José Casado
Veja
No fim de semana, o presidente Lula saiu da reunião de cúpula do G7, em Hiroshima, deixando um rastro de dúvidas entre líderes dos países mais industrializados sobre sua política externa com a Rússia, no conflito militar na Ucrânia, e com a China, na guerra pela disputa econômica e tecnológica com os Estados Unidos e a Europa.
Na segunda-feira (22), de volta ao Brasil, topou com a primeira e previsível crise dentro do governo, que pode acabar na demissão da ministra do Meio Ambiente Marina Silva.
NÃO HÁ PROJETO – De um lado, está em jogo o futuro da Petrobras, aflita com a perspectiva de declínio da produção no pré-sal do Sudeste, na próxima década. De outro, as perspectivas do parque industrial brasileiro, tecnologicamente assentado no consumo de energia fóssil.
Impasses sobre a prospecção de petróleo na costa do Amapá e a produção de um “carro popular”, turbinada por isenções tributárias, têm origem comum: a indefinição de um projeto para reestruturação da economia numa etapa de transição energética mundial.
Isso só é possível a partir de escolhas sobre política externa, ambiental e econômica, muito além das planilhas de despesa e de dívida pública. Mas, por conveniências eleitorais, Lula preferiu evitá-las na campanha, na transição e neste início de governo. Para agonia de aliados, se mantém em aparente inércia.
UMA RARA PARCERIA – Na terça-feira (23), viu-se diante de uma eloquente muralha erguida no Congresso, em rara parceria de Arthur Lira, presidente da Câmara, com Rodrigo Pacheco, presidente do Senado.
Fizeram questão de deixar claro que é melhor Lula se acostumar porque não conseguirá reverter “realidades nacionais”, na definição do senador, em casos como os das leis da autonomia do Banco Central, da expansão do saneamento básico e da privatização da Eletrobras.
O caso da empresa de energia elétrica motivou uma ação assinada por Lula no Supremo com acusações — sem provas — de conluio do Congresso na aprovação da lei de privatização para favorecer lucros privados.
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