Por Wilson Pedroso*
Todos
os anos, no mês de abril, o MST intensifica as ações em busca de maior
visibilidade para a agenda da reforma agrária no Brasil. O período é
escolhido para relembrar o chamado Massacre de Eldorado do Carajás, que
resultou na morte de 21 pessoas. Mas o fato é que, apesar do forte
potencial de apelo social, o movimento entrou em um claro processo de
decadência ideológica junto à opinião pública e não encontra apoio
popular significativo.
Essa
percepção foi confirmada por meio de recente levantamento do Instituto
de Pesquisa Realtime Big Data. O resultado mostrou que apenas 32% dos
brasileiros declaram estar de acordo ou apoiar as demandas no MST. Por
outro lado, 66% afirmaram ser contrários às pautas do movimento,
enquanto 2% não souberam ou não quiseram responder.
O
Realtime Bigdata também quis saber se o Governo Federal deve ajudar o
MST. À essa pergunta, 62% responderam “não” enquanto apenas 29% disseram
“sim”, sendo que 9% não opinaram. Para finalizar, 70% dos cidadãos
consultados acreditam que o apoio do governo ao movimento sem terra não
deve ajudar Lula nas eleições presidenciais de 2026. Apenas 22%
consideram que o apoio é eleitoralmente positivo e 8% não responderam.
A
margem de erro da pesquisa é de 3 pontos percentuais, para mais ou para
menos, com nível de confiança de 95%. No total, 1200 pessoas foram
ouvidas entre os dias 15 e 16 de abril, em todas as regiões do país. Se
considerarmos que Lula venceu as últimas eleições com mais de 50% dos
votos, na prática a pesquisa nos mostra que, mesmo para uma camada dos
eleitores com perfil ideológico de esquerda, a imagem do MST é
negativa.
A falta
de apoio popular ao movimento sem terra pode ser explicada por meio da
análise de sua evolução histórica. O MST nasceu na década de 80,
defendendo a reforma agrária por meio da distribuição de terras ociosas a
trabalhadores rurais. Na teoria, a mensagem era irretocável, mas ela
acabou se perdendo na execução prática e as ocupações violentas
ocorridas com o passar do tempo conferiram alta carga negativa ao MST.
Ainda
estão vivas na memória das pessoas as notícias sobre propriedades
invadidas como, por exemplo, as fazendas da família do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso e da empresa Suzano Papel e Celulose. Além
disso, também vieram a público as listas com nomes das pessoas à espera
de serem assentadas, manipuladas pelo movimento para participação de
atos organizados. Tais erros de estratégia fizeram nascer entre os
brasileiros o conceito de que o MST é político e radicalizado.
Mesmo
assim, Lula não abre mão de sua ligação com o movimento e tem atuado
para beneficiá-lo no atual mandato. Ele acredita que o MST seja um apoio
importante para 2026, mas essa pode ser uma jogada arriscada,
especialmente quando precisar sair em busca de votos dos eleitores de
centro e indecisos. Não estamos mais na década de 80, os tempos mudaram.
E os cidadãos brasileiros sabem disso.
Wilson Pedroso é analista político e consultor eleitoral, com MBA nas áreas de Gestão e Marketing
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