Agência AFP
Cientistas europeus e americanos podem ter encontrado uma cura para a hidrocefalia, transtorno que atinge cerca de três milhões de crianças por ano, ao substituir as células danificadas da crosta cerebral por células-tronco em cirurgia no período fetal.
A notícia foi dada à Agência Efe pelo pesquisador argentino Esteban Rodríguez, do Instituto de Anatomia, Histologia e Patologia da Universidade Austral do Chile, que participa na ilha espanhola de Fuerteventura (nas Canárias) do 26º Congresso da Sociedade Anatômica Espanhola.
A hidrocefalia é um acúmulo de líquido cefalorraquidiano dentro do cérebro e, segundo Rodríguez, "não é só um transtorno líquido, mas de todo o cérebro, pois produz um dano cerebral que, inclusive, é anterior à hidrocefalia".
O pesquisador explicou como acontece um caso de hidrocefalia congênita fetal: "Em condições normais o líquido cefalorraquidiano está em permanente circulação, a partir dos ventrículos laterais, onde é produzido, até onde se absorve. Quando há dificuldade de circulação ou produção do líquido, ele se acumula nas cavidades ventriculares, o que causa o crescimento da cabeça".
A doença neurológica afeta quase dois em cada mil recém- nascidos. Até hoje não havia sido encontrada cura para ela, que mata metade das vítimas em aproximadamente 15 anos. A medicina até agora só consegue fazer tratamentos que diminuam o dano cerebral cirurgicamente.
Já Rodríguez, que estuda a patologia há 15 anos, acredita ter descoberto o mecanismo de desenvolvimento da doença e atribui às células-tronco a possível via para a cura.
A pesquisa de sua equipe está centrada em mostrar que fetos hidrocefálicos, tanto humanos como animais, têm uma doença das células- tronco que desencadeia duas patologias: a hidrocefalia e o transtorno neuronal.
E a alternativa que buscam é "substituir essas células-tronco por células-tronco normais para que sigam criando neurônios que formam a crosta cerebral sem causar dano neurológico". As células-tronco para fazer neurônios poderiam ser extraídas de tecidos tanto do feto como da própria mãe e seriam transplantados em cirurgia.
A equipe é composta por sete centros de investigação de vários países e trabalha há dois anos com a possibilidade dos transplantes. A pesquisa ainda está em nível experimental, mas o cientista argentino acredita que se seguirem nesta linha com sucesso os primeiros resultados podem ser alcançados em um ano e meio.
"Se as células transplantadas vão para o lugar danificado e se diferenciam em neurônios, poderíamos realizar as primeiros tentativas em humanos", acredita.
Rodríguez alertou que, além da hidrocefalia congênita, existe a adquirida, que pode acometer qualquer pessoa em qualquer etapa da vida devido, por exemplo, à aparição de um tumor, e a normotensão registrada em idosos sem que eles tenham tido tumores prévios.
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