.
A ideia é levar gratuitamente jovens deficientes que não teriam condições de pagar um tratamento como este, pondera Andrade. Podem ser crianças com hemofilia, leucemia, cegas, surdas, com problemas motores ou com autismo, por exemplo. Elas são levadas de barco até o local onde ocorre a bototerapia.
Sem substituir tratamento
A bototerapia não visa substituir tratamentos tradicionais, necessários para crianças paraplégicas, hemofílicas ou com outros problemas. "Nós queremos ajudar a criança, complementar. Por exemplo, uma criança com autismo e que não tinha foco, não prestava atenção em nada, o pai hoje diz que houve uma melhora geral, que ela têm mais foco", afirma o fisioterapeuta.
Segundo o veterinário Diogo Lagroteria, um dos integrantes do projeto, a preservação do boto, que está ameaçado, é uma das preocupações do grupo. A equipe atua para conscientizar as comunidades de pescadores. "A espécie [usada na terapia] é o boto-vermelho, e há uma pressão da caça muito grande. Os pescadores usam a carne do boto como isca para pegar outros peixes."
boto (Foto: Diogo Lagroteria/Divulgação)
Além das crianças, parentes e auxiliares são levados de barco para o rio no dia da bototerapia. O grupo costuma ter de 12 a 15 pessoas, segundo Andrade.
Baixo impacto
Analista ambiental do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais), o veterinário Lagroteria ressalta que o trabalho da bototerapia segue normas para o baixo impacto com os botos.
'parentes' dos golfinhos (Foto: Diogo Lagroteria/
Divulgação)
"Estimamos quanto alimento deve ser dado, para não deixar o boto dependente do ser humano. Também estimamos que não é todo dia que pode haver interação, para o animal não criar vínculo afetivo", diz Lagroteria.
Uma das ideias principais do estudo é que o boto consiga sobreviver sozinho, mantenha as habilidades de caça para buscar alimento e não dependa das pessoas, afirma o veterinário.
A técnica utilizada por Andrade na terapia é o rolfing, que trabalha com a manipulação de tendões, músculos e outras partes do corpo, segundo o fisioterapeuta. "O músculo pode comprimir o nervo ciático, por exemplo. Ele visa alinhar a pessoa, organizar o joelho, descomprimir o pescoço e outras atividades, buscando um equilíbrio para o corpo."
A demanda nos últimos anos está tão grande que tem havido "overbooking", pondera o criador do projeto. Ele ressalta que não há como atender a todos que procuram a terapia, e que se houvesse mais patrocínio seria possível atender mais gente.
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