Jeniffer Gularte
O Globo
Numa mudança de discurso em relação à semana passada, o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou nesta terça-feira que o governo vai defender a aprovação da Medida Provisória que reestruturou os ministérios da forma como está, embora admita que “não é o relatório ideal”.
Na quinta-feira, Lula havia prometido às ministras Marina Silva (Meio Ambiente) e Sônia Guajajara (Povos Indígenas) que ia “trabalhar” o assunto no Congresso e até vetar as alterações. Na sexta-feira, Alexandre Padilha e Rui Costa, da Casa Civil, tinham afirmado que atuariam para que o desenho do governo feito no início do ano retornasse ao “conceito original”.
TUDO MUDOU — “Vamos fazer defesa do relatório do jeito que está. Vamos discutir no plenário o que eventualmente possa ter de sugestões. Não é o relatório ideal para o governo, o ideal era o texto original. Mas existe uma construção que é feita pela Câmara e o Senado. Tem pontos que o governo eventualmente não concorda. Não acho que é melhor e o ideal. Vamos defender o relatório” — disse Padilha a deputados e senadores durante almoço da Frente Parlamentar do Empreendedorismo.
O relatório do deputado Isnaldo Bullhões (MDB-AL), aprovado em comissão especial na última quarta-feira, alterou o desenho original reestruturação da Esplanada feita por Lula e enfraqueceu as atribuições dos ministérios do Meio Ambiente e dos Povos Indígenas.
Como mostrou O Globo, o governo abriu mão de reverter o esvaziamento de ministérios do Meio Ambiente e Povos Indígenas e passou a focar em não ampliar lista de derrotas com a votação dessa MP.
NA ÚLTIMA HORA – Um fator que pesou na decisão de não reabrir as negociações é o prazo exíguo para sua aprovação: a medida vence na próxima quinta-feira, dia 1º, e ainda precisará passar também pelo Senado.
No plenário, a temperatura não é favorável. Líder do União Brasil, terceira maior bancada da Câmara, com 59 deputados, Elmar Nascimento (BA) defende a aprovação do relatório e diz que a sigla não vai sugerir alterações. O líder da bancada ruralista, Pedro Lupion (PP-PR), seguiu o mesmo tom, mas ponderou que se, o texto for modificado, o bloco vai articular novas derrotas a Lula.
— Se houver mudança, então nós vamos para os destaques — disse o deputado, em referência a pedidos para votação em separado de emendas que já foram apresentadas, tiveram a constitucionalidade avalizada na comissão, mas não chegaram a ser incorporadas ao relatório.
MATA ATLÂNTICA – Em outro tema que representou um revés para a ala do governo liderada por Marina, o Planalto anunciou que vetará os trechos da MP da Mata Atlântica que foram inseridos pela Câmara e abrem margem para o aumento do desmatamento.
Como revelou ontem a colunista Malu Gaspar, uma nota técnica elaborada pelo Ministério de Minas e Energia em março avalizou pontos da norma criticados por ambientalistas.
O ministro da pasta, Alexandre Silveira, vive um embate interno com Marina também decorrente de outro tema: a realização de estudos para a exploração de petróleo na Foz do Amazonas, vetada pelo Ibama.
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