Empresas precisam aprender a lidar com escassez, diz consultor.
Comunidades do Pará lucram com economia verde.
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Cooperativa
vende sementes de árvores que eram indesejadas para empresa de
cosméticos e garante variedade na produção (Foto: Felipe Pasini /
Divulgação Natura)
Para o agricultor Lucivaldo Piedade da Conceição, da comunidade de Camtauá, a 15 quilômetros de Santo Antônio do Tauá,
nordeste do Pará, a árvore do muru muru era um incômodo: o vegetal
disputava a terra com os açaizeiros, e por isso era cortado para liberar
espaço. Tudo mudou há 3 anos, quando ele e outros pequenos produtores
firmaram uma cooperativa com uma indústria de cosméticos, que compra as
amêndoas do muru muru para usar como matéria-prima.“A renda de cada um melhorou muito. Antes era só mandioca, hoje a produção tá bem ampliada”, comemora Conceição. Só em 2012, a cooperativa conseguiu entregar 30 toneladas de amêndoas para o cliente, que forneceu treinamento para a mão de obra local. “Nós temos programas de boas práticas de cultivo. Há esta preocupação para termos volume, qualidade e respeito da biodiversidade e capacidade da floresta”, revela Mauro Costa, diretor de ecorrelações da multinacional.
Ricardo Voltolini diz que sustentabilidade ajuda a
consertar os erros do capitaismo
(Foto: Divulgação / Ricardo Voltolini)
Segundo o consultor Ricardo Voltolini, que participa de um evento de sustentabilidade em Belém
nesta sexta-feira (4), o interesse das empresas brasileiras pela
economia verde aumenta desde 1998, quando foi criado o Instituto Ethos,
uma organização social que incentiva as práticas sustentáveis para a
preservação dos seus negócios. “As empresas compreendem que precisam
aprender a lidar com um quadro de escassez e mudanças climáticas”, disse
o consultor.consertar os erros do capitaismo
(Foto: Divulgação / Ricardo Voltolini)
Além disso, Voltolini ressalta que os consumidores preferem escolher produtos que não agridam a natureza. “Cada vez mais os consumidores estão atentos e críticos aos impactos que a empresa produz, seja social ou ambientalmente. Empresas que geram impacto são questionadas pelos consumidores”, avalia.
Para Ricardo, o governo deveria viabilizar benefícios para empresas ambientalmente responsáveis, como uma forma de incentivar a economia verde. “Deveríamos pensar no conceito de impostos verdes, pensando em uma tributação diferente para empresas que usem matrizes energéticas, diminuindo a tributação para aumentar a competitividade”, pondera.
“A sustentabilidade é uma forma de rever os defeitos do capitalismo. Quando eu vejo o que se faz no Brasil, percebo que estamos muito atrasados”, conclui Voltolini.
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