José Carlos Werneck
O general Carlos Alberto Santos Cruz defende um governo de “união nacional” e, em uma carta com 14 pontos, expôe, suas ideias para as eleições de 2022. A divulgação da carta acontece um dia depois de o nome ter sido cogitado por alguns integrantes do Partido dos Trabalhadores para ser candidato a vice-presidente numa chapa encabeçada por Lula.
Santos Cruz descartou totalmente essa possibilidade, além de criticar duramente o presidente Jair Bolsonaro. “Tenho sido claro em dizer que o Brasil não merece ter que optar entre dois extremos já conhecidos, viciados e desgastados. Ambos os extremos do nosso espectro político são exatamente iguais na prática e não servem para o Brasil.”
UNIÃO DO CENTRO – No documento, ele diz ser a favor “de um governo que promova a paz e a união nacional, que governe para todos e não apenas para os seus seguidores mais próximos” e faz uma defesa da união das forças de centro para participar do cenário eleitoral de 2022, que está polarizado entre as candidaturas de Jair Bolsonaro e Lula.
O general, que se considera um “cidadão de direita, mesmo considerando as as classificações ‘direita e esquerda’ limitadas e antiquadas”, afirma que o diálogo é essencial. “Repudio o extremismo ideológico, a corrupção, o fanatismo político, o populismo e a demagogia”.
De acordo com ele, a “sociedade não pode viver em estado permanente de campanha política, dividida em amigos e inimigos, intoxicada e manipulada por extremistas”. “As instituições precisam ser independentes e o aparelhamento das mesmas é inaceitável. O Brasil precisa voltar ao equilíbrio, à normalidade” afirmou.
CONTRA O PT – Santos Cruz, assim como os também generais Sergio Etchegoyen e Eduardo Villas Bôas, apoiou a candidatura de Bolsonaro, em 2018, na disputa contra o candidato petista, Fernando Haddad, a quem chamou de “fascista” em vídeo divulgado pouco antes da eleição. Ele, que era secretário nacional de Segurança Pública de Michel Temer, se tornaria ministro-chefe da secretaria de Governo de Bolsonaro até ser demitido, em 2019, após ser criticado duramente pelos integrantes do chamado gabinete do ódio.
Ele assumiu pouco a pouco uma postura crítica em relação ao Governo e, principalmente, de defesa da Operação Lava Jato, recebendo elogios públicos do ex-governador gaúcho Tarso Genro do PT.
Agora, Santos Cruz faz um alerta para o que denominou de “perigo do fanatismo político que gera violência” e faz severas críticas às “tentativas absurdas de arrastar o Exército, onde servi por cerca de 47 anos, para o dia-a-dia da política partidária e utilizá-lo como instrumento na disputa de poder”.
CRÍTICAS A BOLSONARO – O general discorreu sobre as razões de suas críticas ao atual governo, afirmando que elas se devem à “influência de fanáticos extremistas, falta de comportamento adequado, afastamento das promessas que o levaram ao poder, postura populista, foco em reeleição, irresponsabilidade e polarização política”.
Igualmente criticou a condução da crise sanitária por Bolsonaro, dizendo ser “inaceitável que a pandemia tenha sido conduzida sem liderança, com falta de considerações técnicas, com constantes tentativas de desmoralização dos procedimentos apropriados, politização completa de todo o processo
e até de medicamentos, e a consequente falta de vacinas, necessárias para salvar vidas e possibilitar o retorno das atividades econômicas”. Para ele, “houve perda de tempo com banalidades e estamos absurdamente atrasados”.
OPERAÇÃO LAVA JATO – Ao reafirmar o que o afastaria do PT, o general disse considerar “a Operação Lava Jato um marco na nossa história e na esperança de combate à corrupção” e que a operação e outras iniciativas semelhantes precisam continuar, “incluindo o aperfeiçoamento dos mecanismos de transparência e controle de contas públicas”.
Santos Cruz defendeu ainda a liberdade de imprensa, o combate aos privilégios, o fim do foro privilegiado e uma política externa “responsável e multilateral, colocando o Brasil na liderança mundial das questões de preservação da Amazônia e do meio-ambiente”.
SALVADOR DA PÁTRIA??? – Ele ressaltou não acreditar em salvador da pátria e nem que exista necessidade de tal salvamento: “Acredito no trabalho e na capacidade dos cidadãos”. Como eleitor, afirmou esperar que as “forças políticas e produtivas (empresários e cidadãos), construam alternativas que levem a um governo que Traga de volta a paz, o respeito, a união, a recuperação da economia, reduza a nossa imoral desigualdade social e auxilie os mais vulneráveis”.
E concluiu: “Essas são as razões pelas quais não existe nenhuma possibilidade da minha participação nos dois extremos que considero nocivos ao Brasil”.
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