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Autor: Virgilio Marques dos Santos, CEO da FM2S Educação e Consultoria | |
No artigo de hoje, quero compartilhar uma experiência que tive no final de semana, ao ir comprar pão para o lanche do sábado à noite. Chegando à padaria, vi um senhor tentando empurrar seu carro ladeira acima e seu filho, já adulto, dentro do carro. Chamou-me atenção a cena, haja vista que era de se esperar que ambos se ajudassem na tarefa. Como não aguento ver alguém e não ajudar, resolvi me aproximar. O senhor ficou muito animado ao me ver e disse que o filho não estava ajudando, pois estava em recuperação de uma cirurgia. Justificativa feita, iniciei a tarefa física de empurrar o carro ladeira acima. O problema, porém, foi que o senhor pedia ao filho que conduzisse o veículo no assento do passageiro - o que, obviamente, não dava certo. Depois de empurrar o carro ladeira acima três vezes sem conseguir estacioná-lo, o senhor começou a brigar com o filho. "Poxa", dizia ele, "você não consegue estacionar". O filho, por sua vez, retrucava e dizia que era impossível estacionar do passageiro. E, eu lá, suando e esperando a discussão terminar. Não aguentando mais ver a cena, fiz a sugestão que o filho saísse do carro e o senhor assumisse o volante. Quando me vi sozinho, o peso do carro dobrou e empurrá-lo exigiu toda a tração que meu chinelo era capaz de dar. Nisso, parou uma moça e veio nos ajudar. Foi uma situação reconfortante. Juntos, continuamos a empurrar o carro e o senhor a tentar dirigi-lo, sem muita maestria. Depois de três tentativas, começamos ajudá-lo com dicas de como manobrar. Ao final, ele conseguiu. Findo o processo, nos agradeceu e cada um tomou seu rumo. O que refleti sobre o acontecimento? Primeiro: ajudar o próximo é muito importante. Ao ver alguém em apuros, ofereça ajuda. Sentir-se acolhido nessas horas é condição fundamental para nos sentirmos humanos. Segundo: se você começar a ajudar, logo em seguida outras pessoas irão se juntar a você. Não sei se é da nossa evolução como espécie, mas funciona. Terceiro: se você conseguiu o engajamento de outras pessoas para resolver um problema, lidere corretamente. Tenha calma com a situação que saiu-lhe ao controle. Quarto: não discuta com os seus, na frente dos que lhe ajudam. Quinto: se está num time com problema, mesmo que combalido por uma cirurgia, ajude. Não fique sentado à espera, se você puder andar. Sobre liderança Na situação que presenciei, ficou claro como era importante o senhor ter liderado a galera que o ajudava. Quando sou recurso em algum projeto, espero que o líder conduza corretamente o veículo para a vaga desejada. No caso, passar 10 minutos fazendo força para alguém não conseguir transformar seu trabalho em algo útil é frustrante. Se isso acontece numa empresa, tenha certeza, haverá risco dos seus colaboradores procurarem alternativas melhores. Também fiquei incomodado com a discussão do pai e do filho, pois não adiantava buscar um culpado. O senhor, imbuído da tarefa de liderar o estacionamento, não deveria reclamar do filho por não conseguir fazê-lo. Deveria dar instruções claras sobre como esse teria de proceder para resolver o problema. Na experiência que tivemos, ficou clara a falta de liderança do pai em relação ao problema. Sobre engajamento Aqui, as lições foram mais positivas. Ver uma moça parar o carro e nos ajudar na tarefa foi uma lição de humanidade. E, o mais importante, a certeza de que ao iniciar uma empreitada cuja causa é nobre, outros irão ajudá-lo. Num país polarizado, como o que vivemos, às vezes nos esquecemos de como podemos compartilhar objetivos e trabalhar juntos por eles, independentemente das opiniões divergentes em algumas coisas. Nem todos os meus amigos professam a mesma fé ou torcem para o mesmo time; entretanto, o portfólio de coisas que fizemos juntos é bem extenso. Num projeto de melhoria, sempre iremos enfrentar o medo da baixa adesão e a angústia pelo sucesso. Mas a certeza de que dará certo é condição fundamental para começá-lo. Precisa estar convencido disso, pois é essencial para convencer os demais da causa que defende e que os demais precisarão defender consigo. E assim, numa noite quente do inverno de Rio Claro, terminei por associar meu pão a uma aula de liderança. |
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