Brasília, 25 de agosto de 2022
- Durante a 13ª edição do Congresso Brasileiro do Algodão (CBA),
realizada de 16 a 18 de agosto na cidade de Salvador, na Bahia, o projeto +Algodão
participou de uma das salas temáticas do congresso, no dia 17,
intitulada “A cultura do algodão é econômica e socialmente viável para a
agricultura familiar?” O CBA é o maior evento do Brasil sobre o setor
algodoeiro e, na edição de 2022, teve como tema central “Algodão
brasileiro: desafios e perspectivas no novo cenário mundial”.
O
projeto +Algodão é uma iniciativa de cooperação Sul-Sul trilateral
executada de maneira conjunta pela Organização das Nações Unidas para a
Alimentação e a Agricultura (FAO), a Agência Brasileira de Cooperação do
Ministério das Relações Exteriores (ABC/MRE) e os governos dos países
parceiros, no âmbito do Programa de Cooperação Internacional Brasil-FAO.
A
coordenadora regional do projeto pela FAO, Adriana Gregolin, apresentou
um panorama das experiências de produção de algodão em pequena escala
nos países da América Latina, a partir das ações desenvolvidas no âmbito
da cooperação Sul-Sul trilateral. Segundo Gregolin, o projeto trabalha a
partir de um modelo de cadeia de valor com uma visão de sistema
algodão-têxtil-confecções. Entre os resultados ao longo de nove anos de
execução, a coordenadora destacou as 14 mil pessoas alcançadas pelas
ações do projeto, especialmente, agricultores e agricultoras familiares,
artesãs, técnicos de assistência técnica e extensão rural,
pesquisadores, representantes de governos, entre outros. “Trabalhamos
com o empoderamento por meio da capacitação”, disse.
Entre
os principais resultados do projeto +Algodão, apontou: o resgate de 12
variedades de algodão, o incremento da oferta de máquinas e o aumento da
produtividade nas unidades demonstrativas implementadas nos países,
como é o caso do Peru que alcançou 71% de incremento de produtividade.
“Isso só foi possível por meio do trabalho com boas práticas e com o
somatório de esforços”.
Cecília
Malaguti, responsável na ABC/MRE pela cooperação Sul-Sul com organismos
internacionais, afirmou que este projeto foi pensado para abordar a
cadeia do algodão de forma integral e abrangente, visando contribuir
para a melhoria da qualidade de vida dos agricultores familiares. Sobre o
uso de inovações e tecnologias Malaguti avaliou: “Acreditamos que isso
possa assegurar a qualidade e a rentabilidade na agricultura familiar
algodoeira. Para isso, é importante que sigamos trabalhando de maneira
conjunta e participativa”.
Os
pesquisadores da Embrapa Algodão, Odilon da Silva e Valdinei Sofiatti,
apresentaram a experiência da mecanização para a agricultura familiar.
Silva comentou sobre as inovações tecnológicas para a agricultura
familiar algodoeira, desenvolvidas pela empresa, como a descaroçadora de
algodão, que inclusive foi levada para o Equador, no âmbito do projeto
+Algodão Equador. Já o pesquisador Sofiatti, apresentou a colheitadeira
de algodão de uma linha, de baixo custo que desenvolveram para uso em
pequenas áreas produtoras de algodão. Ambos ressaltaram que a
disponibilidade de máquinas e equipamentos para a agricultura familiar é
central para garantir mais sustentabilidade econômica e social no
rural. Também afirmaram que é relevante o uso de tecnologias para
melhorar a produtividade e qualidade de vida às famílias e contribuir
para sua permanência no campo.
Encerrando
as apresentações do painel, José Tibúrcio, representando da Cooperativa
de Produtores Rurais de Catuti (Coopercat), compartilhou a experiência
da cooperativa na organização dos agricultores como fator de sucesso na
produção do algodão. Ao longo dos últimos anos, por meio da Coopercat,
vem sendo retomada a produção algodoeira em Catuti, norte de Minas
Gerais, abandonada em meados dos anos 90 depois da proliferação do
bicudo, uma praga que exterminou a produção algodoeira na região. Ele
destacou a importância de levar informação e tecnologias para os
agricultores familiares, como por exemplo, para o controle do bicudo.
Stand
Durante
os três dias de congresso, os visitantes puderam conhecer mais sobre as
iniciativas de Cooperação Sul-Sul desenvolvidas na América Latina e na
África para fortalecer o setor algodoeiro, entre elas, o projeto
+Algodão, no stand da ABC/MRE. Um dos destaques foi o
aplicativo LazosApp, uma inovação em comunicação digital desenvolvida
pelo projeto +Algodão e que já está disponível na Play Store. O
aplicativo foi concebido em forma de rede social para unir todo o setor
algodoeiro da América Latina, oferecendo a oportunidade de criar redes
temáticas sobre o tema do algodão sustentável.
Planejamento para os próximos dois anos
Representantes
da ABC/MRE, da FAO, da Embrapa, da Empaer-PB, de governos, associações
do setor algodoeiro e pesquisadores de países parceiros do projeto
+Algodão que integraram a delegação de 45 pessoas da América Latina
participaram, no dia 19 de agosto, em Salvador, de uma reunião regional
onde foram discutidas e identificadas as ações estratégicas para
execução no projeto nos próximos dois anos. Entre os temas identificados
se destacam o desenvolvimento de banco de sementes, a continuidade do
fortalecimento do uso da mecanização e inovações tecnológicas e o tema
de acesso a mercado, incluindo certificação e assistência técnica e
extensão rural (ATER).
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