André Brant/Arquivo Hoje em Dia
Loja de carros novos em BH: vendas em alta, mas margens decrescentes
último relatório de crédito do Banco Central. Na comparação com
setembro do ano passado, o crescimento foi de 10,3%. O aumento é reflexo
da redução dos depósitos compulsórios (dinheiro dos bancos que fica
retido no BC), que passou a vigorar no final de agosto e liberou cerca
de R$ 15 bilhões para crédito.
Com mais dinheiro para emprestar, os bancos reduziram as exigências
para concessão de financiamentos. Além disso, as montadoras e
concessionárias estavam em plena temporada de promoções para tentar
reverter as vendas fracas verificadas desde o início do ano.
Segundo o relatório do BC, no acumulado do ano até setembro, o
crescimento nas operações de financiamento de veículos foi de 2,7%, e de
4,3% no acumulado de 12 meses até setembro. Para o vice-presidente do
Sindicato dos Concessionários e Distribuidores de Veículos de Minas
Gerais (Sincodiv-MG), Mauro Pinto de Moraes Filho, setembro foi um mês
que superou as expectativas. “Houve um crescimento que não era de se
esperar. O panorama era desfavorável”, afirmou. Segundo Mauro, embora o
setor tenha enfrentado um ano “complicado”, trabalhando com “margens
decrescentes”, o resultado positivo neste final de ano “deve ser
comemorado”.
Pessimismo
O gerente de vendas da concessionária Roma, revendedora da Fiat, Mark
Cretalde, afirma que ainda é cedo para falar em recuperação do setor e
não se mostra otimista para o final do ano.
Ele diz que ainda não sentiu uma reação consistente da demanda e que
trabalha ainda com o cenário de queda até o fim do ano. Opinião
semelhante tem o gerente de financiamento da concessionária Jorlan,
revendedora Chevrolet, Helbert Abrão, para quem “houve aumento de
demanda”, embora as vendas ainda estejam “aquém do patamar no qual
poderiam estar”.
Ele atribui o crescimento às promoções das montadoras e taxas especiais
de financiamento negociadas pelas concessionárias com os bancos.
“Cliente compra o carro em outubro e paga a primeira parcela no final de
novembro, provavelmente já com o 13º salário”, disse.
A recuperação do setor também não é uma realidade para o gerente de
vendas da Pisa, revendedora Ford, Antônio Longuinho. “Não se pode falar
em recuperação. As montadoras estão com taxa zero. É um sacrifício que
estão fazendo, então não se configura recuperação”, disse.
Comprador está com mais poder de negociação
O aumento na oferta de crédito pelos bancos beneficia o consumidor em
dois pontos: reduz as taxas de juros e diminui as exigências para
aprovação do crédito.
Apesar disso, o comprador de veículo deve pesquisar e negociar as
melhores condições de juros e pagamento, já que seu poder de barganha
aumentou desde a redução dos depósitos compulsórios.
De acordo com Mark Cretalde, da Roma, quanto maior o prazo de
pagamento, mais juros o cliente pagará e mais difícil será a aprovação
do crédito.
Para fugir dos juros, o gerente da Jorlan, Helbert Abrão, diz que os
clientes estão se esforçando para dar uma entrada maior, ou mesmo quitar
o veículo de uma só vez. “Os clientes preferem dar a metade ou 60% de
entrada, para pegar uma taxa melhor. E tem muita gente comprando carro a
vista”, disse.
No caso da Pisa, a maior parte dos financiamentos são de até 24 meses,
com explica o gerente Antônio Longuinho. “Geralmente optam por 50% de
entrada e o restante em 24 meses”, disse.
Mesmo com o recente aumento do financiamento de veículos, os estoques nos pátios das concessionárias seguem em níveis normais.
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