No Hospital Regional do Baixo Amazonas, em Santarém, a TO é essencial no desenvolvimento motor e psicológico de quem passa anos em tratamento
Aos 14 anos, Élida de Sousa é uma paciente especial no Hospital Regional do Baixo Amazonas “Dr. Waldemar Penna” (HRBA), em Santarém, Oeste do Pará. Desde os seis meses de vida, ela faz tratamento de longa permanência na unidade, devido a uma neuropatia congênita. Diariamente, Élida passa por uma rotina de terapias necessárias ao seu desenvolvimento motor e psicológico.
A terapia ocupacional com peças de encaixe é um dos tratamentos adotados pela terapeuta da unidade, Leila de Fátima Oliveira. Durante a terapia, vista pela paciente mais como uma brincadeira, ela responde a perguntas sobre cores e números. O encaixe pode não dar certo e a torre que montava, desabar. Mas Élida enfrenta o desafio. “Eu gosto bastante. Acabou não dando certo dessa vez, mas não tem problema. Na próxima, vai dar”, diz a paciente.
“Eu acho muito importante o trabalho da TO. O desenvolvimento dela melhora muito, principalmente a capacidade motora. Além de ser uma forma de distração dessa rotina no Hospital. Ela gosta muito e fica na expectativa para esse momento”, conta a mãe da adolescente, Eda Ferreira.
Outro usuário de longa permanência no HRBA é Heitor Moreira, 4 nos. Em tratamento de uma doença degenerativa rara, Atrofia Muscular Espinhal (AME), desde que nasceu, o menino também participa das sessões de terapia ocupacional. Para Simone Lopes, mãe de Heitor, esse trabalho é fundamental. “No processo de tratamento do Heitor a terapia ocupacional é muito importante. Os exercícios ajudam muito. Até na forma de comunicação dele. Como ele não fala, com as sessões de TO consegue fazer gestos e indicar o que está querendo, além de toda a parte pedagógica, o que aprende sobre as cores e números com as brincadeiras e os jogos”, destaca Simone.
Autonomia e bem-estar - O serviço de Terapia Ocupacional é ofertado aos pacientes internados no Hospital Regional do Baixo Amazonas, unidade que pertence ao Governo do Pará, administrada pelo Instituto Social Mais Saúde. Em 2022, o setor realizou 998 atendimentos, com o objetivo de auxiliar o desenvolvimento psicomotor dos usuários e garantir bem-estar a quem está em tratamento, e também aos acompanhantes.
“Fazemos exercícios de coordenação motora, amplitude de movimentos, de força. Também trabalhamos a prevenção do estresse ou desconforto trazido pela quebra de rotina, quando o paciente precisa se adequar ao ambiente hospitalar. Para os usuários de longa permanência fazemos dinâmicas para desenvolver a autonomia e dar mais qualidade de vida a eles. Tudo depende do contexto de cada paciente, e também dos acompanhantes. Tentamos minimizar os impactos físicos e de estresse por conta do tratamento, das dificuldades que essas famílias passam para estarem aqui”, explica a terapeuta Leila Oliveira.
A profissional ressalta que os atendimentos vão muito além de simples brincadeiras, porque cada usuário requer um tipo diferente de dinâmica. “Buscamos o desenvolvimento humano, benefícios de saúde mental, cognitiva e psicomotora. Fazemos o estímulo e prevenção no contexto hospitalar. Sou apaixonada pelo que faço. Até brinco que é a única profissão em que fazemos o que o paciente quer, para entender depois o que ele necessita. Precisamos entender os diversos contextos em que esses pacientes estão inseridos”, acrescenta.
Atendimento de excelência - O HRBA é referência em média e alta complexidade para cerca de 1,4 milhão de pessoas residentes em 30 municípios do Oeste do Pará, ofertando 40 especialidades, entre elas Oncologia, Neurocirurgia, Ortopedia e Traumatologia, e Terapia Renal Substitutiva (hemodiálise).
“Nosso foco principal é o bem-estar dos nossos usuários. Queremos que eles recebam um atendimento de excelência. Por isso, o serviço de Terapia Ocupacional é tão importante. Este profissional traz um desenvolvimento fundamental aos pacientes, uma quebra da rotina hospitalar, e ao mesmo tempo o combate ao estresse e outros problemas de saúde mental. A TO auxilia muito no tratamento e oferece um serviço de qualidade e humanizado a todos que nos procuram”, garante o diretor-geral do HRBA, Éder Lúcio de Souza.
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