Em seis meses, dobra a intenção de investimento das empresas nacionais. Por Samantha Maia
por Samantha Maia
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publicado CARTA CAPITAL
Arte: CartaCapital
Apesar
das repetidas previsões pessimistas sobre a economia brasileira, uma
retomada dos investimentos está em gestação nas empresas. Segundo a
pesquisa Capital Confidence Barometer, da EY, antiga Ernst &
Young, realizada entre 1,6 mil executivos com poder de decisão sobre a
alocação de capital das companhias de 18 setores em 62 países, há um
renascimento no Brasil da disposição para investir em fusões e
aquisições, em atividades de risco e na internacionalização dos negócios. “Há seis meses, outros países já apresentavam esse movimento, mas
foi em outubro que captamos uma mudança de agenda entre os empresários
brasileiros, antes mais focados na operação”, diz Fábio Pires, sócio da
EY.
De acordo com o levantamento com 66
executivos brasileiros, 49% consideram prioritário aumentar o
investimento para a expansão da empresa nos próximos 12 meses. Há seis
meses, 21% declaravam essa percepção. As atenções dos empresários
deslocaram-se da manutenção e estabilidade dos negócios para a sua
expansão.
O interesse em fusões e aquisições como
parte de uma estratégia de crescimento deu um salto nos últimos seis
meses, de 23% para 48%, acima da média mundial de 40%. A preferência é
pela aquisição de pequenas e médias empresas alinhadas com o negócio
principal da compradora. Os principais setores no radar para aquisições
são o automotivo, de tecnologia, de ciências da vida, telecomunicações e
produtos de consumo.
Os entrevistados
identificam uma melhora das condições do mercado para a realização de
fusões e aquisições. A diminuição da diferença entre os preços
oferecidos pelos compradores e os estabelecidos pelos vendedores das
empresas-alvo estimula os negócios. Para 40% dos entrevistados, essa
diferença é inferior a 10%, o menor porcentual nos últimos três anos.
A mudança de estratégia do investidor
brasileiro é influenciada por um aumento da percepção de estabilidade
(39% ante 35% em abril) ou de crescimento (53% ante 52% em abril) da
economia global.
Em relação ao mercado nacional, 40% dos
executivos veem um cenário de declínio e apenas 34% apostam em melhoras.
Segundo a pesquisa, a sensação de piora na economia foi influenciada
pela incerteza quanto ao resultado das eleições presidenciais, e pelo
fraco crescimento do Produto Interno Bruto neste ano. O efeito desse
sentimento sobre os planos da empresa é, porém, limitado. “As
perspectivas para o Brasil no longo prazo atraem as empresas do mundo
todo, e as brasileiras sentem que não podem ficar para trás. Há uma
ideia de que é preciso estar no Brasil e participar. Os acionistas
pressionam nessa direção”, explica Pires. Entre abril e outubro, a
confiança na capacidade de a empresa gerar lucros aumentou de 39% para
41%. A aposta na estabilidade do mercado passou de 33% para 37%, e na
disponibilidade de crédito, de 26% para 34%.
O Brasil recuperou a
quinta posição como maior destino de investimentos estrangeiros para os
próximos 12 meses, perdida na pesquisa de abril para a Alemanha. À
frente estão apenas Reino Unido, Índia, Estados Unidos e China.
As brasileiras podem ser beneficiadas por
terem trabalhado ajustes necessários e se preparado para o desafio de
crescer em um mercado de recuperação lenta. A venda de ativos menos
atrativos fez parte das políticas de ajustes de muitas companhias, e
resultou em mais dinheiro em caixa para investir.
As respostas mostram mudanças de ênfase. As empresas
focadas em redução de custo e ganho de eficiência passaram de 43% em
abril, para 37% em outubro. A manutenção da estabilidade, uma prioridade
de 31% das companhias em abril, hoje está no topo dos planos de apenas
11% delas. Sobreviver é a preocupação principal de 3% das empresas, ante
5% em abril. A disposição para aumentar os investimentos dobrou,
conforme indicado anteriormente. “A incerteza sobre a economia nacional e
internacional levou os empresários a ajustar os seus negócios para
operar bem num período adverso”, ressalta Pires. Segundo o analista, os
últimos números demonstram uma recuperação da confiança.
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