MEDIÇÃO DE TERRA

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sexta-feira, 14 de novembro de 2014

Corretores de imóveis de luxo do Rio afirmam que especulação diminuiu


Aluguel de cobertura na Avenida Vieira Souto chegou a R$ 120 mil por mês.
Compradores e vendedores pedem sigilo em negociações.

Cristina Boeckel Do G1 Rio
Imóvel na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, um dos pontos mais valorizados, segundo corretores (Foto: Daniel Silveira/G1)Imóvel na Avenida Delfim Moreira, no Leblon, um dos pontos mais valorizados, segundo corretores (Foto: Daniel Silveira/G1)
A venda de um apartamento no edifício Cap Ferrat por R$ 70 milhões, na orla de Ipanema, um dos endereços mais valorizados do Rio, voltou a atrair a atenção para o mercado de imóveis de luxo na cidade, que está desaquecido desde o fim do ano passado, de acordo com especialistas. Apesar do alvoroço em torno da negociação, três corretores de apartamentos e casas de alto padrão consultados pelo G1 afirmaram que o mercado vive um período realista, onde imóveis com valores muito fora da realidade acabam “encalhando”.
Para Ricardo Whitaker, proprietário da Whitaker e Monteiro Imóveis, que negocia com exclusividade o apartamento no edifício Cap Ferrat, perspectivas econômicas desfavoráveis estariam contribuindo para diminuição no ritmo das negociações: “Eu digo que o mercado está um pouco parado por causa do cenário econômico atual”.
O mesmo corretor também cuida da venda de um apartamento no edifício Juan Le Pin, outro prédio de alto luxo no Rio de Janeiro. O imóvel pode ser comprado pelo valor de R$ 43 milhões. O apartamento possui 600 m² de área privativa, que se transformam em 700 m² se levarmos em consideração o tamanho das varandas. O lugar conta com quatro suítes, quatro vagas de garagem e estrutura semelhante a do Cap Ferrat.
Rodrigo Barbosa, dono da Morabilidade, concorda que o cenário econômico está gerando insegurança neste mercado. “Eu cheguei até a receber e-mails de um morador do Jardim Pernambuco [Alto Leblon], que é uma área de casas de luxo, querendo comprar uma casa na Barra da Tijuca também, mas mudou de ideia. É um tempo de cautela”.
Renato Moura, dono da Zuma Realty Imóveis Exclusivos, usou um termo náutico para definir o momento atual como um período de “estofo da maré”, ou seja, o mercado teria chegado no seu limite de alta.  Segundo ele, os preços seguem valorizados na Zona Sul, mas não há mais espaço para especulação como no passado.
“A gente se deparava com muitas situações do tipo: você me chamava para avaliar o seu imóvel, eu fazia uma avaliação pragmática de, por exemplo, R$ 6 milhões, queria começar pedindo R$ 8 milhões. E por toda a euforia do mercado, o dono permitia a existência de uma espécie de ‘gordura especulativa’. A oferta era pouca e a procura era relativamente grande”, afirma Renato.
A venda e a compra de imóveis de luxo teriam entrado em uma nova era desde o fim do ano passado. “Claro que em uma escala mais lenta, mas eu não diria que ele está de todo parado. É importante frisar que os imóveis que conseguem ser vendidos são os que estão no valor de mercado".
Ainda segundo Renato Moura, o apartamento no Cap Ferrat por R$ 70 milhões está caro demais. O apartamento, que conta com cinco suítes na planta, 700 m² de tamanho, quatro vagas na garagem e até uma piscina na varanda estaria supervalorizado.
“O cara que pode comprar um imóvel no Cap Ferrat é bem-sucedido, não é um cara bobo. E eu pergunto: como há 3 meses foi vendido um apartamento no primeiro andar por R$ 30 milhões?” pergunta o dono de imobiliária, que acredita nem a altura do apartamento – especula-se que o imóvel à venda por R$ 70 milhões fique no 7 andar – nem a vista justificariam um aumento de mais de 100%.
Sigilo é fundamental
No mercado de altos valores, o sigilo é fator fundamental para fechar negócio. Nem vendedores e nem compradores gostam de ser identificados. “É um produto que não se anuncia. Quem tem o contato [dos proprietários] faz uma aproximação com os possíveis interessados”, explica Rodrigo Barbosa.
Os locais apontados pelos corretores onde ficam os principais imóveis deste mercado tão restrito são Avenida Vieira Souto, em Ipanema, e a Avenida Delfim Moreira, no Leblon. As casas do Jardim Pernambuco, também no Leblon, e a área ao redor da Rua Lopes Quintas, no Jardim Botânico, são igualmente valorizadas. Já Avenida Atlântica, em Copacabana, ainda encontra espaço entre os corretores devido à boa metragem dos seus imóveis, mas esbarra na pouca oferta de vagas de garagem nos edifícios antigos.
Especulação também atinge aluguéis
Para Renato Moura, a especulação contribui negativamente também para os aluguéis: “O mercado de aluguéis está em crise porque o preço depende do valor de venda [do imóvel].”
Rodrigo Barbosa discorda e ressalta que o mercado de aluguéis de alto padrão segue muito aquecido. Segundo ele, imóveis cujo aluguel gira em torno de R$ 20 mil, R$ 30 mil e R$ 40 mil são alvo de investidores mais cautelosos. “Tem quem prefira deixar o dinheiro investido, apostar que os preços vão se estabilizar e, daqui a um tempo, com a renda [do investimento], comprar um imóvel melhor".
Ele conta que o valor mais alto de aluguel do qual já tomou conhecimento foi de R$ 120 mil por mês por uma cobertura de 600 metros quadrados na Avenida Vieira Souto. O apartamento contava com quatro suítes e uma ampla área externa.

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