Duarte Bertolini
O Brasil é tão surreal que creio estar delirando, por vezes. Assistir à entrevista de Lula foi certamente uma oportunidade única no mundo ocidental. Quem estava ligado na Globo acompanhou o momento histórico de revelações comparáveis aos mais impactantes momentos da civilização.
Personificado por Lula, um novo rei Sol desceu à Terra para lembrar todos os feitos gloriosos, dizer que todos devem ser eternamente gratos, sacudir com as pontas dos dedos as caspas das acusações maldosas e superficiais sobre ele insinuadas, para enfim nos intimar a adentrar novamente no paraíso e usufruir suas novas benesses a partir de 2023.
AJUDA PROVIDENCIAL – Claro que a plataforma elevatória erguida pela dupla Bonner/Globo muito ajudou. Chamar de “escada” a primeira e taxativa informação de que Lula agora era uma homem inocente, sem dúvida, é uma grotesca manipulação de fatos criminais e exorcismos jurídicos fora da lei, pois Lula continua processado pelos mesmo crimes. A diferença é que as ações agora não andam…
Escancaramentos deste tipo merecem, pelo menos, uma designação mais majestosa, por isso nossa opção por “plataforma elevatória” para erguer Lula de sua realidade ultrajante.
Assim, com entrevistadores compreensivos para facilitar o serviço, além da absoluta segurança ao operacionalizá-lo, foi fácil para Lula se transformar no Robin Hood das empreiteiras e dos políticos corruptos, culpando a Lava Jato pelos grandes problemas nacionais.
CAÇADOR DA CORRUPÇÃO – Ouvimos, didática e repetidamente, sua autoproclamação em defensor nº 1 da moralidade administrativa. Portou-se como grande caçador da corrupção, sem lembrar ter comandado o maior esquema de desvios públicos já registrado no mundo. Depois, elogiou os tempos em que a polarização era entre petistas e tucanos, destacando que jamais foram inimigos, mas apenas adversários, e então passou a criticar Jair Bolsonaro como atual fomentador do ódio na sociedade brasileira. “Bolsonaro não manda nada, parece um bobo da corte”, disparou.
Disposto a resolver todos os problemas do Brasil e do mundo, o modesto candidato do PT anunciou que no primeiro mês de governo já estará no exterior, para encaminhar soluções. E pretende repetir sua fórmula mágica de resolver os impasses através do diálogo intermediado por “uma cervejinha”.
É duro pensar que a maioria dos brasileiros já acreditou num político desta categoria. E pior ainda é imaginar que ele possa ser eleito de novo.
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