Em
um mercado cada vez mais disputado, com o peso dos desafios econômicos
do Brasil e do mundo, o controle rigoroso de custos e margens deixou de
ser uma opção e se tornou uma necessidade de saúde financeira para as
empresas. Segundo a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais
e Financeiras (FIPECAFI), a chave para a sobrevivência e o sucesso
também pode estar na análise estratégica dos custos dos concorrentes.
Segundo
Welington Rocha, que é diretor-presidente da FIPECAFI e coautor do
livro "Estratégia, Competitividade e Gestão de Custos", a chave para o
sucesso empresarial reside na análise estratégica dos custos da
concorrência, através da metodologia Competitor-Focused Accounting
(CFA). Ao mapear os custos dos rivais, as empresas não apenas otimizam
seus próprios gastos e margens de lucro, mas também desvendam
oportunidades de mercado antes ocultas. Rocha destaca que essa prática
transcende a simples redução de custos, impulsionando a performance dos
negócios e, consequentemente, fortalecendo a competitividade do Brasil
no cenário global.
A
compreensão sobre a necessidade de as empresas usarem ferramentas que
fazem seus negócios serem mais competitivos, como aponta Rocha, se dá
pelo cenário em que o Brasil se demonstra em queda, ocupando a 62ª posição entre 67 países analisados, no Ranking Mundial de Competitividade IMD divulgado pela Fundação Dom Cabral.
Fato que traz um olhar de atenção para governos e companhias sobre como
melhorar suas atuações no âmbito social, econômico e financeiro.
“Na
prática, é necessário seguir algumas etapas que antecedem este
mapeamento, que não é simples: necessita de pesquisas, cálculos, e exige
paciência. Começando na compreensão de que concorrentes em custos não
são apenas as companhias que disputam o mesmo mercado com produtos que
seu negócio oferece, mas também todos os fornecedores e demais atores
envolvidos no seu ecossistema de atuação. Ao entender isso, será
possível obter uma visão ampla e estratégica sobre como mapear seus
rivais, conseguindo estimar seus custos fixos e variáveis”, afirma.
Etapas para um mapeamento
Desta
forma, a análise do concorrente se trata de um processo contínuo, com a
adoção de alguns passos, os quais não devem ser vistos como uma tarefa a
ser realizada uma única vez, mas operacionalizados de maneira
consistente e constante ao longo do tempo:
a) Identificar os concorrentes e quais deles deseja analisar.
b) Definir os dados e as informações necessárias.
c) Definir as fontes e as formas de coletar os dados e as informações.
d) Proceder à coleta dos dados e das informações.
e) Realizar a classificação, compilação, análise e interpretação dos dados e informações.
O
diretor presidente da FIPECAFI, Welington Rocha, ainda destaca que há
ações que podem ser obtidas sobre os concorrentes de interesse,
analisando os dados quantitativos e qualitativos. “As referências de
quantidades não monetárias incluem informações sobre a estrutura
operacional, como a capacidade de produção, o número de níveis
hierárquicos, a diversidade de produtos, fornecedores, clientes e
máquinas, além de médias históricas de proporções relevantes. Já os
monetários, abrangem investimentos em marketing, preservação ambiental e
programas de qualidade, depreciação acumulada, gastos com reparos,
treinamento e desenvolvimento (T&D), custos de comercialização e
produção, e a composição do capital, incluindo recursos próprios e de
terceiros. A análise conjunta desses números permite uma visão completa
da saúde financeira e da estratégia operacional da concorrência”,
ressalta Rocha.
Dados recentes do Boletim Mapa de Empresas do Governo Federal revelam que, no primeiro quadrimestre de 2024, 1.456.958 companhias foram inauguradas, um aumento expressivo de 26,5% em comparação com o terceiro quadrimestre de 2023. Em contraponto, 854.150 negócios foram fechados, representando aumento de 24,4%.
Considerando
os números expressivos, incluindo pequenos negócios e até mesmo grandes
empreendimentos, independentemente do segmento e do porte, a análise de
custos dos concorrentes é bem-vinda. Desde que tenha três
características básicas: constância, longevidade e envolvimento para
isso.
No capítulo Análise de Custos dos Concorrentes, do livro "Estratégia, Competitividade e Gestão de Custos”,
é indicado que, para implementar um sistema de inteligência
competitiva, uma tarefa importante é treinar os colaboradores da empresa
sobre possíveis fontes de dados e informações que podem ser obtidos
legalmente e dentro da ética empresarial.
Segundo
os autores, que também pertencem ao corpo docente da FIPECAFI, algumas
fontes já estão dentro da própria companhia como, por exemplo, a força
de vendas, atendimento ao cliente, operadores de distribuição,
publicidade, compras, pesquisa e desenvolvimento. Além dessas, devem ser
consideradas as agências de crédito, relações governamentais e legais,
bibliotecas, bases de dados eletrônicas, pessoal, feiras profissionais,
associações, arquivos governamentais, relatórios anuais, análises de
seguros e engenharia reversa. E também, quando disponíveis, as
demonstrações financeiras dos concorrentes.
Formatos de cálculos
Alguns dos exemplos simples de contas, que os autores apontam por meio da contabilidade para competividade, estão abaixo:
Supondo:
Vendas de $800 no ano 1 e $1.000 no ano 2
Custo dos produtos vendidos de $700 no ano 1 e 820 no ano 2, tem-se:
a) Estimativa dos Custos Variáveis do Concorrente
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