Hospital de Parnaíba tem única UTI para atender a população do litoral.
Secretária de Saúde diz que fechamento é um atentado contra a população.
Hospital Estadual Dirceu Arcoverde é o maior centro médico do Litoral do Piauí (Foto: Patrícia Andrade/G1)
A única Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) que atende a região
litorânea do Piauí foi completamente parada na noite deste domingo (8).
Por conta da situação, a secretária municipal de Saúde de Parnaíba,
Maria do Amparo Coêlho, e o procurador do município Fábio Silva Araújo
registraram um boletim de ocorrência na 1º Distrito Policial da cidade.
Segundo a secretária, a situação gerada pela paralisação dos médicos do
Hospital Estadual Dirceu Mendes Arcoverde (Heda) chegou ao limite e se
tornou um "sério problema".“Os profissionais de saúde notificaram a secretaria que iam paralisar as atividades no Heda, mas em uma semana a situação ficou insustentável. Eles começaram a parar algumas atividades no dia 1º de agosto, mas desde então a situação só tem se agravado. O local é responsável pelo atendimento de pacientes não só de Parnaíba, mas também, de cerca de outros 10 municípios da região. Ele é o único hospital de referência para atender a parte litorânea do estado e fechar a sua UTI é um atentado contra a população”, disse.
De acordo com a secretária, a situação configura um crime e deve ser encarada como tal. “O Heda fechou as portas e está encaminhando os pacientes para o Pronto Socorro Municipal, mas o local não tem estrutura para recebê-los. Mais alarmante é a situação da UTI. Assim que soubemos que do fechamento, eu e o procurador do município, doutor Fábio Silva, nos encaminhamos para o local. Ao nos depararmos com a situação, decidimos registrar um B.O. porque essa paralisação pode configurar vários crimes, entre eles, omissão de socorro”, declarou.
Para o procurador Fábio, o município não pode se omitir ao problema na saúde pública cidade de Parnaíba. Ele diz que a Procuradoria Municipal vem tomando todas as providências cabíveis para colocar fim a paralisação no Hospital Estadual Dirceu Mendes Arcoverde.
“Por mais que a responsabilidade pelo funcionamento e manutenção do hospital seja do estado, o município não pode se omitir ao que está acontecendo. O Heda é o único hospital de referência da região, o único com UTI. Saber do seu fechamento levou ao registro do B.O. e a outras providências. Já contatamos o Ministério Público e o Poder Judiciário sobre a situação do Heda, além de estarmos esperando uma resposta positiva para a ação civil pública ingressada pela Procuradoria Geral do Estado responsabilizando o Governo do Estado pela situação do hospital”, relatou.
Averiguação de mortes
Segundo com a secretária municipal de Saúde, foram registradas mortes durante o período de paralisação no hospital de referência, fato que será averiguado para identificar se houve algum tipo de omissão de socorro que possa ter precipitado ou causados os óbitos.
“Tivemos oito mortes durantes esse período, entre o dia 1º e 8 de setembro. Vamos apurar as circunstâncias desses óbitos já que a demora no atendimento causado pela paralisação pode ter agravado o quadro clinico de algum dos pacientes. Inclusive, duas dessas oito mortes, foram registradas na UTI do Hospital Estadual Dirceu Mendes Arcoverde neste domingo (8), dia do fechamento da unidade”, disse Maria do Amparo Coêlho.
Os médicos do Heda paralisaram as atividades sobre a alegação de falta de pagamentos. Sobre a situação, o superintendente de assistência à Saúde da Secretária Estadual de Saúde (Sesapi), Pedro Leopoldino, informou que os salários dos profissionais estavam paralisados desde maio por conta de uma auditória no hospital, mas que os pagamentos já estão sendo normalizados.
“Os pagamentos não estavam sendo feitos porque o Heda estava passando por uma auditória contábil. Durante esse processo, o governador determinou que os pagamentos fossem paralisados. Com o final dos trabalhos, estamos normalizando o pagamento dos salários e os médicos já podem voltar ao trabalho. Na semana passada pagamos o mês de maio. Até o dia 13, pagaremos o mês de junho, e o mês de julho está tramitando”, explicou.
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