Justiça determinou internação, mas Secretaria de Saúde diz não ter vaga.
Estudante de arquitetura tem 21 anos e está em hospital no centro do DF.
que tem câncer e aguarda leito de UTI no DF
(Foto: Maria do Socorro Lira Queiroz/Arquivo Pessoal)
Mãe do paciente, a faxineira Maria do Socorro disse que o filho deu entrada na unidade no dia 23 de outubro após apresentar dificuldades para respirar e ter uma parada cardiorrespiratória. O rapaz faz hemodiálise três vezes por semana e usa quimioterápicos orais. No dia 11 de novembro, ele teve uma piora após ter um líquido drenado do pulmão.
“Pelo que os médicos dizem, ele pegou uma infecção no próprio hospital. Ele passou muito mal e foi levado para o box da emergência. O médico disse que tem que mantê-lo sedado, porque ele é muito agitado e tudo pode piorar a situação dele, e eu quase nunca consigo vê-lo. São uns 30 minutos e só de visita, mas nem sempre nos autorizam a entrar”, disse, chorando.
Costa teve o câncer na escápula – um osso do tórax – diagnosticado aos 18 anos. O jovem passou por 16 sessões de quimioterapia e depois tirou o nódulo que, segundo a mãe, tinha o tamanho de uma laranja. Apesar do tratamento, a doença se espalhou e atingiu diversos órgãos do garoto.
A notícia afetou a vida da família. O rapaz, a mãe, a irmã mais nova e o pai moram no Recanto das Emas. Costa tentou conciliar o tratamento com as atividades da faculdade, e a mãe acabou se afastando dos trabalhos em uma escola desde que ele foi internado.
“Estou me sentindo uma pessoa inútil em um país sem lei. Eu me sinto um nada. A gente não pode fazer o que tem que ser feito. Perguntei na Defensoria Pública o que eu poderia fazer se o governo não autorizasse e me disseram que nada”, afirmou a mulher.
O órgão informou ao G1 que atendeu Maria do Socorro no plantão do dia 12 e que notificou administrativamente o Centro de Regulação de Leitos da Secretaria de Saúde do DF, "cobrando o mais rápido possível à verificação de disponibilidade de leito". Ao saber que não havia leito disponível, a Defensoria diz ter ajuizado uma ação pedindo a vaga.
A entidade afirma ainda que feiz uma nova notificação judicial nesta sexta, ao perceber que o jovem continua na lista de espera. Segundo a Defensoria, uma nova decisão judicial obriga a secretaria a fonecer o leito, sob pena de multa.
A pasta afirmou que o rapaz está recebendo todo suporte necessário. A rede pública conta com 423 leitos de UTI, entre próprios, conveniados e contratados.
Decisões judiciais
A Defensoria Pública do Distrito Federal entrou com 1.396 ações contra a Secretaria de Saúde em 2013 – uma média de quatro casos por dia. As maiores demandas foram, respectivamente, por UTI, medicamentos, cirurgias e exames. Então coordenador do Núcleo de Saúde da Defensoria Pública do DF, Ramiro Sant'Ana afirmou que 90% das ações judiciais contra a pasta não são cumpridas dentro do prazo estipulado pela Justiça.
Dados da Defensoria Pública apontam que o órgão prestou 13.389 atendimentos no ano passado. Os casos que o órgão não conseguiu resolver administrativamente com a secretaria viraram ações judiciais. Foram 446 pedindo por UTI, 307 solicitando medicamentos, 269 pleiteando cirurgias e 123 demandando realização de exames.
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