Enquanto no último final de semana, o chocolate gourmet do Sul da Bahia
era uma das deliciosas e mais concorridas atrações do Salon du Chocolat,
em Paris, produtores da região comemoravam, em Ilhéus, um outro feito
histórico: na sexta-feira, 31, reunidos em assembleia no Espaço Cultural
Bataclan, eles apresentaram a documentação que será depositada no
Instituto Nacional de Patentes Industriais (INPI), com o aval do
Ministério da Agricultura, para a criação da Identidade Geográfica (IG)
do cacau sulbaiano. “As instituições atentaram para o fato de que a IG é
importante como elemento de agregação de valor e controle de qualidade
dos produtos registrados”, argumentou o presidente da Associação Cacau
sul da Bahia, Rodrigo Barreto. A associação lidera o movimento de
conquista da identificação geográfica, com apoio do Sebrae, através de
ação do Projeto Indústria Setorial Ilhéus. “A identificação vai mostrar
ao mundo a origem de nosso cacau e esse reconhecimento é um passo
decisivo para o crescimento do setor”, afirmou o gestor do projeto,
Eduardo Andrade. No documento protocolado junto ao INPI – a decisiva
etapa para se conquistar a IG -, a Associação Cacau Sul da Bahia
apresenta as condicionantes para a conquista do selo, a exemplo do
regulamento de uso, estudo histórico-cultural da região envolvida e o
mapa cartográfico com a abrangência geográfica do produto. O documento,
que demorou seis anos para ser concluído, é composto por quase 500
páginas com informações e critérios da produção de qualidade do cacau
especial da região, que já tem resultado na produção de chocolates finos
degustados em todo o mundo. Quando for reconhecido pelo INPI, a IG do
Cacau do Sul da Bahia envolverá uma área de cultivo estimada em 600 mil
hectares, em 83 municípios que produzem 300 mil toneladas de cacau por
ano em seis territórios regionais: Baixo Sul, Médio Rio de Contas, Médio
Sudoeste da Bahia, Litoral Sul, Costa do Descobrimento e Extremo Sul.
Será a mais extensa IG brasileira. A Região Sul da Bahia é uma Indicação
de Procedência (IP) reconhecida historicamente como produtora de cacau
de alta qualidade. A elaboração do documento contou também com o apoio
dos Institutos Cabruca e Arapyaú, Sebrae, Federação das Indústrias do
Estado da Bahia (Fieb), Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc),
Universidade Federal do Sul da Bahia e IF Baiano.
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