Para especialista, SC pode sofrer sanções por pintos enterrados vivos

Dono de granja enterrou vivos 114 mil pintos por não ter ração suficiente.
Alta no preço do milho gera crise no setor por ser ingrediente para ração.

Joana Caldas Do G1 SC

Santa Catarina pode sofrer perda de contratos devido à repercussão negativa do caso dos pintos enterrados vivos em uma granja de Paulo Lopes, na Grande Florianópolis. A opinião é da doutora em ciências humanas com especialização em bioética Samantha Buglione. "O mercado internacional tem uma série de regras de conduta exigidas para finalizar negócios", explicou. Muitos países, principalmente europeus e o Japão, não compram carnes de animais que sofreram maus tratos durante a vida.

Na quinta (16)  o G1 noticiou a situação de uma granja que enterrou vivos 114 mil pintos e jogou fora ovos em que os animais estavam prestes a nascer (veja o vídeo ao lado). Na ocasião, o dono do estabelecimento disse que não tinha mais ração para alimentar as aves. A equipe da RBS TV tentou entrar em contato novamente nesta sexta (17) com o dono da granja, mas ele não quis dar entrevista.
A avicultura passa por uma crise neste ano, por causa da alta do preço do milho no mercado. De acordo com o engenheiro agrônomo Júlio Rodigheri, do Centro de Socioeconomia e Planejamento Agrícola da Epagri, como o milho é usado na fabricação de ração, o custo de produção dos animais ficou muito mais alto do que o valor em que eles são vendidos no mercado.

Santa Catarina não produz milho suficiente e precisa comprar de outros estados, principalmente do Paraná e Mato Grosso, o que encarece ainda mais o produto devido aos custos de transporte. O clima também não ajudou o estado paranaense e prejudicou a produção. O alto preço do milho também incentiva a exportação, o que agrava ainda mais a situação no mercado interno. O engenheiro agrônomo prevê que 2,6 milhões de toneladas do produto faltarão em Santa Catarina em 2012. O mercado internacional, devido à crise, está mais receptivo ao milho do que a carne, o que dificulta as exportações para os criadores de aves.