- Etapa
retratada nas telas é a mais desafiadora para estudantes em todos os
sistemas educacionais, diz Patricia Mota Guedes, superintendente do Itaú
Social
- No Brasil, escuta de mais de 2 milhões de adolescentes dá início a mudanças na educação
[Abril de 2025] Lançada
em 13 de março de 2025, a minissérie britânica “Adolescência”, da
Netflix, tem conquistado o público global com uma narrativa inquietante
sobre a complexidade da juventude contemporânea. Dirigida por Philip
Barantini e escrita por Jack Thorne e Stephen Graham - que também assume
o papel do protagonista, Eddie Miller -, a produção de quatro episódios
acompanha a história de Jamie Miller (Owen Cooper), um adolescente de
13 anos, cuja vida toma um rumo inesperado. Para além de um drama
policial, “Adolescência” se destaca como um alerta sobre as influências
do ambiente digital, social e familiar na formação dos jovens.
À
medida que a trama avança, camadas da personalidade do adolescente e de
seu entorno são reveladas: ele é um jovem vulnerável ao bullying,
exposto a conteúdos online misóginos e influenciado por figuras
controversas. Nesse contexto, a série ainda questiona como a combinação
de falta de suporte familiar e escolar, pressão social e radicalização
digital podem moldar comportamentos.
No
Brasil, “Adolescência” ressoa de maneira particular no âmbito da
educação, com contornos distintos devido às desigualdades que ampliam os
riscos enfrentados pelos estudantes, como os retratados na minissérie.
“A fase vivenciada pelo protagonista se compara a dos nossos estudantes
dos Anos Finais do Ensino Fundamental, entre 11 e 14 anos. É um período
de transições simultâneas que pode ser desafiador em todos os sistemas
educacionais. É justamente o momento em que eles entram no início da
puberdade, navegando pelo desenvolvimento da identidade e mudando os
relacionamentos com colegas, pais e professores”, explica a
superintendente do Itaú Social, Patricia Mota Guedes.
Ela
destaca ainda as eventuais mudanças de turmas ou mesmo de escolas ao
chegarem no sexto ano do Fundamental, além das novas disciplinas que
exigem dos alunos tarefas mais complexas. “Essas mudanças fazem parte da
trajetória escolar. A questão é como os adolescentes são apoiados
nestes processos, e como escolas e redes de ensino se preparam para este
papel”, ressalta.
A
produção da Netflix também convida o espectador a refletir sobre a
responsabilidade coletiva - de pais, educadores e sociedade - em um
mundo em que os jovens têm acesso irrestrito a conteúdos potencialmente
prejudiciais. “Ao fortalecer a relação escola-família, cultivar um clima
escolar acolhedor e abrir espaço para discussão sobre segurança online,
assim como diferentes espaços de participação e produção dos próprios
adolescentes, é possível construir uma rede de suporte que ajude os
estudantes dos Anos Finais a navegar por suas transições com
resiliência”, destaca a superintendente.
Escuta de adolescentes dá início a mudanças na educação brasileira
Em
2024, o Brasil ouviu mais de 2,3 milhões de adolescentes dos Anos
Finais do Ensino Fundamental (6º ao 9º ano). A iniciativa é resultado da
“Semana da Escuta das Adolescências nas Escolas”, que abriu espaço para
que jovens de escolas municipais e estaduais de todas as regiões do
país expressassem suas percepções, desejos e anseios em relação à
escola. “A construção do programa nacional Escola das Adolescências
rompeu com a ausência histórica de políticas para esta etapa no Brasil. É
a voz dos nossos jovens falando sobre aquilo que, talvez, os adultos
ainda não tenham escutado - mas que precisam”, afirma Patricia. As
percepções estão sendo consolidadas em um relatório nacional que será
lançado em breve pelo MEC (Ministério da Educação).
Cursos autoformativos e gratuitos exploram acolhimento e transição escolar de jovens
Além
dos resultados do documento, outros materiais de apoio e conteúdos
formativos já estão disponíveis para gestores e educadores e são uma
oportunidade de construir estratégias de aproximação e acolhimento
dentro das escolas.
Em
um cenário de constantes novidades digitais, como evidenciado na
minissérie “Adolescência”, o conhecimento se torna peça-chave para que
todos os envolvidos na formação dos estudantes acompanhem seus
comportamentos no universo conectado.
Conheça alguns cursos oferecidos pela Escola Fundação Itaú:
Acolhimento e clima escolar:
o objetivo é dar suporte à equipe da Secretaria de Educação a um
planejamento de atuação que considere como premissas o acolhimento da
comunidade escolar diante da crise vivida e a necessidade permanente de
zelo pelo clima escolar como um dos fatores centrais para a aprendizagem
de estudantes e educadores.
Apoio à transição para os Anos Finais:
o curso visa refletir sobre os aspectos que impactam a passagem dos
anos iniciais para os anos finais do Ensino Fundamental e como
profissionais da Educação podem planejar a acolhida e a rotina para que
as e os estudantes tenham motivação para aprender.
Ame sua mente na Escola:
A partir do entendimento de que a prevenção desempenha um papel crucial
no tratamento de transtornos mentais, a formação foi desenvolvida
considerando o educador como público-alvo, uma vez que ele está em
contato direto e diário com os estudantes em todas as suas fases de
desenvolvimento. Isso possibilita ao profissional da educação a
oportunidade de observá-los em diversos contextos. Desta forma, a ideia é
que este curso contribua para a formação emocional e cognitiva dos
educadores, assim como possa auxiliá-los a lidar melhor com as questões
de saúde mental na comunidade escolar.
Fortalecimento da relação escola-família e comunidade:
a tecnologia educacional foca na importância do fortalecimento da
relação entre a escola, as famílias e a comunidade, com destaque para a
construção conjunta de planos de ação, que colaborem tanto com os
processos da gestão escolar quanto com as aprendizagens de crianças e
adolescentes. Os conhecimentos sistematizados no curso contribuem com a
ampliação do diálogo entre os principais atores da comunidade escolar e
para comprometê-los na criação e sustentação de uma escola para além de
muros.
Círculos de leitura: um espaço de troca e conexão:
o objetivo do curso é apresentar estratégias para apoiar os jovens no
desenvolvimento de sua identidade, cidadania e relacionamento com a
comunidade por meio da leitura e compartilhamento em grupo.
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