BLOG ORLANDO TAMBOSI
A ecoinsanidade das elites define a abertura de uma mina de carvão como um 'crime contra a humanidade'. Brendan O'Neill, da Spiked, para a Oeste:
Aloucura
dos ativistas da pauta verde está chegando ao auge. Nesta semana,
Caroline Lucas, do Partido Verde, uma das principais figuras políticas
da pauta ecológica do Reino Unido, se referiu à construção de uma nova
mina de carvão como um “crime contra a humanidade”. Vamos pensar nisso.
No passado, assassinatos em massa, extermínio, escravização e deportação
forçada de um povo eram considerados crimes contra a humanidade. Agora,
a construção de uma mina em Cumbria, no noroeste da Inglaterra, que vai
gerar 500 novos empregos e produzir 28 milhões de toneladas de carvão
por anos, é tratada nesses termos. Talvez os chefes da mina de carvão
devam ser mandados para (o Tribunal Internacional de) Haia. Talvez os
homens que vão extrair o carvão devam ser obrigados, junto com figuras
do Estado Islâmico, a assumir responsabilidade por seu comportamento
genocida.
Não
podemos deixar passar os comentários insanos de Lucas. Precisamos
refletir sobre como chegamos a uma situação em que uma figura política
conhecida, festejada pela grande mídia, pode comparar a mineração de
carvão a crimes de extermínio. Foi no Guardian — onde mais? — que
Caroline Lucas fez seus comentários acalorados. Na quarta-feira, quando o
governo deu sinal verde à movimentação da mina, a primeira nova mina de
carvão na Inglaterra em 30 anos, Lucas escreveu que a coisa toda era
“realmente terrível”. Essa “mina de carvão retrógrada e péssima para o
clima” não passa de um “crime climático contra a humanidade”, afirmou
ela.
Caroline Lucas, do Partido Verde da Inglaterra e do País de Gales
É
mesmo? Sinto muito por ser tão pedante, mas não é um crime extrair
carvão da terra. Se fosse, os líderes da China — onde são produzidos 13
milhões de toneladas de carvão por dia, para colocar os 2,8 milhões de
toneladas por ano da mina de Cumbria em perspectiva — estariam
apodrecendo na prisão. Não vejo a hora de ver Lucas decretando a prisão
de Xi Jinping. Com certeza não se trata de um crime contra a humanidade.
O termo chegou ao uso popular durante os julgamentos dos nazistas em
Nüremberg. Ele se refere a um ato maléfico de tamanha enormidade que
pode ser considerado uma agressão contra toda a humanidade. Terra
chamando Caroline Lucas: extrair carvão para fazer aço — que vai ser a
finalidade básica da mina de Cumbria — não é uma afronta à humanidade.
Mas vou dizer o que é uma afronta: falar da queima de carvão nos mesmos
termos usados para tratar da queima de seres humanos. Isso, Caroline, é
deplorável.
A vulgarização do Holocausto
O
discurso apocalíptico desgastado de figuras como Lucas causa dois
males. Primeiro, ele demoniza da forma mais histérica esforços
totalmente normais e, na verdade, bons. A mina de carvão de Cumbria vai
gerar centenas de empregos bem remunerados. E vai ajudar a reduzir a
dependência do Reino Unido de carvão importado. São coisas positivas.
Devem ser celebradas. Claro, para Lucas e outros ecologistas de classe
média, o fato de as comunidades locais em Cumbria terem recebido de
braços abertos a mina é só uma prova da “nostalgia” pelo passado e de
que elas foram “seduzidas” por um plano que na verdade vai lhes trazer
“sofrimento”. Condescendente? As classes trabalhadoras de Cumbria que
não veem a hora de começar a minerar são um exemplo de racionalidade em
comparação com o pessoal do Guardian que está gritando loucamente que o
carvão é um crime contra a humanidade.
A
segunda coisa ruim que esse tipo de conversa causa é a minimização de
crimes reais contra a humanidade. Lucas não é a única ativista verde que
faz uso de obscenidades da História para tentar dar algum peso moral à
sua fúria burguesa contra a modernidade. O arcebispo da Cantuária certa
vez comparou a mudança climática ao Holocausto (ele pediu desculpas
depois). Esses ativistas usam livremente termos como “ecocídio”, como se
derrubar árvores fosse a mesma coisa que matar pessoas. Jornalistas
pedem a punição daqueles que exploram a natureza no Tribunal Penal
Internacional ao lado daqueles que cometem “crimes contra a humanidade,
crimes de guerra e genocídio”. Os irritantes membros do Insulate Britain
comparam aqueles que “ficam em silêncio” sobre a mudança climática
àqueles que ficaram “passivos indiferentes à ascensão do nazismo e ao
aumento da perseguição que culminou no Holocausto”.
Uma
conversa tão prepotente sobre genocídio é um insulto aos milhões de
pessoas que perderam a vida em genocídios de fato. Ela também é
obviamente pensada para aumentar a histeria sobre a mudança climática. É
uma tática cínica de insuflar o terror. Os ambientalistas estão usando
uma linguagem cada vez mais extremista para tentar instaurar o pânico
nas massas e fazê-las mudarem de comportamento. Aliás, é notável que
estejamos ouvindo cada vez menos sobre a “mudança climática” e cada vez
mais sobre “emergência climática”, ou até “apocalipse climático”. O
dicionário Oxford afirma que a linguagem sobre o clima está mudando para
refletir “uma ideia de urgência muito real”. O grupo Extinction
Rebellion chegou a protestar do lado de fora da redação do New York
Times exigindo que o jornal use “emergência climática”, em vez de
“mudança climática”. Especialistas em linguística celebram essa nova
gramática da catástrofe com base no fato de que ela ajuda a “a
transmitir ao público a mensagem de uma ameaça cada vez mais urgente”.
A histeria ecológica é uma ameaça à razão
Em
resumo, a manipulação da linguagem ajuda a manipular o pensamento. Se
as pessoas puderem ser convencidas de que estamos rumando a um
apocalipse climático — o que claramente não é o caso —, elas talvez
comecem a se comportar de maneira mais ecorresponsável. O objetivo de
inflamar o terror ambiental é reprimir a dissidência. Questione qualquer
aspecto da ideologia eco, e você será acusado de facilitar o
Armageddon. Quando se refere à mineração de carvão como um crime contra a
humanidade, Caroline Lucas implicitamente condena todo apoiador da
iniciativa como um participante moral dessa tirania. Uma linguagem tão
falsa e inflamada transforma em criminosas as pessoas que consideram a
mineração de carvão algo bom. Deixamos de simplesmente ter um ponto de
vista diferente do dos ambientalistas e nos tornamos defensores
vergonhosos dos inflamadores inomináveis do apocalipse. Nossas palavras,
assim como aquela mina de carvão, devem ser fechadas.
O
impacto do terror ambiental é grave. Ele está apavorando os mais
jovens, criando uma doença chamada “ansiedade climática”, que está
deixando as pessoas “tristes”, “assustadas”, “ansiosas” e se sentindo
“indefesas”. Está colocando a subsistência das pessoas em risco. Se as
coisas fossem como os ambientalistas querem, centenas de pessoas em
Cumbria estariam sem trabalho. Ou veriam uma crise na agricultura em
toda parte, do Canadá à Irlanda, passando pela Holanda, enquanto os
governos criam regras rigorosas e ridículas sobre o uso de nitrogênio.
Acredita-se que 3 mil fazendas holandesas vão sucumbir. Ou vamos
considerar o impacto empobrecedor que a histeria ecológica tem em países
como o Sri Lanka e no restante do Sul global, enquanto a inflamação do
terror das elites ocidentais é globalizada, em detrimento do crescimento
e do desenvolvimento. É de fato irônico que os divulgadores de elite da
insanidade ecológica falem de crimes contra a humanidade, dado o
impacto palpavelmente nocivo que suas políticas têm na humanidade do
Sul.
A
controvérsia sobre a mina da Cumbria de fato demonstra como a ideologia
do ambientalismo é antagônica aos interesses das classes trabalhadoras.
Em resumo, o que temos aqui são membros privilegiados das classes que
trabalham no computador gritando “apocalipse” porque 500 pessoas
arrumaram emprego em uma indústria de que não gostam. Não existe uma
prova mais evidente de que a histeria ecológica é uma ameaça à razão, à
discussão racional e ao direito das pessoas comuns de trabalharem e
serem autônomas.
Postado há 8 hours ago por Orlando Tambosi
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