Aos 60 anos, estudante de Juiz de Fora almeja vaga no curso de medicina.
'Os idosos estão ficando mais antenados', diz coordenadora de curso.
Nivaldo (à direita), de 60 anos, quer ser médico e está se preparando para o Enem (Foto: Nathalie Guimarães/G1)
Não há idade para voltar aos estudos, e a vontade de aprender e de ter
uma graduação é característica de alguns alunos com mais de 50 anos em
um curso preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em
Juiz de Fora. Neste ano, as provas do Enem serão aplicadas nos dias 8 e 9
de novembro.Nivaldo Damasceno Ribeiro, de 60 anos, quer ser médico e está se preparando para fazer o Enem pelo Curso Preparatório para Concursos (CPC). Ele teve uma farmácia por dez anos em Volta Redonda (RJ) e, a partir da experiência no estabelecimento, interessou-se pela profissão. “É a primeira vez que vou tentar. A família está apoiando. Acho que quero ser clínico geral”, contou.
Já a estudante Gilda Barros, de 61 anos, sonha ser professora de geografia. Dona Gilda venceu obstáculos para ser alfabetizada. Com perseverança, concluiu o ensino fundamental e o médio. A alfabetização ocorreu mais tarde, sem ela nunca ter ido à escola. “Eu fui alfabetizada por uma boa senhora que foi minha tutora. Eu sou de família pobre, perdi meu pai muito cedo então essa senhora me acolheu. Ela também morava na roça e naquela época não era bom que uma menina acompanhasse os meninos porque eles iam para a aula a cavalo e eu não podia ir”, contou.
Ela sempre teve vontade de estudar e até frequentou a escola durante três anos sem o marido saber. “Meu marido era um pouco mais velho do que eu e um pouquinho ciumento. Eu queria muito estudar e tive uma oportunidade. Ele começou a viajar e comecei a estudar à noite”, recordou.
Há sete anos, Gilda assumiu a meta de entrar para a universidade. Ela concluiu o ensino fundamental pela Educação de Jovens e Adultos (EJA) e, em 2013, terminou o ensino médio. Viúva, ela concilia as tarefas do lar com os estudos. Gilda quer ser professora de geografia. “Agora estou pleiteando uma vaga na universidade federal porque o meu sonho é fazer geografia. Descobri que quero de fato conhecer o mundo através da geografia”, afirmou.
Acesso à educação
A supervisora de Políticas Públicas para a Juventude, Valéria Muricci, percebeu que a procura de idosos pelos cursinhos cresceu nos últimos dez anos. “Os idosos estão ficando mais antenados com o que está acontecendo no mundo. Eles não ficam só na televisão, estão chegando ao celular e à internet. Estão vendo que tem um mundo grande para eles conhecerem e só vão poder conhecer através de estudo”, afirmou.
Para o professor Victor Mitterofae, é evidente o empenho dos alunos mais velhos. “Eu percebo que os idosos estão dispostos a aprender. Eles têm a sabedoria da vida, as suas memórias, resgastes, mas estão sempre disponíveis a aprender e a compartilhar. E isso, para uma turma do Enem, é interessante”, destacou.
Eni (à esquerda) e Edna (à direita) são colegas no
curso (Foto: Nathalie Guimarães/G1)
Oportunidadecurso (Foto: Nathalie Guimarães/G1)
A Prefeitura oferece o CPC por meio da Secretaria de Desenvolvimento Social. O objetivo é criar oportunidade para estudantes de baixa renda ingressarem no ensino superior e técnico. Para isso, oferece cursos preparatórios que possibilitem aos alunos concorrer nos processos seletivos para instituições de ensino superior. Oferece também preparação para estudantes que desejam realizar provas para concursos públicos municipais e estaduais.
O atendimento tem como público prioritário os participantes de programas sociais federais, estaduais e municipais, incluídos no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
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