Entenda isso.
Revista Sociedade Militar
Em comum com a situação brasileira, além do partido no poder se chamar partido PT
(Pheu Thai), a chefe de governo na Tailandia era uma mulher que
governava sob a orientação de um ex-governante muito populista, do qual
recebeu gigantesca "herança poítica". O partido da Premier afastada
mantinha também programas populistas, um deles é o subsídio para compra
de arroz. Acusações de corrupção e favorecimentos também forneceram
combustível à crise política.
Muitos oposicionistas do Brasil justificam seus pedidos de intervenção militar
com base no que aconteceu recentemente na Tailândia. Vejamos o que
ocorreu por lá, de forma simplificada, é claro. O espaço aqui é pequeno.
Em
2013 cem mil pessoas foram as ruas. Diferente do que ocorreu aqui, a
sociedade se manifestou especificamente contra o governo. Na época os
jornais destacavam também que, a massa nas ruas era heterogênea, sendo
que parte significativa dos manifestantes era formada por pessoas com
mais de 40 anos.
Uma das frases gritadas era: “Eles têm que se ir embora, Não quero mais a família Shinawatra aqui. Têm que deixar o país”

Shinawatra é o sobrenome da ministra deposta e de seu irmão exilado, que ainda mantém o controle do PPT.
Algum tempo depois do início das manifestações populares, o principal partido de oposição se uniu aos manifestantes. "A
primeira-ministra não tem o direito de presidir negociações, já que ela
é o centro dos problemas. A primeira-ministra deve renunciar para que a
sociedade encontre uma solução para o país", declarou o líder da oposição em novembro de 2013.
Note que a Primeira Ministra da Tailândia,
que a imprensa faz parecer que foi afastada pelo “golpe militar”, na
verdade foi condenada na justiça comum e demitida do cargo. Ou seja, ela
sofreu uma espécie de IMPEACHMENT em 7 de maio de 2014. Os militares
aguardaram até 22 de maio, até que todas as possibilidades legais fossem
esgotadas para o país sair do caos, mas não aconteceu, então decidiram
intervir.
Os militares suspenderam a Constituição e apresentaram o seu roteiro
para retirar a Tailândia da crise política generalizada. Logo após a
intervenção, anunciaram que pelo menos 155 políticos estão proibidos de
deixar o país, entre eles a ex- Primeira Ministra Yingluck Shinawatra.
Por uma infeliz coincidência o partido deposto na Tailândia era o
Partido Pheu Thai, que pode ser abreviado por PT, ou PPT. O partido é
majoritariamente apoiado pela população mais humilde.

A crise se agravou depois que a Primeira Ministra Yingluck Shinawatra,
deposta foi acusada de governar sob as ordens de seu irmão Thaksin
Shinawatra, condenado por corrupção a dois anos de prisão, e atualmente
foragido do país. Mas que permanece ainda como uma espécie de ícone do
partido. A chefe de governo é também acusada de corrupção na compra do
arroz subsidiado e de tentar impor uma anistia a todos os políticos
condenados ou afastados em anos anteriores.
A Primeira Ministra foi LEGALMENTE
julgada e condenada. Foram também condenados e demitidos outros 9
ministros. Após a condenação a crise política aumentou, políticos de
situação e oposição continuaram os embates e as manifestações
permaneceram nas ruas. As forças armadas decretaram toque de recolher e
dois dias depois assumiram o controle do país.
Portanto, a ação MILITAR não veio do nada, não caiu do céu. A população foi para as ruas e insistiu na adoção de medidas legais, como o julgamento da líder governista. Os
militares aguardaram até que todas as possibilidades legais fossem
esgotadas. O povo permaneceu nas ruas. Por ultimo, o exército chegou a
convocar representantes dos partidos, na tentativa de promover uma
re-conciliação, mas isso não deu certo.
Recado.
No Brasil ha um povo está disposto a mudar as coisas, isso foi provado
nas eleições, isso é provado nas manifestações. Oposição nas ruas não se
faz de qualquer maneira. Lideranças precisam agir estrategicamente e
conduzir os acontecimentos para que o Brasil assuma rumos mais
promissores.
No caso da Tailândia pode-se perceber que
a sociedade se concentrou em fazer com que a governante fosse
processada legalmente. Embora alguns o fizessem, a massa não pedia predominantemente
a ajuda dos militares. Se assim ocorresse, a oposição seria taxada de
anti-democrática e golpista, dando pontos para o governo corrupto frente
à comunidade internacional. Quando uma fortificação inimiga está
abalada se concentra o fogo no ponto fraco. Pergunte-se: qual o ponto
fraco do ParTido a derrubar? (Corrupção, Petrobrás, perdão de dívidas
estrangeiras?) Atirem então nesse(s) "local"(is). Na Tailândia a
persistência inteligente acabou por levar a uma reação em cadeia que
retirou do poder a Premier e vários de seus companheiros de partido,
gerando uma situação insustentável. Em seguida os militares precisaram
intervir para restabelecer a ordem. E isso ocorreu naturalmente e quase
sem incidentes desagradáveis.
Robson A.D.Silva – Cientista Social – Revista Sociedade Militar.
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