(Divulgação)
O leitor pode até já ter visto o minicarro que aparece nas fotos, mas é que, a partir deste mês, ele deixa o campo do pré-lançamento para ganhar as ruas chinesas. Desde o último dia 28 de julho, quem vive do outro lado da Grande Muralha pode comprar seu KiWi EV, da Baojun, por preços a partir de 69.800 yuans (o equivalente a R$ 53.400). Como se pode ver, por este valor o consumidor não leva para casa a quintessência do espaço e do luxo, pelo contrário, mas um modelo com distância entreeixos de 2,89 metros – 37 cm maior que a do Fiat Argo, por exemplo – e quatro lugares. Obviamente, o melhor está no fato de seu dono riscar a bomba de combustível do caderninho, já que nunca mais terá que visitar um posto, independentemente do preço da gasolina e da guerra fiscal entre o governo federal e os estados.
Seu motor 100% elétrico fornece potência de 40 kW, equivalente a 54 cv, e torque instantâneo de 150 Nm (15,2 mkgf). Equipado com baterias de lítio-ferrofosfato (LFP) de 31,9 kWh, o pequenino KiWi EV atinge os 100 km/h de velocidade máxima e tem alcance de 305 quilômetros, sem necessidade de recarga. Por falar nisso, a Baojun garante que, no modo rápido, o pacote leva apenas uma hora para ser totalmente recarregado – pessoalmente, acredito mais na informação não oficial de que, em uma hora, a recarga vai de 30% a 80% da capacidade das baterias, dependendo da rede. Em termos visuais, o lançamento é mais atraente que a maioria dos microcarros chineses e há até quem o acha “estiloso”, futurista.
O grande mote de KiWi EV, no entanto, não está só na praticidade e na economia, mas na primazia do Autonomous Driving Domain Controller (DJI80), sistema de condução autônoma de Nível 2+. Para quem não conhece a DJI, trata-se do maior fabricante de drones do mundo, com sede em Shenzhen. A tecnologia embarcada no Baojun não deve ser comparada ao AutoPilot, da Tesla, mas inclui estacionamento automático e pode assumir o controle do carrinho a 80 km/h, seguindo o veículo que vai à frente, mantendo-se dentro da faixa de rolamento ou podendo até mesmo mudar de faixa.
Interior e investimento
Por dentro, o microEV traz acabamento simples, painéis e forrações – a Baojun anuncia o uso de camurça nos bancos, mas quem conhece “couro” ecológico desconfia da fidelidade do material – em dois tons. Duas telas de 10,2 polegadas, cada, integram o quadro de instrumentos e o sistema de infoteinment, com navegador por comandos de voz. Já seu volante multifuncional tem design e controles mais assemelhados aos de modelos de classes superiores do que, propriamente, com os chinesinhos mais espartanos. Por fora, destaque para as “cores” Mocha, Twilight e Matcha.
Em termos gerais, trata-se de um modelo de entrada, ou melhor, da porta de entrada para a eletromobildade. Mais que isso, é com um veículo como o KiWi EV que o Brasil pode iniciar sua requalificação industrial. Sua hipotética nacionalização, por exemplo, demandaria investimentos entre R$ 5 bilhões e R$ 10 bilhões. Parece muito, mas, em 2019, a grande mídia jogou confete quando a Jeep anunciou que investiria R$ 7,5 bilhões em sua fábrica pernambucana, em um plano de cinco anos. Ou seja, com um aporte desta mesma ordem, seria possível produção, localmente, um modelo que, apesar do tamanho diminuto, significaria um grande passo para nossa indústria. E isso para ofertar um EV que poderia custar 30% menos que o ultrapassado – porém muito usável, temos que reconhecer – Gol 1.0, da Volkswagen.
Pelo que se cobra, qual deles o leitor preferiria?
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