Eles afirmam que houve abuso policial por parte da PM em manifestações.
Nove pessoas foram detidas em protesto realizado no Sete de Setembro.
Integrantes dos movimentos se reuniram na UFPE nesta
segunda (9) (Foto: Vitor Tavares / G1)
Representantes de três movimentos populares anunciaram, nesta
segunda-feira (9), que vão entrar com denúncia em dois órgãos
internacionais contra o governo de Pernambuco. A decisão de recorrer à
Anistia Internacional e à Comissão Interamericana de Direitos Humanos
foi tomada após a ação da Polícia Militar no protesto do Sete de
Setembro, no último sábado (7), na Praça do Derby, região central do
Recife. Nove pessoas acabaram detidas e os movimentos afirma que houve
violação de direitos humanos por parte da PM.segunda (9) (Foto: Vitor Tavares / G1)
De acordo com os organizadores da Resistência Pernambucana, da Frente Independente Popular de Pernambuco e da Frente de Luta Pelo Transporte Público, para embasar a denúncia, serão reunidos documentos, vídeos feitos pela imprensa, fotos de manifestantes e depoimentos de estudantes mostrando a ação policial nas recentes manifestações no estado.
“Estamos vendo uma dura repressão aos movimentos sociais em Pernambuco e assistindo uma ofensiva do governo Eduardo Campos, como a censura, a perseguição política. Vamos fazer esses procedimentos para o estado entrar no banco dos réus dos violadores dos direitos humanos”, comentou Pedro Joseph, integrante da Frente de Luta Pelo Transporte Público.
Uma das advogadas voluntárias dos movimentos populares, Noelia Brito, também reforçou a tese de que alguns integrantes estão sendo perseguidos e intimidados. Ele citou como exemplo a prisão do estudante Cristiano Vasconcelos, que teria sido detido no sábado mesmo estando sem máscara e sem cometer nenhum delito.
“Estamos muito preocupados com o rumo que se está tomando, num estado ditatorial fingindo ser democrático. Esses jovens são prova da insatisfação, um reflexo do que acontece todos os dias. Eles estão escolhendo a dedo as pessoas que serão presas", destacou Noelia Brito. Representante do grupo Resistência Pernambucana, Cristiano disse que vai entrar com uma ação no Ministério Público contra o governo. “Fui humilhado, tratado com bandido, mesmo sem estar fazendo nada de errado, nada ilícito”.
Os estudantes também afirmam estar sendo monitorados pela polícia em suas próprias residências. Segundo a advogada Noelia Brito, a denúncia para os dois órgãos internacionais funciona como uma espécie de ação genérica e coletiva. Durante os próximos dias, todos os advogados envolvidos e os integrantes dos movimentos, que dizem ter sofrido abuso policial, irão se reunir para discutir como serão tomadas as medidas individuais, como o pedido de habeas corpus preventivo e ações na Promotoria de Direitos Humanos de Pernambuco.
Os integrantes dos movimentos prometem fazer nova manifestação, no próximo dia 18, em frente à Escola Luiz Delgado, no Centro do Recife. Além da reivindicação pela melhoria no transporte e contra atos de corrupção, eles irão protestar contra a ação policial em Pernambuco.
Governador Eduardo Campos afirmou que não vai tolerar
violência (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Outro ladoviolência (Foto: Katherine Coutinho/G1)
Nesta segunda, o governo de Pernambuco também repercutiu os confrontos ocorridos no último sábado, entre a PM e os manifestantes. A Secretaria de Defesa Social de Pernambuco anunciou que um policial militar que atuou na operação foi afastado do serviço operacional, enquanto a Corregedoria da SDS investiga a atuação.
A SDS informou ainda que equipes da Corregedoria acompanharam a atuação da polícia durante a manifestação e produziram um relatório, que será analisado pelas autoridades. A assessoria afirmou também que quem se sentiu lesado ou viu excessos na atuação da polícia durante o protesto deve procurar a Corregedoria, que fica na Avenida Conde da Boa Vista, nº 428, Centro da capital.
O governador Eduardo Campos disse ao G1 que a conduta de outros policiais durante o protesto também está sendo analisada. “Temos uma Corregedoria que funciona com profissionais de polícia de ilibada reputação, que têm tido uma atuação muito dura. Os filmes sobre tudo aquilo estão sendo vistos já hoje [segunda]. Já foram afastados do serviço de rua os policiais que estavam e que já tem filmes que identificam que usaram comportamento inadequados, como uso de palavrão em ação policial”, comentou.
Prisão no metrô
O estudante Rodrigo Dantas também destacou o abuso policial ao comentar, nesta segunda (9), sobre sua prisão, ocorrida também no último sábado, na Estação do Metrô Shopping, na Zona Sul do Recife. De acordo com ele, o grupo da Frente Independente Popular de Pernambuco havia feito um protesto pacífico, no fim do desfile de Sete de Setembro e foi abordado pelos policiais quanto estavam entrando na estação.
"Um policial me chamou e solicitou o pagamento da passagem, e nos comprometemos a fazer isso. Quando estávamos chegando à escada, houve uma emboscada. Um policial puxou a bandeira que estava na minha mão e eu a puxei de volta. Então, eles deram o bote, jogaram spray de pimenta no meu olho e me algemaram. Eu fiz o exame de corpo e delito e as câmeras gravaram tudo para comprovar", contou Rodrigo, acrescentando que vêm sofrendo monitoramento policial até nas ruas próximas de sua residência.
De acordo informações da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a confusão teria começado quando um grupo de manifestantes, de rostos pintados, tentou entrar na estação sem pagar a passagem. Na ocasião, o delegado Vladimir Lacerda, que registrou o caso, disse que o grupo de manifestantes provocou um tumulto, querendo entrar no metrô e obstruindo a circulação dos passageiros.
Inicialmente, a fiança foi estipulada em R$ 3 mil para Rodrigo Dantas, mas, uma vez constatada a situação socioeconômica de estudante, o valor foi diminuído ao máximo. Ele pagou apenas 1/3, uma quantia de R$ 1 mil, e foi liberado ainda no sábado.
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