MEDIÇÃO DE TERRA

MEDIÇÃO DE TERRA
MEDIÇÃO DE TERRAS

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Após reunião com secretário, MST mantém acampamento na Seagri

Clima era tranquilo na manhã desta quarta-feira (11), em Salvador.
Manifestantes esperam resposta sobre resolução de crime em abril.

Do G1 BA

MST (Foto: Lílian Marques/ G1)Integrantes do MST estão acampados na Seagri
(Foto: Lílian Marques/ G1)
Os integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) continuam acampados, nesta quarta-feira (11), na Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Reforma Agrária, Pesca e Aquicultura (Seagri), em Salvador. Durante a manhã, o clima era tranquilo no local.
Eles ocuparam a área externa do órgão na tarde de terça-feira (10) após deixarem a Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA), onde teve correria e confusão depois que parte do grupo do MST entrou na secretaria e tiros foram disparados pelo subcretário da SSP-BA, Ari Pereira.
Integrante da direção do MST, Ivanildo Costa, disse ao G1 nesta quarta-feira que a intenção do grupo não era entrar na SSP na terça-feira. "Nosso objetivo era apenas buscar uma resposta para o crime ocorrido com um colega em abril e que até hoje não foi resolvido. Há conflitos por causa de terras, é uma questão de segurança. Alguns companheiros entraram na secretaria e outros foram tentar tirar. Não precisa ter tiro, podia ter ferido alguém. Não esperávamos isso, foi uma decepção", afirmou. A secretaria informou que o tiro foi uma medida para evitar a invasão das pessoas, que estavam armadas com facas e foices, agindo de forma violenta.
MST (Foto: Lílian Marques/ G1)Grupo ocupa área externa da secretaria (Foto: Lílian Marques/ G1)
(Veja no vídeo a movimentação do MST nesta quarta-feira)
Na tarde de terça-feira, o grupo foi recebido pelo secretário da Segurança Pública, Maurício Barbosa, e por outros representantes do Governo do Estado. De acordo com Ivanildo Costa, ficou acertado que governo e SSP vão dar uma resposta ao grupo até o final de semana. Se isso ocorrer, o MST deve deixar o acampamento na Seagri. Do contrário, os integrantes do movimento pretendem permanecer no local.
Acampamento
Ivanildo Costa, do MST, afirma que cerca de 1.500 integrantes do movimento estão acampados em barracas montadas na área externa da Seagri. O sem-terra são de nove regiões do estado, como baixo sul, extremo sul, recôncavo, Chapada Diamantina, oeste, dentre outras.
Eles estão em barracas de lona e usam uma cozinha improvisada para cozinhar alimentos trazidos de onde vivem. Para tomar banho, eles improvisaram banheiros e usam água que vem da rua. Segundo o representante do MST, a Seagri disponibilizou banheiros químicos na área externa para serem usados pelos itegrantes do movimento.

Confusão
A Secretaria de Segurança Pública da Bahia divulgou as imagens da câmera de segurança que mostram o momento em que integrantes do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST) entram na sede do órgão, em Salvador.
A gravação foi divulgada após repercussão da fotografia que registrou o subsecretário da SSP-BA, Ari Pereira, apontando arma na direção dos manifestantes. O gestor disparou três tiros durante a ocupação, na manhã de terça-feira, afirmou o MST. Ninguém ficou ferido.
As imagens da SSP mostram os integrantes do movimento social com foices e pedaços de madeira pretendendo subir as escadas para ocupar os outros andares. Uma das pessoas tenta quebrar a câmera de segurança com uma foice. Outra imagem mostra o momento em que mais pessoas acessam o prédio, enquanto um policial, que fazia a segurança, recua. (Assista no vídeo abaixo).
O secretário Maurício Barbosa comentou a situação. "Não podemos aceitar nenhum tipo de tomada do prédio que representa e simboliza a segurança pública do nosso estado, sob qualquer pretexto. Nós tivemos que apelar para o uso de arma de fogo em detrimento a inúmeras pessoas que entraram aqui de facão e de foice na mão deliberados a tomar o prédio. Temos que salvaguardar a integridade física dos nossos servidores", defende.
A SSP, por meio da assessoria, confirmou os disparos, sem associá-los ao subsecretário. Um dos integrantes do MST, Valber Rubens Santos, afirmou que não houve uso de violência por parte do movimento.
 "Viemos de forma pacífica. Ao chegar na porta, o subsecretário de Segurança Pública da Bahia deflagrou três tiros contra os manifestantes. Não houve invasão. Nós chegamos até a porta do prédio", alegou, em entrevista à TV Bahia.
Reivindicações
O MST pede agilidade na emissão de posses de terras e cobra punição aos responsáveis pelo assassinato de Fábio dos Santos Silva, ocorrido no município de Iguaí, região sudoeste da Bahia. O dirigente foi morto a tiros em abril deste ano. A SSP-BA informou que entrou em contato com a Polícia Civil para saber como está o andamento do inquérito da morte. Em nota, a secretaria afirma que as "investigações, coordenadas por uma equipe especial integrada pela SSP e Ministério Público Estadual, estão em andamento".
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MST ocupa prédio da SSP-BA, Bahia (Foto: Jorge Cordeiro/ SSP-BA)Secretaria divulgou foto dos manifestantes dentro do prédio da SSP (Foto: Jorge Cordeiro/ SSP-BA)
Acampamento
Na segunda-feira (9), integrantes do movimento ocuparam a área externa da sede do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), também no CAB. De acordo com Luis Carlos Ferreira, da direção estadual do MST, o protesto é para pedir uma política de reforma agrária no Brasil e na Bahia. Ferreira afirma que atualmente a situação no campo, no estado, é conflituosa, o que tem gerado até mortes em algumas regiões.
MST ocupa sede do Incra na Bahia (Foto: Gabriel Gonçalves/ G1)MST ocupa sede do Incra na Bahia
(Foto: Gabriel Gonçalves/ G1)
"O governo não consegue ter uma política de reforma agrária tanto no Brasil, como no estado da Bahia, e a situação no campo é conflituosa. Ultimamente, nós perdemos um companheiro que foi vítima da luta pela terra, na cidade de Iguaí. Ele foi morto por pistoleiros, e agora, recentemente, em Antas, na Bahia, um grupo de pistoleiros ocupou, de forma violenta, uma fazenda. Nós estamos aqui nesse sentido, porque nós estamos querendo resposta", disse.
Segundo Luis Carlos Ferreira, integrantes do MST esperam receber a posse de mais 20 áreas que estariam ajuizadas. "Estão prontas para serem emitidas as posses e a Justiça Federal não consegue também emitir a posse dessas áreas. O pessoal está aqui nada mais reivindicando aquilo que é um direito seu e a gente vê que está parado. Nós estamos vivendo uma situação de comodismo, o campo está parado, as políticas públicas não chegam até os agricultores para fomentar a sua produção. É uma situação que não tem outro meio a não ser os trabalhadores deixarem sua roça, deixar sua família, e vir reivindicar aqui do governo federal e do governo estadual agilidade no processo de reforma agrária", afirmou o integrante do MST.

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