Refiro-me ao que acontece na Educação brasileira, em geral, e nas universidades federais de modo ainda mais acentuado, com professores, autores, materiais didáticos e, até mesmo em relação a alunos que não sejam de esquerda. Percival Puggina:
Que
fique claro. Sou contra discriminações e opressões. Não me serve o
chapéu do branco machista e preconceituoso. Percebo, porém, que, como
quase tudo no Brasil, diferenças e desigualdades vêm sendo politizadas e
frequentemente denuncio o quanto isso não contribui para a harmonia
social. O discurso usual das diferenças e desigualdades, aliás, age
contra o objetivo supostamente integrador, seja criando-as onde não
existem, seja acentuando antagonismos existentes.
Isso
não surpreende. As revoluções são feitas assim e os revolucionários
sabem como o estopim opera. Para quem quer revolução, reengenharia
social, nova ordem mundial, a humanidade inteira sob um único querer e o
big brother controlando tudo, o caminho de menor risco e brutalidade é
esse. É uma politização demente. Mesmo assim, dela provém a acusação de
serem contra as minorias todos aqueles que se opõem à manipulação
partidária dessas pautas.
Trata-se
de uma simples relação de causa e efeito que resulta evidente na mera
observação de um número infinito de comprovações. Os militantes de quem
falo aqui não saem a público para defesa incondicional das minorias que
adotam. Quando o fazem, estão a tratar de seus militantes na causa, ou
da utilidade de algum acontecimento à causa. Quem pertence à minoria,
mas não é, simultaneamente, militante político e não serve ao projeto de
poder, é discriminado e tratado como traidor. Minoritário dentro da
minoria! Penso que isso mostra como a causa é política e sua
benemerência passa longe de uma virtude real. O interesse pelo poder
supera o interesse pela causa.
É
pensando nisso que ressalto sua contradição com uma realidade que
frequentemente denuncio. Refiro-me à discriminação de um grupo inteiro,
comprovadamente discriminado, oprimido, excluído! Refiro-me ao que
acontece na Educação brasileira, em geral, e nas universidades federais
de modo ainda mais acentuado, com professores, autores, materiais
didáticos e, até mesmo em relação a alunos que não sejam de esquerda.
Não
pertencer à fraternidade dos adoradores dos mártires do mensalão e do
petrolão, tão injustamente apanhados na rede da Lava Jato, é
inaceitável. Não integrar os quadros dos devotos de San Maduro, San
Fidel e San Guevara de la Higuera, transforma qualquer um em objeto de
execração. Não ser consagrado à Ordem dos Barbudinhos de Paulo Freire
fecha muitas portas.
Na
educação brasileira, ideias divergentes são discriminadas. Vistas em
certos casos concretos podem, mesmo, ser indigitadas como fobias que
criam ambiente de perigo para quem as pretenda expor. Sobram exemplos e
faltam soluções.
Escreveu-me
outro dia um professor de História. É filiado a um partido de esquerda
e, eventualmente, diverge de minhas posições num modo cordial. Disse-me
que, atuando no magistério, em seu círculo de relações, é raro encontrar
algum professor que reconheça viver o povo cubano sob uma ditadura.
***
Um
ambiente tão pouco plural é insalubre, asfixiante à formação da
consciência social, política e econômica dos estudantes brasileiros. Seu
discernimento é contido como se estudantes cubanos fossem. A Educação
de nosso país precisa superar esta fase de hegemonia, esse tempo trevoso
em que mergulhou levada pela mão maliciosa de tantos militantes,
ativistas, ideólogos que detêm o privilégio da cátedra, da bibliografia e
da caneta que dá nota.
Claro,
não vou pedir quotas para professores que não sejam de esquerda, mas
que a situação está a sugerir esse tipo de galhofa, lá isso está.
BLOG ORLANDO TAMBOSI
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