Sociedade pode opinar sobre proposta de incorporação ao calendário vacinal do SUS; entidade defende ampliação para todos os prematuros
São Paulo, junho de 2025 – A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec) abriu a consulta pública número 45 para ouvir a sociedade sobre a proposta de incorporação da vacina hexavalente acelular ao calendário vacinal do SUS. A proposta visa incorporar a vacina para crianças atendidas pelos CRIE (Centros de Referência em Imunobiológicos Especiais), que incluem as nascidas com até 33 semanas de gestação e/ou com peso inferior a 1,5 kg, e outras com comorbidades.
A população poderá contribuir com opiniões, experiências e evidências até o dia 30 de junho por meio do site oficial da Conitec: https://www.gov.br/participamaisbrasil/consulta-publica-conitec-sectics-n-45-2025-vacina-adsorvida-hexavalente-acelular
A medida em discussão na consulta pública busca formalizar o que já é praticado nos CRIEs, mas sob critérios mais claros e respaldados por diretrizes clínicas e terapêuticas aprovadas pela Conitec. Prematuros devem ser vacinados de acordo com sua idade cronológica, porém profissionais de saúde tendem a postergar a vacinação com medo de eventos adversos com uma taxa de atraso de 30% a 70%.1 Com critérios clínicos estabelecidos, esse atraso pode ser diminuído e proteger ainda mais os bebês prematuros, uma vez que eles estão entre os grupos mais vulneráveis às complicações da coqueluche com o dobro de risco de infecção e hospitalização em comparação com recém-nascidos a termo, por exemplo.2,3,4
A consulta pública não representa apenas um passo importante para assegurar a proteção de um grupo especialmente vulnerável, mas também visa melhorar e facilitar o acesso por meio dos critérios assegurados pelo Ministério da Saúde.
Denise Suguitani
Ativista da causa da prematuridade e diretora da ONG Prematuridade.com
“O cenário que temos hoje é desafiador. A consulta pública é um passo importante, pois legitima a participação social em uma decisão que tem potencial de impactar nas taxas de cobertura vacinal infantil do país. A vacina hexavalente é segura, eficaz, de tecnologia brasileira e diminui o número de picadas e de reações adversas nos bebês, contribuindo para maior adesão das famílias ao esquema vacinal do prematuro. Infelizmente, bebês muito vulneráveis, como os prematuros que nascem com mais de 33 semanas, hoje não têm direito a vacina hexavalente pelo SUS. Queremos garantir que todos os prematuros, independentemente da idade gestacional ou do peso ao nascer, tenham acesso a essa tecnologia. Esse é o caminho para avançarmos em direção à equidade na imunização dos bebês prematuros.”
Sobre a vacina hexavalente acelular
A vacina hexavalente acelular é uma vacina combinada que protege contra seis doenças com apenas uma aplicação: difteria, tétano, coqueluche, hepatite B, poliomielite e Haemophilus influenzae tipo b.5 Esse tipo de vacinação é fundamental para aumentar a cobertura vacinal, pois simplifica o calendário e contribui para maiores taxas de imunização.6 Para bebês prematuros, a vacina hexavalente é especialmente importante, pois reduz significativamente a ocorrência de eventos adversos e é mais bem tolerada do que as vacinas em células inteira.5,7 Combinado com redução no número de picadas, o bebê sente menos desconforto, o que gera mais comodidade para uma família que já enfrenta uma série de cuidados intensos.8
Sobre a Consulta Pública da Conitec
A consulta pública é uma etapa obrigatória e democrática nos processos de avaliação de novas tecnologias em saúde no SUS. Por meio dela, qualquer cidadão, profissional de saúde, gestor, pesquisador, paciente ou familiar pode contribuir com opiniões, experiências e evidências sobre a proposta em análise. Após o encerramento da consulta, a Conitec analisa as contribuições recebidas e emite sua recomendação final, que servirá de base para a decisão do Ministério da Saúde.
Sobre a ONG Prematuridade.com
Desde 2014, a Associação Brasileira de Pais, Familiares, Amigos e Cuidadores de Bebês Prematuros (ONG Prematuridade.com) é a única organização sem fins lucrativos dedicada, em âmbito nacional, a ações políticas e sociais de prevenção do parto prematuro e de garantia dos direitos dos bebês prematuros e de suas famílias.
A ONG nasceu da experiência de pais e profissionais de saúde com a prematuridade e suas consequências e, hoje, é referência para ações da sociedade civil organizada voltadas à prematuridade em todo território brasileiro, além de representar o país em redes e alianças globais que visam o cuidado à saúde materna e neonatal. Lutamos para garantir equidade no acesso à Saúde e justiça social para todos os bebês prematuros e suas famílias.
Referências
- PAHO/OMS-UNICEF. Atualizado em 19 de maio de 2022. http://ais.paho.org/imm/IM_JRF_COVERAGE.asp
- Pertussis vaccines: WHO position paper - September 2015.
- Wkly Epidemiol Rec. 2015;90(35):433-458
- Casas G et al. ESPID 2022 Apresentação oral. Resumo n.o 1823.
- Bula de HEXAXIM®(vacina adsorvida difteria, tétano, pertussis (acelular), Haemophilus influenzae b(conjugada), hepatite B (recombinante) e poliomielite 1, 2 e 3 (inativada) Sanofi Medley Farmacêutica Ltda. Suspensão Injetável. Disponível em: https://sm.far.br/pdfshow/bula_183260395_1187414239.pdf
- Ministério da Saúde e Secretaria de Vigilância em Saúde. Informe Técnico Janeiro 2021.Disponível em: https://sbim.org.br/images/files/notas-tecnicas/informe-incorporacao-penta-hexa-acelulares-210104.pdf
- Safety and immunogenicity of an investigational fully liquid hexavalent DTaP-IPV-Hep B-PRP-T vaccine at two, four and six months of age compared with licensed vaccines in Latin America. Macias et al. The Pediatric Infectious Disease Journal (PIDJ), 2012;31(8), Disponível em: https://europepmc.org/article/med/22531237
- Sociedade Brasileira de Pediatria - Vacinação em pretermos. Disponível em: https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/20947d-GPA_-_Vacinacao_em_pretermos-ok.pdf
Rua Fradique Coutinho, 50 13º andar São Paulo
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