Aposentada Vanda Dantas não conhecia sua família biológica.
'Gostaria de ter conhecido meu pai', diz aposentada.
Irmãos Homero e Vanda se encontraram pela primeira vez nesta quinta-feira (Foto: Veriana Ribeiro/G1)
A coisa que mais chamou a atenção da aposentada Vanda Dantas
Vasconcelos, de 82 anos, ao conhecer o irmão, Homero da Silveira Dantas,
81, foi o nariz. "É igual ao meu", disse rindo. Após 80 anos separados,
os dois se encontraram pela primeira vez nesta quinta-feira (6), na
Secretaria de Segurança Pública do Acre, em Rio Branco.O nariz curvado, segundo os irmãos, é uma herança biológica do pai, João Luiz Dantas, que faleceu na década de 60. Filhos de mães diferentes, os dois irmãos têm apenas o pai como ligação. Curiosamente, a aposentada lembra que na infância não gostava do próprio nariz. "Quando eu era menina achava muito feio, dormia com o esparadrapo grudado nele para ver se levantava, mas isso nunca aconteceu", conta.
Vanda nasceu no seringal Guanabara, no interior de Sena Madureira (AC), e, atualmente, vive em Recife (PE). Ela saiu do Acre quando era ainda um bebê e foi criada por um avô adotivo, mas cresceu com poucas informações sobre sua família biológica. "Sempre que eu perguntava, só diziam que minha mãe tinha morrido no parto. Isso me incomodava muito, queria conhecer minha história, mas não me contavam", lembra Vanda.
Foi o filho Ricardo Dantas, coronel da Polícia Militar de Pernambuco, que decidiu procurar pela família da mãe. Há dois anos, ele entrou em contato com um amigo de infância, o coronel Edvaldo Tavares, que trabalha na Polícia Militar do Acre. "Dei a certidão de nascimento, ele foi fazer esse trabalho da garimpagem, porque o cartório não existe mais. Quando confirmou, minha mãe foi só alegria", conta.
Família se reúne pela primeira vez, na foto Vanda e Homero com os filhos (Foto: Veriana Ribeiro/G1)
Edvaldo conta que a maior dificuldade para encontrar a família de Vanda foi a falta de documentos ou registros oficiais da época. "De posse da documentação que ela tinha, nós começamos as buscas. Mas era muito difícil, porque não tinham dados ou registros oficiais. Precisamos partir para uma pesquisa de campo. Nós conversamos com pessoas em Sena Madureira, Tarauacá, Feijó e todo aquele entorno", explica.
A diretora de Inteligência da Secretaria de Segurança Pública (Sesp), Alieth Gadelha, explica que foi necessário fazer um resgate histórico da família, cruzando os dados com as informações obtidas durante a pesquisa de campo. "Ela tem duas certidões de nascimento, mas foi apenas através de uma que conseguimos confirmar o parentesco. Por isso, foi necessário fazer um resgate histórico, para comparar com os dados atuais dos filhos, dos netos. Nós fomos voltando no tempo", diz.
O coronel Edvaldo afirma que todos os envolvidos tiveram muito cuidado para ter certeza do parentesco antes de marcar um encontro entre os irmãos. "A pior coisa seria criar uma expectativa e não ser aquela pessoa, já que no Acre o sobrenome Dantas é muito usado. Tínhamos que ter certeza. Foi um trabalho em conjunto para conseguirnos sistematizar toda a história e confirmar os dados", afirma.
Para Homero, todas as dúvidas em relação ao parentesco se dissiparam no primeiro encontro. "Ela parece muito com uma irmã minha que vive no Rio de Janeiro", disse. Além do aposentado, Vanda descobriu que tem mais quatro irmãs que vivem em outros estados brasileiros. A família deseja promover o encontro dela com cada um dos seus familiares.
Vanda veio acompanhada de quatro filhos e duas noras, que vieram de Pernambuco para conhecer a família acreana. Eles vão ficar no Acre até domingo (9), para que os irmãos e primos possam se conhecer melhor.
A aposentada se considera uma mulher forte e afirma que não chorou no encontro com o irmão, mas olhando a foto do pai ela confessa um desejo. "Gostaria de ter tido este momento antes, para que eu pudesse ter conhecido meu pai", finalizou Vanda.
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